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Crítica do filme Assalto ao Banco Central


Em meio a tantas espertas intenções comerciais – algumas de baixíssimo nível – que caracterizam o cinema brasileiro da atualidade, Assalto ao Banco Central, de Marcos Paulo, se não convence, também não aborrece de todo. Pelo menos, não se pode deixar de ressaltar a honestidade na elaboração do roteiro e na direção, além de um razoável preparo técnico dos atores.

O roteiro de René Belmonte, que se baseia em fatos reais, amplamente divulgados pela imprensa do país, é estruturado de forma a mostrar os preparativos do assalto à sede do Banco Central, em Fortaleza (2005), em alternância com as investigações policiais desencadeadas pelo fato consumado, o que torna tudo, desde o início, óbvio e previsível.

O grupo de assaltantes se forma sob a liderança de um indivíduo frio e calculista, Barão (Milhem Cortaz), que tira da cadeia um estelionatário, Mineiro (Eriberto Leão), a quem expõe o seu plano. É possível que a escolha do Mineiro tenha sido feita pelo Barão sob a influência de sua amante, Carla (Hermila Guedes), uma prostituta que, sem lhe dar noticia disso, já tivera um caso com ele.

Mineiro é um tipo maneiroso, boa pinta e conciliador – é pena que o intérprete não explore toda a potencialidade da personagem -, que ajuda o Barão, um casca grossa, a formar o bando, constituído de um engenheiro, Doutor (Tonico Pereira), comunista de carteirinha, seguidor da cartilha marxista-leninista, mas que sonha em obter por qualquer meio – lícito ou ilícito – uma boa grana, na cueca ou fora dela, como virou costumeiro por aqui, para tomar um bom vinho em Paris.

Os demais voluntários são de estirpe inferior: Tatu (Gero Camilo), um furador de túneis, que já usou suas habilidades para fugir de presídios; Devanildo (Vinicius de Oliveira), irmão de Carla, um abobalhado; Léo (Heitor Martinez), um ex-policial expulso da corporação por seu envolvimento com um esquema de extorsão; Firmino (Cadu Fávero), Caetano (Fábio Lago), Décio (Juliano Cazarré) e Saulo (Creo Kellab), criminosos comuns, contratados para prestar serviço braçal na construção de um túnel.

A ação policial é comandada por Chico Amorim (Lima Duarte), delegado da Policia Federal, prestes a se aposentar, procedente de São Paulo, onde prendeu meia dúzia de bandidos, que lá tiveram sua fama passageira no passado. Separado da mulher, ele agora vive só, em Fortaleza, totalmente dedicado, como sempre o foi, à sua função profissional. Nessa investigação, ele é assessorado por uma também delegada federal, Telma (Giulia Gam), que é meio avançadinha, pois lida com computador – coisa estranha para ele – e, para sua surpresa, tem uma namorada, muito bonita por sinal, conforme ele diz.

A direção de Marcos Paulo segue a linguagem televisiva de planos fechados ao excesso apenas para apresentar as personagens, que dialogam por meio de vocábulos monossilábicos ou palavrões, ditos, como manda o figurino do realismo impactante, de supetão. Não há ação, pois a estratégia do assalto se resume na construção de um túnel até porque se afigura tarefa fácil aos assaltantes apoderar-se da dinheirama ( R$ 164.7 milhões) exposta no caixa forte do BACEN sob a proteção de apenas um guarda sonolento. O mistério que fica em aberto é o da personagem Martinho (Antônio Abujamra), de dentro da instituição, que forneceu aos idealizadores do assalto todas as informações sobre a localização do dinheiro, o qual, na maior parte, seguiria para São Paulo.

Entre os atores, à exceção de Vinicius de Oliveira, que faz indevida caricatura da ingenuidade de Devanildo, todos os demais apresentam razoável desempenho, na base muitas vezes da improvisação e seguindo as orientações recebidas da preparadora do elenco, Fátima Toledo. O destaque é para Lima Duarte, como o delegado Amorim, que tem bons momentos nas cenas finais, e Milhem Cortaz no papel do Barão, que já realizara trabalho digno de nota em Tropa de Elite II. De experiência teatral – porque egresso do grupo de Antunes Filho –, o ator tem boa voz, boa dicção e pleno domínio de cena.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
www.theresacatharinacampos.com
www.arteculturanews.com
www.noticiasculturais.com
www.politicaparapoliticos.com.br
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FICHA TÉCNICA
ASSALTO AO BANCO CENTRAL
Brasil / 2011
Duração – 104 minutos
Direção – Marcos Paulo
Roteiro – René Belmonte
Produção – Marcos Didonet, Vilma Lustosa e Walkiria Barbosa
Fotografia – José Roberto Eliezer
Trilha Sonora – André Moraes
Edição – Felipe Lacerda
Elenco – Milhem Cortaz (Barão), Mineiro (Eriberto Leão), Hermila Guedes (Carla), Lima Duarte (Chico Amorim), Giulia Gam (Telma), Tonico Pereira (Doutor), Gero Camilo (Tatu), Vinicius de Oliveira (Devanildo), Heitor Martinez (Léo), Cadu Fávero (Firmino), Fabilo Lago (Caetano), Juliano Cazarré (Décio), Creo Kellar (Saulo),

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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