A segunda delas é que não bastam ao repórter a dedicação, o esforço, a coragem, o arrojo e a juventude. Estas são qualidades que caem muito bem em atletas e soldados. Se se exigisse do pensamento a velocidade de uma bala ou a força de um golpe de boxe, os repórteres mais cheios da energia dos vinte anos seriam os melhores. O nível amesquinhador da reportagem a que chegamos exige do jornalista na frente da câmera antes de mais nada a beleza física, de preferência vestida em poucos anos de idade, para que a telinha brilhe mais como um espaço de diversão. Mas não só, compreendemos. Um repórter, em começo de carreira, é mais facilmente manipulável, obedece com menos resistência às sugestões dos editores ocultos da notícia. Os repórteres mais jovens têm a força de passar muitas horas de plantão, comendo mal e dormindo pior, por um minuto de fama, para todos os pontos do Brasil. Continua. ..)
Tragédia de Eloá: a notícia vira novela
(Publicado originalmente em Qua, 22 de Outubro de 2008)
O drama da jovem Eloá deixa na gente algumas lições. A primeira é que não basta, para relatar bem uma notícia, o seu acompanhamento sistemático, massivo, ao vivo. Por mais de 100 horas todas as redes de televisão levaram para todo o Brasil as imagens da jovem seqüestrada em flashes, reportagens, chamadas, pesquisas, entrevistas, num autêntico show de circo de cobertura. Mil e um recursos técnicos, tecnológicos, sinais, satélites, transmissões do século XXI foram usados. E no entanto, tudo se passou como se fôssemos jogados em uma rua deconhecida, sem números ou placas. Onde ficou mesmo a informação? O drama da jovem Eloá deixa na gente algumas lições. A primeira é que não basta, para relatar bem uma notícia, o seu acompanhamento sistemático, massivo, ao vivo. Por mais de 100 horas todas as redes de televisão levaram para todo o Brasil as imagens da jovem seqüestrada em flashes, reportagens, chamadas, pesquisas, entrevistas, num autêntico show de circo de cobertura. Mil e um recursos técnicos, tecnológicos, sinais, satélites, transmissões do século XXI foram usados. E no entanto, tudo se passou como se fôssemos jogados em uma rua deconhecida, sem números ou placas. Onde ficou mesmo a informação?
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