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Crítica do filme Enterrado Vivo

Lançado no Festival Sundance, Enterrado Vivo põe em evidência o nome do seu  talentoso realizador, o jovem cineasta espanhol Rodrigo Cortés, por conseguir impor  um clima  claustrofóbico e de suspense em sua narrativa sobre um episódio que teria ocorrido na guerra do Iraque, colocando apenas um ator em cena e explorando o espaço restrito de um caixão de madeira na amplidão da tela panorâmica.

Com base no roteiro de Chris Sparling, Cortés narra a história de um condutor de caminhão americano, Paul Conroy (Ryan Reynolds), que, após ser atacado por um grupo de terroristas, é enterrado vivo num lugar qualquer do território iraquiano, dentro de um caixão, onde dispõe de pouquíssimos meios para tentar se libertar, como: uma caneta, um isqueiro, uma lanterna, uma diminuta garrafa de uísque e um celular, cujo número desconhece.

A ação se passa durante o ano de 2006. De início, Paul não sabe dizer o que foi que lhe aconteceu. Aos poucos, porém, começa a se lembrar que ele e outros caminhoneiros, viajando em comboio, foram atacados por terroristas, os quais, à sua frente, mataram vários de seus colegas, antes de enterrá-lo. Ao se dar conta da existência, no caixão, de um celular, Paul tenta manter contato com sua esposa Linda Conroy (Samantha Matthis) e com a firma para a qual trabalha, mas não é bem sucedido, deixando apenas recados pela secretária eletrônica.

No breve contato que mantém com FBI, Paul  não sabe explicar o que  lhe aconteceu, mas pelas indagações que lhe foram feitas pelo agente Harris (Erik Palladino), antes de cair a ligação, ele deduz que está sendo vítima de um sequestro. E, de fato, logo em seguida, recebe a ligação do sequestrador (José Luis Garcia Pérez), que lhe exige o pagamento do resgate de 1 milhão de dólares. Desesperado, Paul afirma não ter essa quantia, pois se a tivesse – conclui chorando – não estaria trabalhando no Iraque. O sequestrador lhe dá um tempo para tentar conseguir o dinheiro com sua empresa empregadora ou com o governo norte-americano.

Por acaso, Paul consegue falar com Dan Brenner (Robert Paterson), homem da sua empresa, que presta assistência a vítimas de atentados terroristas. Brenner o aconselha a se manter menos tenso para não esgotar o oxigênio que ainda lhe resta, comunicando-lhe que providências estão sendo tomadas a fim de se poder localizar o local em que ele se encontra enterrado. Paul não está, porém, convencido de que isso seja verdade. Pergunta a Brenner se ele se lembra do nome de alguém que tenha conseguido  se libertar de um sequestro. A resposta que obtém de Brenner é a de que, três semanas atrás, havia sido resgatado um homem chamado Mark White.

Pelos recursos técnicos que emprega para desenvolver sua linguagem, Cortés deixa mais do que claro que seu status metodológico segue à risca os preceitos preconizados pelo mestre Alfred Hitchcock, uma vez que, como ele, é rigoroso no uso do corte – tanto que se encarregou também  da edição do filme – e pela continuidade que sabe dar por meio de um eficiente comentário musical, de Victor Reyes, que ora é melancólico, terno e fugaz, ora é tenso ou, mais que isso, exasperante. Como não poderia deixar de ser, Cortés trabalha, na composição de planos, com o close (plano fechado) e com a câmara de Eduard Grau bem rente ao rosto do canadense Ryan Reynolds captado, quase sempre em mutação por sombras (também outro elemento hitchcockiano), pela gradação de luz ou pela areia que começa aos poucos a se infiltrar pelas frestas da madeira do caixão. De Reynolds, ator pouco expressivo, ele consegue uma interpretação que, se não chega a ser brilhante, é satisfatória. A única restrição que se pode fazer à direção de Cortés diz respeito à cena final que, embora previsível a partir de um determinado momento da película, poderia ser, sob o ponto de vista técnico, mais interessante.

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA

ROTEIRO, Brasília, Revista

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FICHA TÉCNICA

ENTERRADO VIVO

BURIED

Espanha / 2010

Duração – 94 minutos

Direção – Rodrigo Cortés

Roteiro – Chris Sparling

Produção – Adrián Guerra, Peter Safra, Samuel Hadida

Fotografia – Eduard Grau

Trilha Sonora – Victor Reyes

Edição – Rodrigo Cortés

Elenco – Ryan Reynods ( Paul Conroy), Samantha Mathis (Linda Conroy), Robert Paterson (Dan Brenner), José Luis Garcia Pérez (Sequestrador), Erik Palladino (Agente do FBI).

leitefo
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Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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