Marco Aurélio Garcia, assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, sugeriu a “solução argentina” para as nações européias mais endividadas reativarem suas economias. Garcia ainda negou que a presidenta Dilma Rousseff tenha alterado a política externa do presidente Lula, inclusive em relação ao Irã, indicando que o que houve em relação à nação persa foram alguns aspectos pontuais que não alteram a aproximação entre os dois países, selada na Declaração de Teerã, em 2010.
Para ele, o modelo argentino, que impôs suas condições para pagar a dívida externa e levou o país ao crescimento com inclusão social, é a única saída para países insolventes como a Grécia, Itália, Espanha e Portugal. “Acredito nisso pelos êxitos que a Argentina colheu nos anos seguintes”, disse o assessor presidencial e historiador, referindo-se ao acelerado crescimento econômico registrado pelo país.
Garcia participou, juntamente com o jornalista francês Bernard Cassen, fundador do jornal Le Monde Diplomatique, de debate promovido pelo site Carta Maior, no Fórum Social Temático. Por seu turno, Cassen considerou que os cortes de gastos públicos executados por governos europeus que enfrentam crises da dívida não resolverão o problema de solvência e uma nova “catástrofe financeira” pode ocorrer.
O assessor da presidenta Dilma Rousseff considera que, hoje, a América do Sul caminha no sentido contrário ao da Europa, rumo a uma maior integração. Isso passa pela adoção pelos governos nacionais de políticas similares que aceleram o crescimento econômico, a fim de reduzir a pobreza e a desigualdade.
Ele ainda ressalta o papel do Brasil nesse processo. “Não queremos ser a Alemanha da América do Sul. Queremos, sim, ter uma relação solidária, não só por valores políticos, éticos e morais, mas também por inteligência estratégica. Não é possivel que a América do Sul tenha uma inserção importante no mundo se houver tensões como na Europa, onde a Alemanha tem um peso financeiro, institucional e jurídico muito forte”, afirmou Garcia.
Para o jornalista francês, medidas de austeridades como corte de pensões e salários não resolverão a crise porque ela foi criada por um “problema de receita, e não de gasto”. “Nos últimos dez anos, os ricos tiveram seus impostos reduzidos e a renda do trabalho caiu em relação à do capital”, explicou.
Veja a entrevista no vídeo acima e a matéria completa na Carta Maior