sábado, setembro 21, 2024
InícioPolítica InternacionalVice-ministro do Irã pede mais reunião com o Brasil

Vice-ministro do Irã pede mais reunião com o Brasil

O vice-ministro do Irã para a Europa e as Américas, Ali Ahani, em viagem pelo Brasil, Uruguai e Paraguai, defendeu hoje a intensificação dos encontros dos países emergentes, nos diferentes níveis, como forma de selar sua unidade e dar uma resposta consequente aos ataques especulativos contra a sua economia, sobretudo agora, com a recidiva da crise econômica mundial.
Citou a propósito o exemplo do Irã, que, juntamente com a Turquia, o Paquistão e outros sete países da região formaram o ECO, um grupo econômico de consultas permanentes que vem firmando estratégias de defesa de sua economia, inclusive com a dispensa do dólar nas transações. Nesse aspecto, ele considerou positiva a próxima reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), marcada para o dia 25 deste, em Buenos Aires, por sugestão do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.
Ali Ahani, que falou a um grupo de jornalistas blogueiros independentes de Brasília, na sede da embaixada, em Brasília, tendo ao lado o embaixador Mohsen Shaterzadeh, enfatizou a necessidade de esses países – “o Brasil e o Irã, principalmente, que tem posições comuns na medida que representam as economias mais fortes de suas regiões” – de multiplicar seus mecanismos de consulta, através de fóruns, não só bilaterais, como multilaterais, abrangendo os diversos níveis de chefes de estado, ministros e técnicos.
Ele próprio, Ali Ahani, como explicou, faz parte de uma comissão mista Brasil-Irã, que se reúne há 10 anos (é a segunda vez que ele vem ao Brasil) e intensificada a partir do governo Lula, quando foi produzid, em 2010,  a Declaração de Teerã, assinada pelos presidentes do Irã, Turquia e Brasil. Apresentado à ONU, uma solução alternativa para a crise nuclear iraniana, o plano, segundo ele, apesar de boicotado pelas grandes potências e seu aparato midiático, representou um importante marco na diplomacia. É que provou que os países emergentes também são capazes de oferecer e implementar decisões de alto nível internacional.
Ex-embaixador na França e Itália, o vice-ministro ainda pediu atenção dos países emergentes, o Brasil, inclusive, para o fato de que a crise não é apenas financeira eeconômica, mas sobretudo política, na media que ela tem reflexos na subjugação de povos até há pouco livres e emancipados. Citou o exemplo da Líbia, um dos maiores produtores de petróleo, que sofre pesados bombardeios diuturnos dos aviões da OTAN, desmantelando sua infraestrutura e matando milhares de inocentes. “Depois, eles querem vir com suas empresas construtoras para reconstruir o que destruíram, submetendo ainda mais o país às suas vontades”.
Ali Ahani participou de reuniões no Itamaraty, com o assessor especial Marco Aurélio Garcia e o presidente da Comissão de Relações Exteriores e ex-presidente da República, Fernando Collor. Ele segue hoje para Montevidéu e de lá para Assunção.

Ahani propõe mais colaboração com o Brasil para enfrentar a crise mundial

Por Beto Almeida (*)

Em visita ao Brasil, o Vice-Ministro para Europa e América Latina do Irã, Ali Ahani, afirmou que há várias semelhanças entre os dois países que há uma grande potencialidade para que  colaborem mais amplamente visando o enfrentamento da crise mundial. “Brasil e Irã, juntamente com outros países emergentes, podem tomar iniciativas concretas para evitar que os efeitos desastrosos da crise dos EUA e sobretudo do dólar, desabem sobre os demais povos”, conclamou.

Exemplificando as condições políticas para tal colaboração, Ahani comentou o fato da mais recente reunião da Unasul ter se posicionado por uma saída conjunta para fazer frente á crise capitalista, destacando, especialmente,  que tal proposta teve a iniciativa do presidente da Colômbia, cujo governo, é caracterizado por ter posições muito próximas às dos EUA. “Isso demonstra que a realidade vai se impondo objetivamente,  o que revela que podem ser encontradas , conjuntamente, saídas efetivas, não apenas com a Unasul, mas com outros grupos de países, de outras regiões, para a busca de soluções”, declarou

O vice-ministro, que está na Capital Federal  para participar da Oitava Sessão do Grupo de Consultas Brasil-Irã, disse que  a crise econômica dos EUA e dos países europeus  não é passageira e que ela não pode ser superada tão facilmente. ”A ordem econômica mundial ainda é muito dependente dos EUA e do dólar, fazendo com que uma crise desta natureza afete toda a economia mundial”, analisou, proclamando a necessidade de “uma ruptura da economia do mundo com a economia dos EUA”. Para ele , a articulação de países como Brasil, Irã, Venezuela e outros do grupo emergente pode encontrar medidas que reduzam a dependência em relação aos EUA.

A experiência iraniana

Ali Ahani demonstrou grande preocupação com os bombardeios que estão sendo realizados contra a Líbia, destruindo a infra-estrutura e a economia daquele país do norte da África. “É muito grave, pois a Resolução da ONU foi totalmente mal interpretada pelos países da OTAN. Querem não apenas dividir a Líbia, mas também se instalar lá, destruindo estruturas para que depois sejam reconstruídas por empresas multinacionais que são sediadas exatamente nos países membros da OTAN”, denunciou.

