sábado, setembro 21, 2024
InícioAmérica LatinaO golpista Federico, novo ídolo da mídia

O golpista Federico, novo ídolo da mídia

Depois de tentar reverter, com grosseiros factóides, a decisão do Mercosul de incluir a Venezuela, e suspender o Paraguai, a mídia faz agora um esforço ingente para projetar o golpista paraguaio Federico Franco como um dos paladinos da democracia latino-americana.

A revista Veja, em sua última edição, de número 2.277, dedica o editorial e suas célebres páginas amarelas ao vice do deposto presidente Fernando Lugo, em que, a semanal abriliana insiste na montagem tosca do vídeo denunciando intenções golpistas do governo venezuelano: “Agora é você o golpista”, ironizou o presidente Hugo Chávez, que sempre faz alusão à crônica de Eduardo Galeano ao mundo ao revés, ao dirigir-se a seu chanceler Nicolás Maduro.

O iracundo editorial da Veja, que não faz nenhuma referência ao vídeo do governo golpista de Franco, editado e sem som, e depois desmontado por uma produção da Rede Telesur, que reproduziu todo o encontro dos chanceleres no Palácio López,em que Maduro teria incitado os militares ao golpe para preservar o mandato de Lugo, ainda denunciou a diplomacia da presidenta Dilma Rouseff:

“Alguns episódios causam a preocupação de que possa estar em curso um retrocesso.. Um desses episódios foi a bizarra reação brasileira ao processo constitucional de impeachment que tirou a presidência do Paraguai o esquerdista Fernando Lugo”. Como se vê, para a Veja, que também apoiou o golpe contra o presidente Manuel Zelaya, dem Hionduras, em 2010, não houve golpe, o que houve foi um “processo constitucional de impeachment”.

A revista, na edição anterior, de número 2.276, denunciou em suas páginas “o golpe de Nicolás Maduro”, como se a gente fosse desinformado e não houvesse as redes sociais para alertar e desnudar de imediato estas e outras patranhas cuja origem conhecemos muito bem: os laboratórios da CIA e companhia, fielmente reproduzidos pela revista e alguns colunistas dos jornalões. Causou estranheza, no entanto, o fato de Veja não se referir ao vice-presidente da República do Uruguai, Danilo Astori e o chanceler Luís Almagro, os quais, dobraram-se às intrigas midiáticas, inventando umas histórias estranhas contra a presidenta Dilma Rousseff, mas que foram prontamente desautorizados pelo presidente Jose Mujica.

Mesmo assim, Veja estava posessa com o Itamaraty, ao enfaizar no editorial, intitulado “Aliança para o atraso”, estampando uma foto dos presidentes reunidos na última cúpula conjunta do Mercosul e da Unasul:
“A diplomacia brasileira foi, para ficarmos com a hipótese mais benigna, merca espectadora na inaceitável tentativa do venezuelano Hugo Chávez de fomentar um golpe militar em Assunção, e, assim, evitar a saída de Lugo do poder”.
Como se sabe, a versão do golpe venezuelano, tão proclamda pela Veja e praticamente o resto da mídia brasileira, foi cabalmente desmentida por todos os chanceleres presentes à reunião com Lugo e Federico Franco, horas antes de os trogloditas do Senado decretarem a deposição do presidente constitucional, eleito democraticamente pelo sufrágio poular e universal. Entre os chanceleres, está a ministra das Relações Exteriores a Colômbia, Maria Ángela Holguín, que não é exatamente uma esquerdista ou uma chavista, que fez questão de dar um desmentido particular da matreira versão.

Para refrescar a memória dos que ainda duvidam da manipulação paraguaia e midiática brasileira, reproduzimos abaixo, em vídeo no Youtube,a versão completa construída pela Telesur, que foi recebida como autêntica pela imprensa mundial, à exceção logicamente da brasileira.

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Most Popular

Recent Comments

PAULO ROBERTO DOS ANJOS OLIVEIRA on Próximo factoide: a prisão do Lula
cleonice pompilio ferreira on Golpe de 64: quando Kennedy chamou os militares
José rainha stedile lula da Silva Chávez on Projeto ditatorial de Macri já é emparedado nas ruas
maria teresa gonzalez perez on Crise e impasse institucional
maria teresa gonzalez perez on La Plata: formando um novo tipo de jornalista
maria teresa gonzalez perez on Maduro prepara Venezuela para a guerra civil
maria teresa gonzalez perez on Momentos emocionantes da apuração do 2o. turno
Pia Torres on Crítica do filme Argo
n_a_oliveira@hotmail.com on O que disse Lula a Mino Carta, meus destaques
José Gilbert Arruda Martins on Privatizações, novo filme de Sílvio Tendler
Maria Amélia dos Santos on Governador denuncia golpe em eleição
Prada outlet uk online on Kennedy e seu assassinato há 50 anos
http://www.barakaventures.com/buy-cheap-nba-indiana-pacers-iphone-5s-5-case-online/ on Oliver Stone em dois documentários sobre Chávez
marcos andré seraphini barcellos on Videoentrevista: Calos Lupi fala do “Volta Lula”
carlos gonçalves trez on Crítica do filme O Artista
miriam bigio on E o Brasil descobre o Oman
Rosana Gualda Sanches on Dez anos sem Darcy Ribeiro
leitefo on O Blogueiro
Suzana Munhoz on O Blogueiro
hamid amini on As razões do Irã
leitefo on O Blogueiro
JOSÉ CARLOS WERNECK on O Blogueiro
emidio cavalcanti on Entrevista com Hermano Alves
Sergio Rubem Coutinho Corrêa on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola
Stephanie - Editora Saraiva on Lançamento: Existe vida sem poesia?
Mércia Fabiana Regis Dias on Entrevista: Deputada Luciana Genro
Nielsen Nunes de Carvalho on Entrevista: Deputada Luciana Genro
Rosivaldo Alves Pereira on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola
filadelfo borges de lima on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola