sexta-feira, novembro 22, 2024
InícioAmérica LatinaHumala é o nono progressista de 12 presidentes da AS

Humala é o nono progressista de 12 presidentes da AS


Por FC Leite Filho

Enquanto a Europa varre a esquerda, de ponta a ponta (Portugal foi o último, neste domingo), a América do Sul elegia ontem seu nono presidente progressista, de um total de 12. Trata-se de Ollanta Humala, um militar nacionalista, filho de intelectual indigenista, que deu nome de índio a todos os seus filhos, é alinhado com a política de inclusão social de Hugo Chávez, na Venezuela, e por isso mesmo, satanizado pela mídia e os mercados.

Os países sul-americanos que vem desenvolvendo políticas voltadas para os interesses das grandes maiorias e não dos oligopólios transnacionais são:  Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Equador, Venezuela, Nicarágua e, agora, o Peru. Todos seus presidentes foram eleitos através de eleições, as mais democráticas e polarizadas, em alguns países, mais de uma vez, e a maioria enfrentando o desigual bombardeio econômico.

Talvez aqui resida a diferença entre a esquerda sul-americana e a européia. É que na Europa, a esquerda deixou-se dominar pelo grande capital e a cutela do Fundo Monetário Internacional, que as obrigaram a implantar programas terrivelmente impopulares. Veja-se o caso da Espanha, onde a política industrial de socialista José Luiz Zapatero provoca o desemprego de 21,5%, mais do dobro do que no Brasil, sendo que, entre os jovens, esta cifra sobe a 45%. Na França, o Partido Socialista estava enamorado de que ninguém menos que o diretor-geral do FMI. Dominique Strauss-Kahn, era seu presidenciável mais forte nas pesquisas até a prisão dele, por assédio a uma camareira de hotel, em Nova York.  Por sua vez, a Grécia é hoje um país conflagrado, porque seu primeiro ministro George Papandreou, filho e neto de governantes socialistas, pôs-se de quatro diante do FMI e da Comunidade Européia e vem impondo uma política fiscal de arrocho,  com cortes cruéis nos salários, no emprego, nas pensões e na produção.

Felizmente, o panorama sul-americano,  ao qual se junta agora Ollanta Humala,  justamente por causa de uma política coerente e responsável de seus governantes progressistas, mantem taxas de desenvolvimento e de inclusão bem acima, não só dos da Europa, como dos outros países sob regime neoliberal: Chile, Colômbia (O Suriname é um caso à parte). Muitos deles eliminaram o analfabetismo, em reformas educacionais de grande amplitude e implantaram programas sociais que acabaram revertendo na criação de mais emprego e ampliação de seus mercados internos e intramericano.

O intercâmbio entre eles foi outra grande conquista, porque, ao diminuir a dependência das grandes potências – Estados Unidos e Europa -, eles facilitaram a trocas comerciais e propiciaram a transferência tecnológica. Alguns deles foram mais longe, como o intercâmbio Brasil e Argentina, que eliminaram o pedágio do dólar, ao fazer transações com suas próprias moedas. Claro que tudo isso implica em menos ganhos para os grandes oligopólios, o que explica a exasperação de nossas mídias nativas.
No caso do Peru, o país que recebe Humala, é aquele sujeito, até aqui, ao neoliberalismo e a um tratado específico de “livre comércio” com Washington, e que vem exibindo níveis invejáveis de 6,5%de crescimento e 3% de inflação, mas só para as minorias privilegiadas. No plano social, o panorama é bem outro. Segundo levantamento publicado hoje no jornal O Globo, 27% das residências da área urbana não têm água potável, situação que se agrava no interior, onde este percentual pula para 56%. Metade dos jovens peruanos vive em situação de pobreza (situação na qual se encontram 35% da população) sequer tem acesso à escola secundária. Humala promete mudar essa conjuntura, sem traumas e atropelos, mas com um programa coerente e democrático, assim como o vem fazendo seus oito colegas nacionalistas da América do Sul

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Most Popular

Recent Comments

PAULO ROBERTO DOS ANJOS OLIVEIRA on Próximo factoide: a prisão do Lula
cleonice pompilio ferreira on Golpe de 64: quando Kennedy chamou os militares
José rainha stedile lula da Silva Chávez on Projeto ditatorial de Macri já é emparedado nas ruas
maria teresa gonzalez perez on Crise e impasse institucional
maria teresa gonzalez perez on La Plata: formando um novo tipo de jornalista
maria teresa gonzalez perez on Maduro prepara Venezuela para a guerra civil
maria teresa gonzalez perez on Momentos emocionantes da apuração do 2o. turno
Pia Torres on Crítica do filme Argo
n_a_oliveira@hotmail.com on O que disse Lula a Mino Carta, meus destaques
José Gilbert Arruda Martins on Privatizações, novo filme de Sílvio Tendler
Maria Amélia dos Santos on Governador denuncia golpe em eleição
Prada outlet uk online on Kennedy e seu assassinato há 50 anos
http://www.barakaventures.com/buy-cheap-nba-indiana-pacers-iphone-5s-5-case-online/ on Oliver Stone em dois documentários sobre Chávez
marcos andré seraphini barcellos on Videoentrevista: Calos Lupi fala do “Volta Lula”
carlos gonçalves trez on Crítica do filme O Artista
miriam bigio on E o Brasil descobre o Oman
Rosana Gualda Sanches on Dez anos sem Darcy Ribeiro
leitefo on O Blogueiro
Suzana Munhoz on O Blogueiro
hamid amini on As razões do Irã
leitefo on O Blogueiro
JOSÉ CARLOS WERNECK on O Blogueiro
emidio cavalcanti on Entrevista com Hermano Alves
Sergio Rubem Coutinho Corrêa on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola
Stephanie - Editora Saraiva on Lançamento: Existe vida sem poesia?
Mércia Fabiana Regis Dias on Entrevista: Deputada Luciana Genro
Nielsen Nunes de Carvalho on Entrevista: Deputada Luciana Genro
Rosivaldo Alves Pereira on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola
filadelfo borges de lima on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola