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Crítica do filme Os Descendentes



Um advogado, latifundiário e marido traído durante suas longas ausências de casa, no paradisíaco Havaí, tenta apascentar as filhas ante a iminência da morte da mãe, em estado de coma, após sofrer acidente, num passeio de lancha. Esse é o tema de Os Descendentes, de Alexander Payne, especialista em narrar, com certo charme de linguagem e sob baixo orçamento, histórias de alguma densidade dramática, com pitadas de cáustico humor, ambientadas em locais de atração turística.

Esse receituário, que se coroou de êxito, por exemplo, no soporífero Sideways, de forte impacto benéfico para a indústria do vinho da Califórnia, tendo recebido várias indicações ao Oscar, ganhando, porém apenas uma, a de Melhor Roteiro Adaptado, se repete agora com a versão – feita pelo próprio Payne, em colaboração com Nat Faxon e Jim Rax – do romance homônimo de Kaui Hart Hemmings, nascido no Havaí. A película, além de ganhar dois Globos de Ouro – Melhor Filme Dramático e Melhor Ator (George Clooney) – recebeu também cinco indicações ao Oscar, entre as quais a de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator, o que certamente é um exagero.

Matt King (George Clooney), além de advogar, é o curador de propriedades (25 mil hectares de terras, localizadas na ilha Kaua´i) de sua família, cujos membros pretendem vendê-las, num prazo de sete anos, para um nativo promover, na região, o desenvolvimento imobiliário. Ocorre, porém que, justo no momento em que tudo está para acontecer sob a orientação de Matt, a mulher dele, Elizabeth (Patricia Hastie), sofre o acidente e fica em coma, no Queen´s Hospital. O casal tem duas filhas – Alex (Shailene Woodley), de 17 anos, e Scottie (Amara Miller), de 10 anos -, ambas de comportamento rebelde e de tendência autodestrutiva, como todas as mulheres da família de Elizabeth, conforme observa Matt.

Ao comunicar a Alex que o estado de sua mãe é grave, que ela não voltará mais do coma e que sua morte depende apenas da desconexão de alguns aparelhos, Matt recebe da filha a informação de que Elizabeth, antes do acidente, o traía com alguém que ela não saberia identificar. Matt recorre a um casal de parentes – Kai Mitchell (Mary Birdsong) e Mark Mitchell (Rob Huebel) -, que, apesar de estar em conflito entre eles, lhe revela o nome do amante, Brian Speer (Matthew Lillard). Matt e Alex se põem então a procurar identificar quem é o tal Speer.

Explorando ao máximo as belas imagens criadas pela câmara de Phedon Papamichael e a trilha sonora, constituída de músicas havaianas, Payne se detém na fixação do perfil psicológico de Matt e das filhas, numa circunstância extrema, difícil. Isso para deixar evidente, ao final, o sentido – de boa aceitação no âmbito dos prêmios de Hollywood – de que o amor não é outra coisa senão uma espécie de comunhão espiritual. E, pelas entrelinhas, ele avança um pouco mais para mostrar também a responsabilidade dos pais em relação aos filhos, tendo em vista uma educação muito relaxada ou liberal..

De qualquer forma, é na boa interpretação de George Clooney, como Matt King, que Payne sustenta sua direção. O ator, que praticamente não sai de cena, enverga a carcaça de um homem de meia idade, um ex-playboy, surfista, de muitas posses, mas, no presente, um tanto desencantado com a vida, a família e os amigos. Com sutileza e desenvoltura, Clooney passa da imagem da amargura para a do sarcasmo. Um de seus melhores momentos é quando ele contracena com Robert Frost ( indicado ao Oscar, em 1995, por seu trabalho em Jackie Brown, de Tarantino ) -, intérprete de Scott Thorson, pai de Elizabeth, que, na sua última visita a ela, no hospital, lhe ressalta as qualidades de boa filha e de esposa extremamente virtuosa.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
OS DESCENDENTES
THE DESCENDANTS
EUA – 2011
Duração – 115 minutos
Direção – Alexander Payne
Roteiro – Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash, com base no romance The Descendants, de Kaui Hart Hemmings.
Produção – Jim Burke, Alexander Payne e Jim Taylor
Fotografia – Phedon Papamichael
Edição – Kevin Tent
Elenco – George Clooney (Matt King), Shailene Woodley (Alex), Judy Greer (Julie Speer), Beau Bridges (primo Hugh), Amara Miller (Scottie King), Mathew Lillard ( Brian Speer), Robert Frost (Scott Thorson), Patria Hastie (Elizabeth King), Mary Birdsong (Kai Mitchell), Rob Huebel (Mark Mitchell).

leitefo
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Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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