sábado, setembro 21, 2024
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Crítica do filme Almas à Venda

A comédia Almas à Venda, escrita e dirigida por Sophie Barthes, para fazer rir, abusa do inverossímil, do surreal, a fim de narrar a história de um ator americano que, se sentindo amargurado, decide se libertar do peso de sua alma, posta por ele sob a custódia de um depositário, o qual, em contrapartida, lhe empresta, para uso durante um certo período, a de um poeta russo.
A idéia cria, sem dúvida, um conflito capaz de levar o espectador a dar boas gargalhadas, principalmente pelo fato de que expõe, de forma paralela, mas sem muita profundidade, a questão do choque econômico-cultural que se estabelece entre as duas sociedades. Observem-se, a propósito, os carros caindo aos pedaços que transitam pelas
imundas ruas de São Petersburgo, em contraste com os que desfilam pelas principais
vias de Manhattan.
O que se narra é o caso de um ator, Paul Giamatti (Paul Giamatti) que, por se sentir em dificuldade para representar opapel do protagonista da peça Tio Vânia, de Anton Tchekhov, sob a influência de uma matéria jornalística, procura um depositário de almas, Dr. Flintstein (David Strathaim) a fim de se livrar da sua, que, segundo ele, o incomoda. Aliás, esse é um incômodo que afligiria, de acordo com os meios de comunicação, uma boa parte da estressada população de Nova York.
Paul, porém, é advertido pelo Dr. Flintstein de que, para não ficar desalmado,terá ele de conservar 5% de sua alma, que serão, em seguida, complementados pela de um doador russo a ser ainda identificado. Quem traz da Rússia a alma a fim de ser implantada em Paul é a “mula” Nina (Dina Korzun), que, ao retornar, leva a dele, sob aforma de grão de bico, para servir a uma atriz sem talento, Sasha (Oksana Lada), esposa de um rico empresário, ambiciosa para encontrar sucesso como intérprete de novela de televisão.
O ímpeto da alma russa, entretanto, faz de Paul um indivíduo estranho para a própria mulher, Claire (Emily Watson), que lhe reclama isso, e para o diretor de teatro (Michael Tucker), que não percebe rendimento algum em seu trabalho como intérprete de Tchekhov. Esgotado com a sua malsucedida experiência, Paul deseja recuperar a sua alma, empreendendo uma arriscada viagem a São Petersburgo na tentativa de obtê-la dvolta. É quando irá descobrir também quem teria sido o tal doador da impetuosa alma que ele usa.
Se o roteiro de Barthes não viesse, como veio, na esteira do de vários outros filmes recentes – o primeiro a ser lembrado é naturalmente o de Quero ser John Malkovitch (1999), escrito por Charlie Kaufman -, poder-se-ia considerá-lo como peça de muita criatividade, embora pobre, muito pobre de recursos narrativos. E como diretora principiante Barthes nada faz para definir com mais exatidão a sua linguagem, que ora é surrealista, na trilha de Buñuel, ora mergulha no estilo science fiction de Kubrick.
O que de melhor Barthes faz em termos de direção é, além de explorar os belos temas da trilha sonora de Dickon Hinchliffe, criar oportunidades para que seus atores – particularmente Paul Giamatti – possam interpretar os seus papéis da maneira mais eficiente possível. A composição de Giamatti, como ele próprio, é rica em detalhes técnicos, confirmando a posição de prestígio que ocupa na cena americana da atualidade. Talvez não precisasse ele do show de narcisismo de dar seu nome àpersonagem para se promover e se comparar aos atores de primeira linha citados. Isso
era dispensável.
Emily Watson, como Claire, embora apareça pouco, tem, como sempre, impecável atuação. David Strathaim, como Dr.Flintstein, trava com Giamatti alguns dos melhores diálogos da película. E as atrizes russas – Oksana Lada, Dina Korzun e Natalia
Zvereva (Natasha) – por suas belezas, iluminam o filme, que tem fotografia de Andrij
Parekh sombria e obscura.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
www.theresacatharinacampos.com
www.arteculturanews.com
www.noticiasculturais.com
www.politicaparapoliticos.com.br
www.cafenapolitica.com.br
FICHA TÉCNICA
ALMAS À VENDA
COLD SOULS
EUA/ 2009
Duração – 101 minutos
Direção – Sophie Barthes
Roteiro – Sophie Barthes
Produção – Daniel Carey, Elizabeth Giamatti e Paul S. Mezey
Fotografia – Andrij Parekh
Trilha Sonora – Dickon Hinchliffe
Edição – Andrew Mondshein
Elenco – Paul Giamatti (Paul Giamatti), David Strathaim (Dr. Flintstein), Emily Watson
(Claire), Dina Korzun (Nina), Oksana Lada (Sasha), Michael Tucker (Diretor de
Teatro), Natalia Zvereva (Natasha), Ted Koch (Agente de Imigração), Boris Kievsky
(Oleg), Lauren Ambrose (Stephanie).

