O professor e jornalista Aylê-Selassié Filgueiras Quintão lança nesta sexta-feira, 04/04/2014, às 19:30 horas, no restaurante Carpe Diem, da 104 Sul, em Brasília, o livro “Rupturas”. Ensaio sobre as eleições gerais e presidenciais de 2014 no Brasil, o livro revela que 80 milhões de brasileiros precisam ser conquistados. Eles não têm candidatos explícitos, revela O estudo ainda mostra para onde tendem as gerações virais, representadas, no Brasil, por quase 30 milhões de internautas. A eles devem ser somados mais 50 milhões de cidadãos que evitam dar sua opinião sobre política para não se expor, e entrar em choque com as opiniões dominantes em seu meio.
Como atrair uma população desse tamanho para o pleito de outubro? RUPTURAS mostra o que está acontecendo, e sugere caminhos. Sob a égide das novas tecnologias, as novas gerações, chamadas pelo autor de galácticos, rejeitam as ideologias, negam autoridade aos políticos e têm dúvidas sobre a isenção dos juízes. “A sociedade encontra-se diante de um conjunto de pequenas fraturas sinalizando para uma mudança social e estrutural de grandes proporções, conduzidas, não por partidos, nem por acordos corporativos, mas pela criatividade das gerações emergidas ao amparo das tecnologias digitais”, diz o autor.
Em “Rupturas”, essa configuração institucional é chamada de Parlamento Digital, que se projeta como uma expressão da pós-modernidade , acenando para a hipermodernidade. Sugere também uma nova mudança da capital – a criação de uma Capital para o Governo Eletrônico. O livro discute finalmente o papel das gerações brasilienses que seguiram, uma, a liderança de Honestino Guimarães ; a, outra, de Renato Russo. As ideias defendidas pelo historiador assustarão certamente alguns e despertarão outros, adverte. Podem ser resumidas da seguinte forma:
1 –As tecnologias virais estão dando origem a uma geração desconectada dos discursos correntes na sociedade política, com impacto imprevisível sobre as instituições, espaços e personalidades que dão configuração à identidade de Brasília como símbolo nacional .
2 – Chamadas de galácticos (ou Y ou Z), essas gerações desprovincializadas, com um contingente de mais de 30 milhões de jovens, tem um entendimento de mundo, assentado no digital e no virtual, e recusa representações institucionais, interferências de governo ou porta-vozes analógicos;
3 – A essa constelação de galácticos vão se juntando 50 milhões de brasileiros inibidos pelos discursos hegemônicos correntes. São cidadãos que começam a perceber seus direitos e o papel, como sujeitos, que lhes cabe na sociedade, e assim destravam-se do seu silêncio em espiral e vão, certamente, impactar as eleições.
4 – Configura-se ainda uma nova esfera de discussão e de mobilização social, de caráter viral, que, por analogia, poderia chamar-se Parlamento Digital, no qual misturam-se a criatividade e a intempestividade adolescente com o despertar do cidadão comum, cujo espaço de expressão pública não é físico, mas virtual e noosférico.
5 – Ocupada por estranhos e analógicos a cada mudança de governo, Brasília torna-se também uma cidade comum e vulnerável, e vai perdendo o caráter romântico e institucional que lhe deu origem e direito a recursos orçamentários extras. Seus espaços são gradualmente apropriados pela iniciativa privada. É tempo de se pensar numa capital digital para abrigar governos eletrônicos. Na sociedade digital os 50 anos de Brasília situam-se já num tempo quase mitológico.
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RUPTURAS, de autoria do jornalista e professor Aylê-Salassié Filgueiras Quintão, produzido pela Catalytica Inovação Social e a editora Otimismo, lançamento às 19h30, no dia 04 de abril(sexta), no restaurante Carpe Diem, SCLS 104 Sul.
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Aylê-Salassié Filgueiras Quintão nasceu em Piraúba, Minas Gerais. É jornalista e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), mestre em Comunicação e doutor em História Cultural pela Universidade de Brasília (UnB), onde foi também professor. É graduado em Jornalismo, Política e História. Como jornalista, trabalhou na Folha de S.Paulo, Última Hora, Rádio Jornal do Brasil, Diário Popular de São Paulo, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Diário da Manhã e revista Afinal, prestou consultoria para a TV Amazonsat e editou, durante quinze anos, a revista Brasil Florestal. Viajou pelo Brasil e conheceu as Américas e outros continentes trabalhando como enviado especial, tendo sido correspondente em Londres por dois anos.
Repórter setorista em Brasília durante anos, dedicou-se, com prioridade, às áreas de economia, relações internacionais e meio ambiente. Seu primeiro emprego foi de guarda florestal do Parque Nacional de Brasília. Integrou, como membro representante do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), a comissão que elaborou o programa “Nossa Natureza” – do qual resultou a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e, em seguida, do Ministério do Meio Ambiente. Coordenou a área de Comunicação Social do IBDF/Ibama e da primeira gestão do Ministério Extraordinário para o Desenvolvimento e a Reforma Agrária (Mirad) na Nova República.
É autor de vários livros: “Jornalismo Econômico no Brasil” (1987), o primeiro publicado sobre o tema; “A Cidade sem Pecado” (2006), que trata dos efeitos pedagógicos da migração alemã para o Brasil; “Dossiê de um Projeto Clandestino” (2008), que retrata a cobertura dos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas; “Americanidade – Mercosul, passaporte para a integração da América do Sul” (2010). Está concluindo uma obra sobre a “Geração Ninho de Pássaro”, na qual analisa o perfil da juventude empresarial chinesa responsável pela realização dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, também cobertos por ele. Participou com artigos, ainda, de “Jornalismo em Brasília”, “Marketing e Mobilização Social I e II” e “Espaços da História Cultural”. Escreve para revistas especializadas sobre jornalismo esportivo e história. Concentra, entretanto, seu interesse em questões relacionadas à América Latina.