O presidente Barak Obama tem preferido o Twitter para anunciar uma visita ao Afeganistão. O presidente Hugo Chávez se serve do Twitter e de seu blog para fazer suas comunicações mais urgentes. Nesta semana, outros dois fatos importantes ilustraram a importância que a internet está tendo sobre a TV, o rádio e os jornais: a revelação feita pelo site Wikleaks.org dos 90 mil documentos indicando uma derrota inescapável dos Estads Unidos e da Europa no Afeganistão e Iraque, e a decisão do chefe das FARC, Alfonso Cano, anunciar pelo site de vídeos Youtube, sua proposta de paz para a Colômbia.
No caso do Wikileaks, pode-se dizer que houve até uma esnobação, já que o editor Julian Assange convocou três grandes expoentes da mídia impressa mundial – New York Times, Guardian e Der Spiegel – para destrinchar e propagar seu precioso conteúdo, preservado na integralidade dentro de seu site. Tais fatos ilustram uma tendência cada vez maior em termos da democratização da informação e da desconfiança do público, em geral, diante da política de mão única das grandes empresas de mídia, lideradas pelo magnata Rupert Murdoch, no plano internacional, e das famílias que controlam a Globo, a Folha e o Estadão, no Brasil.
Na internet, ainda que o cidadão tenha o trabalho de pinçar a versão mais aproximada da verdade, em meio a uma avalanche de dados, alguns dos quais preconceituosos e parciais, ele tem a liberdade de confrontar os fatos. Por outro lado, o material propiciado na rede mundial é em grande parte constituído de fontes primárias, ou seja, que não passa por intermediários e nem por edições ou resumos comprometedores. No caso dos documentos do Wikileaks, ali estão relatórios, ligações telefônicas, vídeos, cuja autenticidade nem o indescritível poder manipulativo do Pentágono conseguiu contestar.
Já o chefe das FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), Alfonso Cano, ao divulgar, na íntegra, sua proclamação pelo Youtube, sua proposta de paz negociada para a guerra em seu país, quis assegurar-se de que não houvesse qualquer manipulação por parte da mídia tradicional. Esta, orientada pelos Estados Unidos, os rotula invariavelmente de terroristas e narcotraficantes, quando nem a ONU nem o governo brasileiro lhes tirou da condição de forças insurgentes.
Igual cuidado alertaria o cidadão brasileiro ao dar o seu voto na eleição presidencial do próximo dia 3 de outubro: poderá ele confiar na grande mídia, que faz aberta campanha contra os candidatos do governo, ou na internet, onde os dados, sobretudo os vídeos e documentos autênticos estão à disposição para fazer um cotejo das propostas para melhor embasar a sua escolha. Com efeito, a maioria população não conta com este instrumento valioso e só recebe a informação, de maneira unilateral, pelas grandes cadeias de rádio, TV e jornais, as quais, por serem privadas, defendem em primeiro lugar seus negócios e não o interesse público, como inclusive estabelece a lei, já que eles são meros concessionários da União.
Não obstante, os acessos à internet têm crescido de forma substancial e irreversível nos últimos tempos, a ponto de já ter diminuído a audiência das telenovelas, programas de diversão mas que também se prestam como insidiosos instrumentos de formação política a serviço dos intereses das grandes empresas.
Como revela pesquisa do Ibope, divulgada pelo site da Veja, a média diária de televisores ligados, que chegou a mais de 60%, no Rio de Janeiro, durante a década de 1980, caiu para 36% em 2008. O site da revista ainda assinala que “quase 20% dos aparelhos de televisão foram desligados entre 2005 e 2008”, ainda que admita ser alta a audiência em termos nacionais, 42%: “A média diária de televisores ligados” explica Veja – “caiu de 44% para 36%. A média nacional ainda é alta, em torno de 42%, mas também tem dado sinais de ceder. Entre 1982 e 1991, cerca 65% de domicílios mantinham os aparelhos de TV ligados, segundo estudo do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), realizado entre 1970 e 1997 e divulgado em 2005”.
Internet se afirma como veículo mais confiável que a mídia tradicional
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