sábado, setembro 21, 2024
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Crítica do filme Apenas uma Noite

A temática, em Apenas Uma Noite (Last Night), de Massy Tadjedin, não pode ser mais surrada: a do adultério, da infidelidade na vida conjugal. A questão, que também se levanta, é lugar-comum: qual dos dois, o homem ou a mulher, é mais propenso a trair? E a resposta final já está deteriorada para ser repetida, talvez, em todos os quadrantes do mundo…

Então, o que, na verdade, importa na película, escrita e dirigida pela iraniana Massy Tajdin que, com ela – depois de ser autora do roteiro e produtora de alguns filmes, rodados nos EUA -, estreou, em 2010, há dois anos, portanto, na direção? O que importa, considerando ainda que o cinema é realização coletiva, que emprega mão-de-obra altamente especializada, em grande quantidade?

Importa, em primeiro lugar, o roteiro que, nessa ocasião, apesar de ser tecido com várias improbabilidades, apresenta diálogos bem elaborados, curtos e precisos. Em segundo lugar, o charme da linguagem cinematográfica, de toque feminino – isto é, de muita sensibilidade ( demonstrada particularmente na cena final), e não pouca sensualidade -, com a dinâmica narrativa, baseada quase exclusivamente em planos americanos, e pontuada por adequada e bela trilha sonora de Clint Mansell.

E importa também, pelas interpretações, que complementam não só as indicações do roteiro, mas ainda as ideias e insinuações do diretor. Isso se dá por meio do trabalho criativo dos atores, nesse caso, o da inglesa Keira Knightley (Um Método Perigoso), no papel de Joanna Reed, e o do australiano Sam Worthington (Avatar), como Michael Reed. Sem esquecer, contudo, a presença de Eva Mendes (Os Donos da Noite), como Laura, a estreia, em Hollywood, do francês, Guillaume Canet (O Último Voo), que encarna Alex Mann e, numa ponta expressiva, o americano Griffin Dunne (Depois de Horas), como Truman.

Passemos agora ao argumento – que muitos não gostam de, previamente, conhecer, já que só lhes interessa a emoção que o cinema lhes proporciona -, peça muito necessária, entretanto, a uma análise mais aprofundada de qualquer filme. Aqui, tem-se de chamar a atenção, inicialmente, do espectador, não para o argumento propriamente dito, mas para o artifício de linguagem, usado, ao início, pela diretora Masssy Tadjedin.

Pois ela combina, paralelamente, a ida e a volta, de táxi, do casal Reed a uma festa, numa casa suntuosa, de gente relacionada com o trabalho de Michael, sendo o regresso diferenciado pelo fato de estarem ambos, também no banco traseiro do carro, mas distanciados um do outro, cada qual de rosto virado e de olhar fixado para fora, isto é, admirando, de faz de conta, o belo cenário noturno das ruas de Nova York, que é, da mesma forma, personagem do filme.

É nessa festa que Joanna percebe a existência de Laura (Eva Mendes), fisgadora de seu marido, que, com a desculpa de pegar uma bebida, se mostra muito solícito para com a nova colega de trabalho. Ao chegar a casa – um magnífico apartamento em Manhattan – Joanna começa o destampatório: – Quem é aquela sua nova colega? Por que você nunca me falou dela? Foi com ela que você viajou e ainda vai seguir amanhã para a Filadélfia? Trêmulo, Michael nega tudo, mas de forma inútil, pois Joanna decide dormir no sofá da sala.

No dia seguinte, o pobre Michael, embora constrangido, se vê forçado a viajar de trem, em companhia de Andy (Daniel Eric Gold) – que mora em seu mesmo edifício -, e de Laura, que cobre o percurso de trem de uma hora, sentada ao seu lado. À tardinha daquele mesmo dia, em Nova York, Joanna, ao levar o cão do vizinho Andy para dar uma volta, quem ela encontra? Alex Mann, um escritor igual a ela, com quem viveu, em Paris, um tórrido romance. E Joanna refloresce de novo ao ser convida por ele a jantar, com amigos, num restaurante da cidade

Embora a narrativa de Tadjedin tenha elementos para prender, do começo ao fim, a atenção do espectador, seu grande pecado é o de não extrair mais ironia dos fatos expostos, que nada são originais. Ela capricha na ambientação – as sequências transcorrem em casas e apartamentos luxuosos, em finos restaurantes e bares e, em um hotel cinco estrelas, que tem elegante piscina fechada -, na cobertura fotográfica – da qual se encarrega Peter Deming – e, principalmente da marcação dos atores em cena, de que extrai excelente resultado.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
APENAS UMA NOITE
LAST NIGHT
FICHA TÉCNICA
PINA 3D
Alemanha – 2011
Duração – 106 minutos
Direção – Wim Wenders
Roteiro – Wim Wenders
Produção – Jeremy Thomas
Fotografia – Hélène Louvart
Trilha Sonora – Thom
Edição – Wim Wenders.
Elenco – Pina Bausch e seu elenco de bailarinos do Tanztheater Wuppertal.

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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