(Publicado originalmente em Ter, 19 de Maio de 2009 09:09)
Nós, brasileiros, fomos sempre levados a dar as costas à América hispânica, por mais que a geografia nos circunda e nos envolva. Algo mais forte e ladino nos leva a admirar e apreciar culturas longínquas que nada têm a ver conosco. Por isso, mal sabemos que, no último domingo, 17/05/09, morreu em Montevidéu, o poeta, escritor e militante da integração latinoamericana Mário Benedetti.
Seus versos e prosa, com uma leveza e uma simplicidade que o fazem o escritor mais lido pelos jovens e crianças deste subcontinente, à infeliz exceção do Brasil, rimbombaram desde a Espanha até a Patagônia. São textos que falam de afeto e de ternura mas também da dura realidade que enfrentam esses povos desamparados. Por isso mesmo, ele foi um perseguido pelas ditaduras e o neoliberalismo, sendo obrigado a deixar seu Uruguai por doze anos, na época dos anos de chumbo. Viveu o exílio entre a Argentina, Peru, e Espanha, com algumas escapadas a Cuba.
Eduardo Galeano, o autor de Las Venas Abiertas de América Latina, clássico recém-redescoberto, na última cúpula da Américas em Trinidad Tobago, ao ser presenteado ao presidente negro Barak Obama, reagiu com singeleza à perda do amigo e conterrâneo: “Benedetti, em italiano, significa benditos. Benditos sejam as mulheres e os homens honestos e generosos como ele”.
O presidente Hugo Chávez, da Venezuela, afirmou: “Os homens não transcendem mais que por suas obras e pelo bem que deixam à sua terra. Benedetti viveu sempre vigilante de seu entorno e profundamente comprometido com a realidade de todos os povos da América Latina”.
E continua Chávez: “Ahora más que nunca, Maestro, nuestra misión es y será Defender la Alegría: defenderla del pasmo y las pesadillas / de los neutrales y de los neutrones / de las dulces infamias / y los graves diagnósticos.
¡Ni un solo minuto de silencio por Benedetti! ¡Todos los millones de aplausos y cantos en honor a su ejemplo y obra!”
