Os jornais da Inglaterra indicam hoje que seu país poderá enviar um submarino nuclear para “defender” os navios das Ilhas Malvinas, agora proibidos de aportar nos quatro países integrantes do Mercosul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A medida, uma evidente chantagem de guerra, reage à decisão do organismo do cone-sul, que considerou ilegal a bandeira Falklands (nome inglês para as Malvinas) das ilhas cuja soberania é reclamada pela Argentina.
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Comentário de The Economist
O jornal Daily Mail vai ainda mais longe ao afirmar que o ministro da defesa, Philip Hammond, foi informado em Londres da possibilidade de um novo conflito bélico contra a Argentina, em caso de aumento das tensões bilaterais. Segundo ainda o Mail, funcionários da Inteligência informaram a Hammond e ao Conselho de Segurança Nacional que, se houver uma ameaça, “faremos preparativos bem rápidos”.
Unidade e apoio à Argetnina – Reunido esta semana em Montevidéu, com a presença dos presidentes Dilma Rousseff, Cristina Kirchner, José Mujica e Fernando Lugo, o Mercosul quis também enviar uma mensagem de unidade de seus países membros. Na verdade, os quatro chefes de estado queriam enfatizar que aqui já não mais existem as ditaduras militares no continente (1964-1985). Estas, tuteladas pelos Estados Unidos, aliado carnal da Inglaterra, permitiram o abastecimento, em seus territórios, de aviões e navios militares levando reforços para os soldados ingleses na Guerra das Malvinas, de 1982, com o fim de massacrar os soldados argentinos que haviam ocupado o arquipélago situado no Atlântico sul, o que acabou propiciando a vitória e a reocupação, pelos britânicos, do território, rico em petróleo e minerais estratégicos.
Malvinas – a primeira resistência gaúcha, há 179 anos
Tais países são agora governados por presidentes democraticamente eleitos e comprometidos, não mais com os oligopólios estrangeiros, como também ocorreu no regime neoliberal ditado pelo Consenso de Washington (1986-1999) seguido ao militar, com a missão de defender sua soberania e promover o desenvolvimento com inclusão social. Para isto, estão se organizando, além do Mercosul, em organismos multilaterais e independentes, como a UNASUL (União de Nações Sul-Americanas) e, mais recentemente, a CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Estes organismos, que também ativam a integração comercial, econômica e cultural, estão estruturando mecanismos de defesa militar e estratégica para proteger seu território das ameaças externas (Clique aqui para a vídeo-entrevista com o ex-deputado José Genoíno, assessor especial do ministério da Defesa).
Tratou-se também de uma homenagem à presidenta Cristina Kirchner, que assumiu a presidência rotativa do organismo. Cristina vem fazendo peregrinação a todos os países da América Latina, denunciando “a prepotência” da Inglaterra em rejeitar qualquer entendimento sobre a devolução das Malvinas, ocupadas por forte aparato militar britânico, com beneplácito dos Estados Unidos.
Na verdade, esses estadistas reforçaavam seu propósito de união e cooperação que, ao longo dos últimos anos, vem rechaçando os ataques especulativos no campo financeiro. Isso permitiu, por exemplo, evitar o contágio das crises mundiais de 2008 e 2011, com todo o seu cortejo de quebradeira, recessão e desemprego, em seus territórios. Hoje, os países sul-americanos registram consideráveis taxas de crescimento e inclusão social, enquanto a Europa amarga profunda recessão e os Estados Unidos debatem-se com uma crisde de falta de habitação e desemprego em alto nível.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que também participou do encontro do Mercosul, na segunda-feira, 19/12, e é um dos principais articuladores deste novo espírito de unidade entre os dirigentes sul e latino-americanos, costuma dizer que, “se nossos países estivessem unidos na época da Guerra das Malvinas, os ingleses não passariam do Caribe”. Resta ver até onde vai essa unidade e se a Inglaterra, depauperada por enorme debacle econômica, terá o topete de ir além das ameaças ou das simples chantagens.
Pronunciamento da presidenta Dilma no Mercosul