O presidente Luís Inácio Lula da Silva poderá ser sagrado secretário-geral da Unasul – União das Nações Sul-Americanas -, na reunião ordinária de amanhã, em Georgetown, na Guiana, com a presença já confirmada de oito dos 12 chefes de Estado do sub-continente. O cargo vinha sendo exercido pelo ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner, falecido no mês passado.
O nome de Lula, na verdade, concorre com o do ex-presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez, mas goza da confiança quase total dos outros presidentes, não só por relação de amizade, como também por encarnar a defesa da unidade e da integração latino-americana. Seu nome já estava quase acertado para chefiar o novo organismo que congrega, não só a América do Sul, mas toda a América Latina, incluindo a Central e o Caribe – a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), criada na reunião de fevereiro, em Cancún, no México, e com previsão de instalação em junho de 2010, em Caracas, conforme foi proposto pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. A menos que haja alguma outra contingência, tudo indica que Lula já terá um emprego para depois que deixar a presidência do Brasil, em 1o. de janeiro de 2011.
O fato mais importante da reunião, contudo, será a aprovação de uma cláusula democrática, destinada a matar no nascedouro as tentativas de golpe de Estado, que redundou no assaltop ao poder pelos militares, em Honduras, em 2009, mas que foi abortado no Equador, no início de outubro último, quando a polícia sublevada prendeu o presidente Rafael Correa durante 10 horas, na capital Quito.
Segundo o embaixador Antônio Simões, delegado brasileiro na Unasul (veja vídeo acima), há um consenso a respeito da necessidade da inclusão de uma cláusula que consolide o compromisso da organização com a defesa dos princípios democráticos. “Se alguma democracia estiver ameaçada, a Unasul vai ter um mecanismo de proteção: esse país vai ser suspenso da organização enquanto a democracia não for restabelecida”, disse.
A Cúpula de Georgetown marca o final da presidência pró-tempore do Equador e o início da presidência da Guiana.