(Publicado originalmente em Seg, 17 de Novembro de 2008 21:00)
La Paz – Tendo tido o privilégio de estar aqui durante a campanha eleitoral que culminou com a eleição de Evo Morales, em dezembro de 2005, tendo voltado para a sua posse, em Tiahuanaco, junto aos povos originários, no dia seguinte para a cerimônia oficial em La Paz, pude retornar regularmente para acompanhar o extraordinário processo revolucionário boliviano.
La Paz – Tendo tido o privilégio de estar aqui durante a campanha eleitoral que culminou com a eleição de Evo Morales, em dezembro de 2005, tendo voltado para a sua posse, em Tiahuanaco, junto aos povos originários, no dia seguinte para a cerimônia oficial em La Paz, pude retornar regularmente para acompanhar o extraordinário processo revolucionário boliviano.
Volto agora, na primavera de 2008, 8 anos depois que os movimentos indígenas deram início a este processo, com a “Guerra da água”, que impediu a sua privatização e expulsou a empresa francesa que pretendia privatizá-la. Um processo tão formidável que, depois de cinco anos de lutas, de sublevações populares, desembocou na eleição de Evo Morales à presidência da Bolívia. E agora dá inicio à refundação do seu Estado.
O primeiro sintoma de como avançou o processo revolucionário boliviano pode ser visto no que seria o maior reduto opositor – em Santa Cruz de la Sierra – por onde todos os vôos passam. O principal jornal local, El Deber, reflete o desconcerto opositor com a vitória de Evo e do governo nas eleições de agosto, com 67% dos votos e a aprovação do acordo para a convocação da consulta, em 25 de janeiro, sobre o novo projeto de Constituição.
O melhor sintoma da derrota de um campo é a divisão de suas forças, exatamente o que acontece agora, com os conflitos entre os prefeitos dos estados opositores e os partidos da oposição no Parlamento, com estes chegando a um acordo com o governo e deixando aos governadores isolados. Vários artigos deploram a “traição” de Podemos e do MNR, enquanto afirmam que a frente do governo está unida. Seguirão divididos entre votar a favor da nova Constituição, votar contra ou abster-se, facilitando o caminho da vitória do governo. (Continua em Carta Maior)