Para ele a experiência iraniana prova que os problemas regionais não podem ser resolvidos com intervenções externas. “Soldados europeus ou norte-americanos, depois de 8 anos, não trouxeram nenhuma estabilidade para Iraque ou Afeganistão, não resolveram o problema do terrorismo. É só verificar: depois de tanto tempo de intervenção, houve melhoras? Claro que não!”, declarou. O dirigente da nação persa também lembrou que  até mesmo a questão do narcotráfico se agravou com a presença militar norte-americana no Afeganistão. “Os órgãos de segurança iranianos acabam de apreender 8 mil toneladas de drogas vindas do Afeganistão. A situação está bem pior lá depois da intervenção dos EUA”. criticou.

Eliminando o dólar

Anunciando que a América Latina é uma grande prioridade para a política externa do Irã, Ahani insistiu na necessidade da realização de consultas permanentes entre os países porque, segundo sublinhou, trata-se de uma crise muito complexa. “Medidas técnicas alternativas necessitam de fóruns mais permanentes entre os países que querem trilhar um caminho alternativo”, disse

Ele informou que o seu país praticamente eliminou dólar de várias operações e transações comerciais. “Utilizamos outras moedas que não o dólar e isso permitiu que o Irã não fosse  tão afetado pelas crises mundiais”  declarou  –  lembrando que em operações com 10 países da região da Ásia, entre eles a Turquia e o Paquistão , o dólar foi descartado e as operações comerciais e financeiras são feitas com as moedas locais.

O vice-ministro do Irã, que depois do Brasil visitará também o Uruguai e o Paraguai, disse que o seu governo está muito contente com o novo quadro político latinoamericano alcançado pelo voto popular..” Admiramos como muitos países da região atuam com inteligência, o que reforça nossa decisão de considerar a América Latina uma prioridade”, destacou.

Mídia

Finalizando, Ahani expressou sua satisfação por dialogar com blogueiros independentes brasileiros   –  diálogo que foi gravado pela TV Cidade Livre de Brasília  –  afirmando que há uma monstruosa manipulação midiática para desinformar acerca da realidade do seu país, responsabilizando EUA e  Israel por tal manipulação. “ Vejam a monstruosidade que estão fazendo na Líbia, matando crianças  e mentindo ao mundo dizendo que estão fazendo uma ação humanitária!” exemplificou, lembrando que ,da mesma forma, mentem sobre o seu país, quando grandes redes comerciais de comunicação  –  conforme disse   –  acusam  que o programa nuclear persa, que tem finalidades pacíficas e é acompanhado pela Agência Internacional de Energia Atômica, de ser uma ameaça para a paz mundial. “Falam isto para justificar sua hostilidade contra nosso povo”, concluiu.

Beto Almeida

Membro da Junta Diretiva da Telesur

10.08.2011

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Most Popular

Recent Comments

PAULO ROBERTO DOS ANJOS OLIVEIRA on Próximo factoide: a prisão do Lula
cleonice pompilio ferreira on Golpe de 64: quando Kennedy chamou os militares
José rainha stedile lula da Silva Chávez on Projeto ditatorial de Macri já é emparedado nas ruas
maria teresa gonzalez perez on Crise e impasse institucional
maria teresa gonzalez perez on La Plata: formando um novo tipo de jornalista
maria teresa gonzalez perez on Maduro prepara Venezuela para a guerra civil
maria teresa gonzalez perez on Momentos emocionantes da apuração do 2o. turno
Pia Torres on Crítica do filme Argo
n_a_oliveira@hotmail.com on O que disse Lula a Mino Carta, meus destaques
José Gilbert Arruda Martins on Privatizações, novo filme de Sílvio Tendler
Maria Amélia dos Santos on Governador denuncia golpe em eleição
Prada outlet uk online on Kennedy e seu assassinato há 50 anos
http://www.barakaventures.com/buy-cheap-nba-indiana-pacers-iphone-5s-5-case-online/ on Oliver Stone em dois documentários sobre Chávez
marcos andré seraphini barcellos on Videoentrevista: Calos Lupi fala do “Volta Lula”
carlos gonçalves trez on Crítica do filme O Artista
miriam bigio on E o Brasil descobre o Oman
Rosana Gualda Sanches on Dez anos sem Darcy Ribeiro
leitefo on O Blogueiro
Suzana Munhoz on O Blogueiro
hamid amini on As razões do Irã
leitefo on O Blogueiro
JOSÉ CARLOS WERNECK on O Blogueiro
emidio cavalcanti on Entrevista com Hermano Alves
Sergio Rubem Coutinho Corrêa on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola
Stephanie - Editora Saraiva on Lançamento: Existe vida sem poesia?
Mércia Fabiana Regis Dias on Entrevista: Deputada Luciana Genro
Nielsen Nunes de Carvalho on Entrevista: Deputada Luciana Genro
Rosivaldo Alves Pereira on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola
filadelfo borges de lima on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola