– Foi uma explosão do Chávezcandanga (seu nick no Twitter, que tem origem indígena e significa rebelde), disse o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao falar de seu sucesso no microblog. Seu maior adversário no Twitter, é a TV Globovisón, a qual, em dois anos, conseguiu 216 mil adeptos. Ele fez o comentário durante uma viagem de campanha à sua terra natal, Barinas, tendo ao lado o presidente da Bolívia, Evo Morales.
Comentário – Ao contrário da imagem de bronco e obtuso que lhe tenta pespegar a mídia, o “tenente-coronel golpista” (não é assim como se referem os jornalões ao presidente da Venezuela?), Hugo Chávez, é um homem antenado com o mundo. Ele sabe que, nesta aldeia global, ninguém consegue governar – nem sobreviver – sem a comunicação. Ainda que um teórico voltado para a estratégia e a história, tendo como guia e paradigma o herói-libertador latino-americana Simão Bolivar, Chávez, antes de entrar à meia noite no Twitter, já tinha todo um histórico de comunicador.
Seu programa “Alô Presidente”, que transmite todo domingo, na Venezolana Televisión, é campeão de audiência, desde que foi pela primeira vez ao ar, apesar da prolixidade incorrigível que o leva a, interminavelmente (às vezes passa de sete horas ininterruptas) falar, cantar, dançar, distribuir beijos e poesia, e, mais que tudo anunciar medidas benéficas para a população. É aqui que reside a diferença entre o comunicador moderno, no bom sentido – não no daquele da falsa modernidade mercadista. Neste programa, ele anuncia, por exemplo, o fim do analfabetismo, a universalização da assistência médica às populações mais pobres, que nunca tinham visto um médico no mundo, a escolarização mais abrangente de toda a América e a internet grátis e suas superequipadas lan-houses distribuídas por todo o país.
Hugo Chávez, que está hoje no Brasil para assinar acordos bilaterais com o presidente Lula, inaugurou seu Twitter (http://twitter.com/chavezcandanga) , conforme anunciou no “Alô Presidente” do último domingo, na camisa de força daqueles 140 caracteres do microblog, com os dizeres: “Opa, tudo bem? Apareci como disse: à meia-noite. Vou para o Brasil. E muito feliz por trabalhar pela Venezuela. Venceremos!!”. É verdade que ele implicava com o Twitter, por julgar ser um nicho mais apropriado para os ricaços, mas entendeu, que também poderia levar para lar o que chama de artilharia do pensamento ou guerrilha comunicacional. Tanto é assim que, antes de ingressar oficialmente no Twitter, ele já tinha 23 mil seguidores, número que pretende aumentar para cinco ou sete milhões, como reza a propaganda oficial venezuelana.
Chávez também inaugurou, há cinco anos, e faz funcionar a pleno vapor e sucesso, a rede de televisão Telesur, com o propósito de enfrentar a CNN, Fox News e BBC e Televisa, o domínio sobre a informação na América Latina. Ele ainnda se preocupa em gravar cada ato ou pronunciamento de seu governo e de seus ministros para veiculá-los pelas televisões estatais e postá-losno Youtube e outros sites de vídeo, que fazem a festa dos internautas.