Aconteceu o que todos temiam: a Arábia Saudita foi atraída para a guerra. Até há pouco haviam se registrarado apenas algumas manifestações anti-governamentais de pequeno porte no Oriente Médio. A última delas, na quinta-feira, provocou a queda nas bolsas de valores de todo o mundo, inclusive a de São Paulo. Trata-se do maior produtor de petróleo e grande fornecedor para os Estados Unidos, Alemanha, França e Inglaterra. Por isso, a ação bélica poderá provocar uma nova alta no preço do petróleo, já tendo advertido o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, outro país petroleiro, que poderá chegar a 200 dólares o barril.
Nesta manhã, tropas sauditas e dos Emirados Árabes Unidos entraram em Bahrain, outro país árabe conflagrado pelas rebeliões, com o fim de sufocar protestos populares naquele pequeno reino, que sedia a V Frota da Marinha norte-americana. Um comboio de 150 tanques e 50 outros veículos armados leves cruzaram a ponte ligando os dois reinos e estavam se dirigindo para “proteger” os poços de petróleo e propriedades da família real Khalifa. Naquele momento, a secretária de Estado Hillary Clinton, chegava a Paris para uma reunião de chanceleres do G8 (Estados Unidos, Japão, Rússia, Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Canadá) com o fim de articular uma resposta aos avanços do líder líbio, Muammar Kadhaffi sobre as forças rebeldes que ainda resistem no leste daquele pais.
Uma autoridade citada pelo site do New York Times disse que os Estados Unidos estavam “altamente preocupados” por aquela movimentação de tropas, observando que “os protestos de Bahrain necessitam de uma solução política e não militar”. O Departamento de Estado enviou seu scretário- assistente para o Oriente Próximo, Jeffrey D. Feltman, para Bahrain, nesta segunda-feira. Em notas, a oposição barenita considerou a chegada de qualquer soldado ou veículo militar “uma aberta ocupação do reino de Bahrain e uma conspiração contra o povo desarmado do país”.
Segundo o jornal NYT, a Casa Branca tentou pressionar o governo de Bahrain a atender às reivindicações dos manifestantes, preocupada com a possibidade de o Irã, um país xiita, de explorar a maioria xiita do reino, que não tem participação no governo. “Meu ponto de vista é que não há provas indicando que o Irã começou qualquer dessas revoluções ou manifestações populares na região”, comentou o secretário de Defesa, Robert Gates, acrescentando: “Mas há uma prova clara que o processo está se estendendo, particularmente em Bahrain, e que os iranianos tentam formas para explorar a situação e criar problemas”.