A saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, começa a ser objeto de especulações. Os opositores já alardeiam que seu estado é grave. Ainda não houve festas em Miami, como ocorreu, em 1976, com a “morte” de Fidel Castro, depois que este sofreu delicada cirurgia no estômago, o que o obrigou a afastar-se do governo de Cuba. Mas o frisson é patente no âmbito dos altos negócios, particularmente os norte-americanos, afetados pela política de inclusão social e de autonomia da PDVSA, a rica estatal do petróleo. Tal política viria provocando uma sangria de alguns bilhões de dólares anuais àqueles oligopólios, que antes recebiam polpudas benesses da burra petroleira venezuelana.
Por sua vez, Chávez, de 56 anos, fala de seu leito, em Havana, e diz que está em “absoluto domínio de suas faculdades”. Sua base de apoio no parlamento já providenciou uma licença para que ele permaneça em Cuba, por prazo indeterminado. O fato é que o presidente parece sentir-se seguro, não só pelos cuidados médicos, considerados dos mais eficientes do mundo, como prova a “ressurreição” de Fidel, hoje com quase 85 anos, decorridos quase cinco anos de sua hospitalização. Mas também pela lealdade e a competência dos serviços de inteligência da ilha, igualmente bem reputados em todo o mundo.
Assim, Hugo Chávez, quaisquer que sejam as implicações de sua doença, não correria o risco de Yasser Arafat, o presidente da Autoridade Palestina, que morreu num hospital militar de Paris, em 2004, em condições, no mínimo suspeitas. Arafat, que estava confinado havia três anos, na Cisjordânia, pelo estado de Israel, que ainda domina a terra palestina, sentiu-se mal, tendo pouco depois sido levado às pressas para Paris, prometendo voltar ainda mais vivo. Mas mal se passaram 13 dias e Arafat, foi considerado morto, depois de passar oito dias em coma.
Depois do anúncio da morte, as autoridades do centro médico do Hospital Militar de Percy se ampararam no sigilo médico para não revelar informações sobre a origem da doença e a causa do falecimento. “O sigilo médico faz parte da lei francesa e nós o respeitaremos. Não daremos qualquer informação médica”, afirmou então o responsável pelos serviços médicos do exército francês, o general Christian Estripeau.
O médico do líder palestino, misteriosamente afastado da função, que exercia, havia 16 anos, doutor Ashraf al-Kurdi, Arafat foi assassinado pelo serviço secreto israelense, com a cumplicidade da ex-mulher, Hua Daoud Tawil Arafat, de 42 anos, então uma residente de Paris. Os dois estavam separados fazia nove anos. Segundo Al-Kurdi, Arafat foi inoculado com um virus HIV nas veias. Em setembro de 2005, al-Kurdi contou ao site israelense Haaretz que “qualquer médico diria que (os sintomas de Arafat) eram de envenenamento”.
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