O PT e a pré-candidata Dilma Rousseff devem ter sentido a cutilada do Datafolha, publicada no sábado, 27/03. Sem ver nem que, o candidato José Serra, do PSDB, sobe de repente e já se distancia nove pontos da adversária governista. Eu participei das três campanhas eleitorais de Leonel Brizola (1989 e 1994, para presidente e 1998, vice de Lula) e vi (e denunciei) como eram feitas as manipulações dos institutos de pesquisa.
Como sempre, jornais, rádio e televisão estampam em grande manchete o dado que querem, ou seja, beneficiando seu candidato tucano. A Folha de São Paulo já diz logo em manchetão: “Serra volta a subir e abre 9 pontos sobre Dilma (36% a 27%). Mas deixa lá para as páginas interiores, os grotões do jornal, um dado crucial: que Dilma, na modalidade espontânea, (por isso, mesmo, um dado mais confiável, porque não induzido) ou seja, quando o pesquisado é convidado a dar seu voto, sem a cartela com os nomes de todos os presidenciáveis, cresceu de 10%, em fevereiro, para 12%, em março, enquanto José Serra ficou estacionado em 8%: “Datafolha mudou significativamente a sua amostra. Em dezembro de 2009 ouviram 11.429 pessoas e em fevereiro de 2010 foram 2.623”.
Que se aprenda a lição, ninguém ganha eleição de véspera e o clima do já-ganhou é fatal para qualquer campanha. O importante é fazer mais e mais mobilização e não confiar em pesquisa, porque, a partir de agora, só vem chumbo grosso, contra, claro. Seria bom que os exegetas do PT e do Planalto revissem as pesquisas – Datafolha, Ibope, Vox Populi, Gallup (na época, acho que não existia a Sensus) de 1989, para sentirem como Brizola, candidato também na cabeça das sondagens, foi rebaixado “cientificamente” até ficar em terceiro lugar na eleição propriamente dita. E também denunciar as manipulações, agora que existe um espaço mais democrático na Internet.