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Crítica do filme Drive

Com extrema habilidade técnica, o cineasta Nicolas Winding Refn conduz a narrativa de Drive, um drama independente americano, sobre um dublê de Hollywood, que também trabalha numa oficina mecânica de carros e, à noite, como um tigre solitário perdido na selva da Califórnia, presta serviços de motorista a elementos mafiosos.

O roteiro de Hossein Amini (Judas, O Obscuro) é baseado no romance homônimo de James Sallis, que narra a história de um indivíduo caladão, enigmático, conhecido por Motorista (Ryan Gosling). Ele trabalha numa oficina próxima do edifício onde mora, num apartamento alugado. Certo dia, no estacionamento de um supermercado, ajuda uma vizinha de andar, Irene (Carey Mulligan), que, em companhia do filho Benício (Kaden Leos), estava com o carro enguiçado.

O dono da oficina, Shannon (Bryan Cranston), não é só o empregador do Motorista, mas também lhe arranja trabalhos extras de dublê e, por reconhecer o seu talento, está em vias de introduzi-lo no mundo das corridas de carro, tentando, nesse sentido, convencer o mafioso Bernie Rose (Albert Brooks) a investir em sua carreira. Rose é sócio de um judeu, também mau elemento (Ron Perlman), que, no passado, deu uma sova em Shannon por uma dívida não paga.

Sensibilizada pela ajuda que o Motorista lhe dera no pátio do supermercado, Irene leva o carro para ser consertado na oficina de Shannon. Este sugere ao Motorista conduzi-la, com o filho, de volta a casa. Meio tocado pelo suave olhar da vizinha, o Motorista decide fazer um passeio, com ela e Benício, num lugar aprazível, nos arredores da cidade. A partir daí, passa a dedicar mais tempo a ela e ao filho, até que, um dia, o marido, Standard (Oscar Isaac), volta para casa, depois de deixar a prisão…

Amini é um roteirista, de origem iraniana, parcimonioso, que sabe, como poucos, adaptar obras literárias ao cinema, já tendo sido indicado ao Oscar por um trabalho feito, em 1997, magnífico, com base no romance As Asas da Pomba (1902), de Henry James. Se o argumento do livro de James Sallis não tivesse recebido o tratamento cinemático que lhe deu Amini, a película por certo resvalaria para a categoria de um bloockbustger qualquer. Isso não acontece, primeiro, porque o roteiro é seco, preciso e objetivo e, segundo, porque o cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn – Prêmio de Melhor Direção em Cannes (2011) – conseguiu envolvê-lo, explorando, com maestria, a trilha sonora de Cliff Martinez, numa atmosfera de tirar o fôlego do espectador.

Percebe-se, nesse sentido, influência na narrativa – principalmente na definição do caráter do Motorista – do clássico francês O Samurai (1967), de Jean-Pierre Melville, retratado por Alain Delon, com algumas referências também a Taxi Driver (1976), de Martin Scorcese e, nas sequências mais violentas, ao Cães de Aluguel, (1992) de Quentin Tarantino. Assim, a ação e o diálogo ( palavras e ideias ) têm a ver com um conjunto psicodinâmico em que se compõem e, naturalmente, se completam. Da mesma forma, a composição de planos de Wending Refn ganha uma fundamentação lógica do que ele persegue em termos de razão, vontade e comportamento das personagens. O ator e músico canadense Ryan Gosling (Tudo Pelo Poder) se ajustou ao que lhe exigiu a caracterização do Motorista, estampando-lhe no rosto um perene sorriso frio e misterioso. A inglesa Carey Mulligan (Educação), de assombrosa sensibilidade, confere à Irene um sentido de conformismo e de passividade ante as incertezas em que vive. E o americano Albert Brooks se destaca pela truculência com que encarna o mafioso Bernie Rose.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
DRIVE
EUA – 2011
Duração – 98 minutos
Direção – Nicolas Winding Refn
Roteiro – Hossein Amini, com base no romance Drive, de James Sallis
Produção – Michel Litvak, John Palermo, Marc Platt, Gigi Pritzker, Adam Siegel.
Fotografia – Newton Thomas Siegel
Trilha Sonora – Cliff Martinez
Edição – Matthew Newman
Elenco – Ryan Gosling (Motorista), Carey Mulligan (Irene), Kaden Leos (Benício), Bryan Cranston (Shannon), Albert Brooks (Bernie Rose), Ron Perlman (Nino), Oscar Isaac (Standard), Christina Hendricks (Blanche).

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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