Por FC Leite Filho
Autor de Quem tem medo de Hugo Chávez
A utilização de um pequeno e corrupto governo, o do Panamá, pedaço arrancado da Colômbia e chefiado pelo empresário Ricardo Martinelli, para possibilitar uma virtual intervenção da OEA na Venezuela, foi derrotada nesta madrugada, na sede do antigo organismo, em Washington.
A Organização dos Estados Americanos, entidade supostamente representativa dos 34 países das Américas do Norte, Central e do Sul, com sede em Washignton, ao lado da Casa Branca,, já expulsou Cuba (1962) e convalidou todas as intervenções e golpes militares engendrados pelos Estados Unidos no continente latino-americano, nos doisúltimos dois séculos.
Como essa vitória da Venezuela foi possível? Segundo o presidente Nicolás Maduro, o fato deveu-se à união dos países amigos (a votação final foi de 29 a 3), à frente o Brasil e a Argentina – Os votos contrários foram dos Estados Unidos, Canadá e do autor da proposta, o Panamá.
Professora mexicana lembra Operação Mongoose, em Cuba
Com efeito, a manobra destinava-se a respaldar as agressões de grupos de mercenários que, se dizendo estudantes, vêm, desde 12 de fevereiro, trancando vias, incendiando ônibus, estações do metrô, escolas e postos de saúde e colocando bombas em redes elétricas e refinarias.
No afã de abalar e desmoralizar o governo, tais grupos chegaram ao desatino de explodir uma árvore centenária e a deixaram no meio de uma rua de Maracaibo para sugerir um pretenso desgoverno. Todos esses atos eram espetaculosamente multiplicados pela mídia internacional, muitas vezes usando imagens falsas de tumultos na Síria, Egito e Chile, como querendo provar que o caos estava reinando na Venezuela.
A experiência do ex-embaixador no Iraque
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Reação de Maduro à decisão da OEA
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Com muita habilidade e determinação, o governo agiu em três frentes: 1) na de segurança, retomando as ruas e pontes assaltadas, com a prisão e desarticulação dos bandos criminosos, inclusive seu líder maior, Leopoldo López, ex-agente da CIA, trancafiado há 15 dias numa cadeia de segurança máxima, próxima a Caracas; 2) na midiática, denunciando os atentados terroristas, através de sua mídia própria (de pequeno alcance mas muita eficácia), à frente a rede multiestatal latino-americana Telesur, a VTV e suas brigadas de internautas nos blogs e redes sociais; e, 3) na diplomática, atuando diretamente em sintonia com a Rússia e China, que asseguraram seu apoio ao enviado especial a Moscou e Pequim, o ministro Rafael Ramírez, e um giro do chanceler Elías Jaua, pela América Latina, Geneva e Nova York (veja vídeo de Helena Iono da entrevista de Jaua).
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Vídeo da nossa repórter Helena Iono sobre a passagem do chanceler Jaua por Brasília
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Antes de terminado fevereiro, ou seja, depois de 15 dias de tumultos incendiários, o governo já tinha completo controle da situação. Permaneceram agindo grupos isolados em alguns bairros ricos de Caracas e outras capitais, que ainda provocam mortes e feridos (neste sábado, o total chegava a 21 de vítimas fatais). Atuam sem qualquer simpatia da população, a qual rechaça esses atos em 87% , segundo apontou pesquisa recente. Os ataques abrangiam as principais regiões do país, concentrando-se na fronteira com a Colômbia, onde se comprovou o envolvimento de grupos paramilitares ligados ao ex-presidente Álvaro Uribe,
O golpe final, no entanto, estava sendo preparado nos corredores da OEA, no centro de Washington, próximo à Casa Branca. O Panamá, tendo por trás os Estados Unidos, entrou surpreendentemente com uma moção estabelecendo a ida de uma missão de observadores, os quais, com o apoio maciço da mídia transnacional, poderiam implicar uma aberta intervenção na Venezuela.
Mas o presidente do país, Nicolás Maduro agiu rápido. O homem que essa mesma mídia insiste em chamar desdenhosamente de “ex-motorista de ônibus”, o que ele foi, na realidade, mas que tem curso universitário em Cuba e se tornou um dos maiores chanceleres da América Latina, posto que ocupou por seis anos no governo de Hugo Chávez, anunciou o rompimento de relações diplomáticas com o Panamá, em discurso, na homenagem do primeiro aniversário d morte de Chávez,. Dois dias depois mandou expulsar o embaixador e outros três diplomatas panamenhos. Enquanto isso, em diplomacia direta pelo telefone com os presidentes dos países da região, à frente Argentina, Brasil, Uruguai, Bolívia, Colômbia e México, acertou a rejeição da moção panamenha e o voto de solidariedade a Venezuela, afinal, aprovado na madrugada deste sábado, 08/03/2014.
– Com 29 votos a favor e três contra, de Estados Unidos, Canadá e Panamá, a OEA abre assim o caminho para condenar a violência e descarta que uma comissão observadora vá a Venezuela para constatar a situação produto dessa violência , como se havia proposto anteriormente – disse o embaixador venezuelano na OEA, Roy Chaderton
Agora, o problema venezuelano será tratado de forma soberana pela Unasul, em Santiago do Chile, no dia 12 de março, quando já terá assumido o governo a presidenta socialista Michelle Bachelet, com posse marcada par o dia anterior. O chanceler Elías Jaua reconheceu que “esta conquista foi fruto do legado de integração do líder bolivariano Hugo Chávez, continuado pelo ex-presidente brasileiro Lula da Silva e posteriormente por Dilma Roussef, e Néstor e Cristina Kirchner, na Argentina”. E soberanamente, porque a Unasul é um forum independente constituído dos 12 países sul-americanos, não tendo a tutelá-lo a presença ameaçadora dos Estados Unidos. Também estarão fora o Canadá e o governo títere do Panamá.
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Fala o chanceler Elías Jaua a José Vicente Rangel
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Entrevista do presidente Nicolás Maduro na CNN
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Denúncia sobre o papel da mídia internacional
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“Nosso embaixador Roy Chaderton nos explicou que foram veementes as intervenções em defesa da Venezuela”, disse Jaua, depois assinalando que a reunião de emergência da Unasur, dia 12, em Santiago,
oferecerá em detalhe a a verdadeira realidade na Venezuela”
É importante a leitura do material contido nos links abaixo, cada um com vídeo:
http://globovision.com/articulo/oeaoea-aprueba-declaracion-de-solidaridad-y-llamado-al-dialogo-en-venezuela
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Último documentário de Oliver Stone “Mi amigo Chávez”