O acordo obtido por Lula com o Irã e a Turquia já produziu, por si só, um alívio na tensão internacional, causada pelo programa nuclear islâmico, como se pode observar pela reação de Israel e das próprias grandes potências. Foi um grande tento, com o qual o Brasil recebeu seu batismo de fogo como nação protagonista na formulação da arquitetura internacional.
Como o mérito caberá exclusivamente ao descortino do presidente do Brasil em final de mandato, ajudado por sua atilada equipe diplomática, à frente o ministro Celso Amorim e o assessor Marco Aurélio Garcia, Luís Ignacio Lula da Silva poderá ter-se credenciado como o Chanceler de Dilma Rousseff, se a candidata governista vencer a eleição de 2010.
Com efeito, os setores oficiais já vinham se preocupando em dar um papel relevante ao futuro ex-presidente, sobretudo para que ele possa melhor avalizar a política da candidata, antes não provada na porfia eleitoral, que escolheu, com base no que considera a competência e idoneidade administrativa da ex-ministra da Casa Civil.
Relegar Lula a um mero papel de conselheiro informal, seria, para esses setores, um grande desperdício, dada a experiência e o grande discernimento demonstrado por Lula. Seu nome já tinnha sido ventilado como forte candidato a secretário-geral da nova Organização dos Países Latinoamericanos e Caribenhos, fundada recentemente. Não obstante, por mais relevante que seja o galardão, como demonstrou ser a designação do ex-presidente Néstor Kirchner para a secretaria-geral da Unasur, União das Nações Sul Americanas, defende-se uma presença mais efetiva de Lula no Brasil. num posto de destaque, e este poderia ser o de chanceler. Cargo mais afastado da cozinha e das paixões político-partidárias, a chefia do Itamaraty, ainda que de alta influência estratégica e geopolítica, poderia ser a posição ideal para um ex-presidente que soube projetar o Brasil como ator e não mero agente no cenário internacional.