sábado, setembro 21, 2024
InícioAmérica LatinaA Europa do Sul se levanta em greve geral

A Europa do Sul se levanta em greve geral

Por FC Leite Filho

Seria exagerado dizer que um princípio de levante se desenha na chamada Europa do Sul, leia-se Portugal, Espanha, Itália, Grécia e até a França? A julgar pela explosão de protestos desta quinta-feira, 14 de novembro de 2012, contra os pacotes de austeridade, ou seja, antissociais e recessivos, não ficamos muito longe disso. Em meu livro Quem tem medo de Hugo Chávez?, eu lembro como os principais países da América Latina, à frente Venezuela, Argentina e Brasil se libertaram do julgo da receita neoliberal do FMI, e se voltaram para seus projetos nacionais de desenvolvimento com inclusão. Os acontecimentos de hoje naqueles países servem para comprovar o quão estávamos certos em nos desvencilhar das medidas fiscais, que só beneficiam os banqueiros e as multinacionais, e enfatizar programas de combate à fome, à miséria e ao analfabetismo, para estabelecer prioridades próprias, inclusive de relacionamento internacional.


Não fora esta mudança de rumos, e estaríamos hoje penando como os os espanhóis, por exemplo, que, depois de terem seus salários e benefícios sociais garfados pela sanha enfurecida dos mercados, agora são obrigados a entregar suas residências às financeiras, porque, devido aos juros altos e às perdas salariais, não puderam continuar pagando em dia suas prestações. Já somam 350 mil as famílias arremessadas no olho da rua, num drama que já causou dois suicídios, incluindo o de uma senhora de 53 anos que pulou do quinto andar de seu edifício. O protesto extremo chocou de tal maneira a população, que levou os bancos a congelar os despejos, pelo período de dois anos. À parte o desespero, os europeus sofridos sul taambém cuidam se mobilizar e coordenar em termos continentais, como mostraram os eventos de hoje.

Primeiro, eles deflagraram a primeira greve geral da história na Península Ibérica (Portugal e Espanha), que paralisou praticamente todas as atividades desses dois países, com o o apoio determinante da população. Segundo, outros protestos significativos, como paralisações pontuais e manifestações de rua, que redundaram em ferimentos em 118 pessoas, só em Madri, prisões e choques com policiais em Lisboa, Paris, Turim, Milão, Roma e Atenas, mostram que não assistirão passivos às medidas de choque. Embora de cunho pacífico, essas manifestações tendem progressivamente a se transformar numa explosão social compreendendo toda a velha Europa, se os banqueiros que passaram a dominar os governos europeus, tanto do sul como do norte, impondo governantes como os da Itália e da Grécia, passando por cima da vontade popular e dos parlamentos, não reverem suas políticas desastradas.

Oxalá que as mudanças se dêem dentro dos parâmetros democráticos, como ocorreu nos diversos países latino-americanos, pois ninguém almeja a repetição dos processos turbulentos que marcaram a Revolução Francesa de 1789, a Revolução Soviética de 1917 ou a Revolução Cubana de 1959. O último relatório do Banco Mundial bem que pode servir de inspiração aos europeus de todos osquadrantes: segundo o documento, divulgado ontem, por causa das políticas de inclusão social dos novos governos populares que assumiram a partir de 1999, a classe média da América Latina e do Caribe passou 103 milhões de pessoas, em 2003, para 152 milhões, em seis anos, numa expansão de 50% nesse estrato social, enquanto o percentual de pobres caiu de 44% para 30% da população.

Veja Quem tem medo de Hugo Chávez?

 

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
RELATED ARTICLES

1 COMENTÁRIO

  1. Este sim e9 um verdadeiro livro com grdnae qualidade, agora a porcaria que tu escreves… nem vale a pena passar da contracapa que consultei numa livraria de segunda. mesmo o aspecto deste escritor e9 muito mais simpe1tico que o teu que e9 de uma petule2ncia agonisante

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Most Popular

Recent Comments

PAULO ROBERTO DOS ANJOS OLIVEIRA on Próximo factoide: a prisão do Lula
cleonice pompilio ferreira on Golpe de 64: quando Kennedy chamou os militares
José rainha stedile lula da Silva Chávez on Projeto ditatorial de Macri já é emparedado nas ruas
maria teresa gonzalez perez on Crise e impasse institucional
maria teresa gonzalez perez on La Plata: formando um novo tipo de jornalista
maria teresa gonzalez perez on Maduro prepara Venezuela para a guerra civil
maria teresa gonzalez perez on Momentos emocionantes da apuração do 2o. turno
Pia Torres on Crítica do filme Argo
n_a_oliveira@hotmail.com on O que disse Lula a Mino Carta, meus destaques
José Gilbert Arruda Martins on Privatizações, novo filme de Sílvio Tendler
Maria Amélia dos Santos on Governador denuncia golpe em eleição
Prada outlet uk online on Kennedy e seu assassinato há 50 anos
http://www.barakaventures.com/buy-cheap-nba-indiana-pacers-iphone-5s-5-case-online/ on Oliver Stone em dois documentários sobre Chávez
marcos andré seraphini barcellos on Videoentrevista: Calos Lupi fala do “Volta Lula”
carlos gonçalves trez on Crítica do filme O Artista
miriam bigio on E o Brasil descobre o Oman
Rosana Gualda Sanches on Dez anos sem Darcy Ribeiro
leitefo on O Blogueiro
Suzana Munhoz on O Blogueiro
hamid amini on As razões do Irã
leitefo on O Blogueiro
JOSÉ CARLOS WERNECK on O Blogueiro
emidio cavalcanti on Entrevista com Hermano Alves
Sergio Rubem Coutinho Corrêa on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola
Stephanie - Editora Saraiva on Lançamento: Existe vida sem poesia?
Mércia Fabiana Regis Dias on Entrevista: Deputada Luciana Genro
Nielsen Nunes de Carvalho on Entrevista: Deputada Luciana Genro
Rosivaldo Alves Pereira on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola
filadelfo borges de lima on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola