quinta-feira, novembro 14, 2024
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Crítica do filme Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras

Quase todos os elementos concorrem para fazer da sequência de Sherlock Holmes (2009), de Guy Ritchie, intitulada O Jogo de Sombras, novo sucesso de bilheteria, pois, além de ter um elenco de atores de sensibilidade, o roteiro, nem sempre correto, mas inteligente, avança na caracterização das personalidades do famoso detetive e de seu inseparável amigo e companheiro de aventuras, Dr. John Watson.

Criado por Arthur Conan Doyle, na Era Vitoriana, Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) tem agora – de acordo com o discutível roteiro do casal Michele e Kieran Mulroney – de enfrentar um criminoso astuto, professor James Moriarty (Jared Harris), capaz de articular ações criminosas, em locais diferentes, na India, na Europa e nos Estados Unidos da América. E isso ocorre justo no momento em que o Dr. Watson (Jude Law) decide se casar com sua amada Mary (Kelly Reilly).

Destituído do recato britânico da personagem original, Holmes, em sua nova versão, acaba com a lua-de-mel de Watson e, numa atitude bastante suspeita, sequestra-o, levando-o para outro vagão do trem. Assim, eles, novamente juntos, dão início a uma viagem pela França, Alemanha e Suíça, tentando, no seu limite de forças, desbaratar o plano diabólico, criado por Moriarty, que deseja espalhar o terror por quase todas as partes do mundo.

Enquanto investiga os passos do criminoso, Holmes se aconselha com Mycroft Holmes (Stephen Fry), seu irmão mais velho e mais inteligente e, como na película anterior, recebe, constantemente, as provocações de Irene Adler (Rachel McAdams), ex-funcionária do ardiloso professor. Mas ele se vê forçado também a cortejar uma cigana, chamada Sim (Naomi Rapace), que tem o queijo e a faca na mão para o deslinde da última peça do quebra-cabeça, que é a trama forjada por Moriarty.

O objetivo claro da direção, admitido por seu realizador, Guy Ritchie, continua sendo, como no primeiro filme, o de afastar, ao máximo, Holmes de sua identidade própria a fim de lhe dar figuração cômica, excêntrica e algo mais, com o quê muitos leitores de Conan Doyle, com razão, não concordam. De qualquer forma, porém, mesmo dentro da nova concepção do protagonista, característica deste nosso tempo de erosão de valores, a narrativa de Ritchie se figura inadequada ou, por aparente falta de nexo, convencional demais, sem ritmo apropriado e uso de um excesso de clichês.

O que é bom no trabalho do diretor britânico – estreado no Brasil, com a presença, no Rio de Janeiro, de Robert Downey Jr – é a ambientação, da qual ele tira proveito, pela fotografia de Philippe Rousselot, em planos bem arquitetados e emprego justo de efeitos especiais. Observe-se, por exemplo, a sequência que transcorre na Ópera Garnier, em Paris, durante a apresentação de Don Giovanne, de Mozart. A atuação dos atores é que, entretanto, precisa ser analisada.

De Robert Downey Jr, há pouco a dizer. A personagem foi escrita para servir a ele, não o contrário, como deveria ser, segundo os melhores preceitos da arte de representar. Por isso, dentro da nova roupagem de Sherlock, Downey se mostra à vontade, como ele próprio, não como a personagem. Jude Law, da mesma forma, como Dr. Watson, tem atuação convincente. Quem realmente impressiona é Jared Harris (Mad Man e O Curioso Caso de Benjamin Button), ex-integrante da Royal Shakespeare Company de Londres, como professor Moriarty, Naomi Rapace, atriz sueca, que se destacou como Lisbeth Salander na trilogia Milenium, de Stieg Larsson (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, A Menina Que Brincava Com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar), no papel da cigana Sim, e Stephen Fry (Wilde), como Mycroft Holmes.

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
SHERLOCK HOLMES – JOGO DE SOMBRAS
SHERLOCK HOLMES – A GAME OF SHADOWS
EUA- Reino Unido – 2011
Duração – 129 minutos
Direção – Guy Ritchie
Roteiro – Michele e Kieran Mulroney, com base em livros de Arthur Conan Doyle
Produção – Joel Silver, Lionel Wigram, Susan Downey e Dan Lin
Fotografia – Philippe Rousselot
Trilha Sonora –Hans Zimmer
Edição – James Herbert
Elenco – Robert Downey Jr (Sherlock Holmes), Jude Law (Dr. John Watson), Jared Harris (professor Moriarty), Naomi Rapace (Sim), Stephen Fry (Mycroft Holmes), Rachel McAdams (Irene Adler), Kelly Reiley (Mary).

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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