A comédia Almas à Venda, escrita e dirigida por Sophie Barthes, para fazer rir,abusa do inverossímil, do surreal, a fim de narrar a história de um ator americano que, sesentindo amargurado, decide se libertar do peso de sua alma, posta por ele sob acustódia de um depositário, o qual, em contrapartida, lhe empresta, para uso durante umcerto período, a de um poeta russo.A idéia cria, sem dúvida, um conflito capaz de levar o espectador a dar boasgargalhadas, principalmente pelo fato de que expõe, de forma paralela, mas sem muitaprofundidade, a questão do choque econômico-cultural que se estabelece entre as duassociedades. Observem-se, a propósito, os carros caindo aos pedaços que transitam pelasimundas ruas de São Petersburgo, em contraste com os que desfilam pelas principaisvias de Manhattan.O que se narra é o caso de um ator, Paul Giamatti (Paul Giamatti) que, por sesentir em dificuldade para representar o papel do protagonista da peça Tio Vânia, deAnton Tchekhov, sob a influência de uma matéria jornalística, procura um depositáriode almas, Dr. Flintstein (David Strathaim) a fim de se livrar da sua, que, segundo ele, oincomoda. Aliás, esse é um incômodo que afligiria, de acordo com os meios decomunicação, uma boa parte da estressada população de Nova York.Paul, porém, é advertido pelo Dr. Flintstein de que, para não ficar desalmado,terá ele de conservar 5% de sua alma, que serão, em seguida, complementados pela deum doador russo a ser ainda identificado. Quem traz da Rússia a alma a fim de serimplantada em Paul é a “mula” Nina (Dina Korzun), que, ao retornar, leva a dele, sob aforma de grão de bico, para servir a uma atriz sem talento, Sasha (Oksana Lada), esposade um rico empresário, ambiciosa para encontrar sucesso como intérprete de novela detelevisão.O ímpeto da alma russa, entretanto, faz de Paul um indivíduo estranho para aprópria mulher, Claire (Emily Watson), que lhe reclama isso, e para o diretor de teatro(Michael Tucker), que não percebe rendimento algum em seu trabalho como intérpretede Tchekhov. Esgotado com a sua malsucedida experiência, Paul deseja recuperar a suaalma, empreendendo uma arriscada viagem a São Petersburgo na tentativa de obtê-la devolta. É quando irá descobrir também quem teria sido o tal doador da impetuosa almaque ele usa.Se o roteiro de Barthes não viesse, como veio, na esteira do de vários outrosfilmes recentes – o primeiro a ser lembrado é naturalmente o de Quero ser JohnMalkovitch (1999), escrito por Charlie Kaufman -, poder-se-ia considerá-lo como peçade muita criatividade, embora pobre, muito pobre de recursos narrativos. E comodiretora principiante Barthes nada faz para definir com mais exatidão a sua linguagem,que ora é surrealista, na trilha de Buñuel, ora mergulha no estilo science fiction deKubrick.O que de melhor Barthes faz em termos de direção é, além de explorar os belostemas da trilha sonora de Dickon Hinchliffe, criar oportunidades para que seus atores –particularmente Paul Giamatti – possam interpretar os seus papéis da maneira maiseficiente possível. A composição de Giamatti, como ele próprio, é rica em detalhestécnicos, confirmando a posição de prestígio que ocupa na cena americana daatualidade. Talvez não precisasse ele do show de narcisismo de dar seu nome àpersonagem para se promover e se comparar aos atores de primeira linha citados. Issoera dispensável. Emily Watson, como Claire, embora apareça pouco, tem, como sempre,impecável atuação. David Strathaim, como Dr. Flintstein, trava com Giamatti alguns dosmelhores diálogos da película. E as atrizes russas – Oksana Lada, Dina Korzun e NataliaZvereva (Natasha) – por suas belezas, iluminam o filme, que tem fotografia de AndrijParekh sombria e obscura.

REYNALDO DOMINGOS FERREIRAROTEIRO, Brasília, Revistawww.theresacatharinacampos.comwww.arteculturanews.comwww.noticiasculturais.comwww.politicaparapoliticos.com.brwww.cafenapolitica.com.brFICHA FICHA TÉCNICA

ALMAS À VENDA

Título original: COLD SOULS

EUA/ 2009 Duração – 101 minutos –

Direção – Sophie BarthesRoteiro – Sophie BarthesProdução – Daniel Carey, Elizabeth Giamatti e Paul S. MezeyFotografia – Andrij ParekhTrilha Sonora – Dickon HinchliffeEdição – Andrew MondsheinElenco – Paul Giamatti (Paul Giamatti), David Strathaim (Dr. Flintstein), Emily Watson(Claire), Dina Korzun (Nina), Oksana Lada (Sasha), Michael Tucker (Diretor deTeatro), Natalia Zvereva (Natasha), Ted Koch (Agente de Imigração), Boris Kievsky(Oleg), Lauren Ambrose (Stephanie).

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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