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Crítica do filme Sete Dias com Marilyn


Com uma interpretação excepcional de Michelle Williams, indicada ao Oscar de Melhor Atriz deste ano e, na verdade, de todo o elenco, integrado por importantes atores britânicos, Sete Dias Com Marilyn, de Simon Curtis, é um belo filme, que focaliza a penosa semana que Marilyn Monroe passou em Londres para rodar, sob direção de Sir Laurence Olivier, a comédia O Príncipe e a Corista (1956).

O roteiro de Adrian Hodges, baseado no livro The Prince, The Showgirl and Me and My Week With Marilyn, de Colin Clark, de característica biográfica, fornece suficientes informações sobre os conflitos que se estabeleceram – e se refletiram no set de filmagens – entre dois famosos casais de astros do cinema, em crise, na década de cinquenta do século passado. Tudo é narrado sob a ótica de um jovem, Colin (Eddie Redmayne), de ascendência nobre, recém-saído da universidade, que aspirava a trabalhar no cinema, na área de produção. Persistente no seu objetivo, ele consegue, graças à interferência de Vivien Leigh (Julia Ormond), esposa de Sir Laurence Olivier (Kenneth Branagh), o primeiro emprego na nova produção dele.

Para surpresa de todos, Olivier escolhera como intérprete de sua película Marilyn Monroe (Michelle Williams), a divindade da tela cinematográfica da época. Ela era jovem, loura, burra, relapsa com horário para cumprir compromissos, mas belíssima e sensual. Era também sensível ao extremo, pois que carregada de todos os traumas, adquiridos na infância, desde que a mãe fora internada num hospício. E, pior, recém-casada com Arthur Miller (Dougray Scott), outra figura cheia de problemas, que lhe explorava a fama, mas não a suportava, já que, como dizia, ela perturbava sua criatividade literária.

O casal chega a Londres, sob estardalhaço da imprensa, acompanhado de Paula Strasberg (Zoë Wanamaker) – segunda esposa de Lee Strasberg, do Actor´s Studio -, confidente e preparadora técnica de Marilyn. Ela era seguidora, como o marido, do Método Stanislavski, que Olivier reprovava desde que Vivien Leigh trabalhara sob a direção de Elia Kazan, propugnador da nova metodologia nos EUA, em Uma Rua Chamada Pecado, baseada na peça de Tennessee Williams. A primeira incumbência de Colin, como terceiro assistente da produção, fora a de encontrar uma suntuosa casa, nos arredores da cidade, que atendesse às inúmeras exigências de seus famosos hóspedes. Tendo conseguido aprovação de uma de sua escolha pelo agente de Marilyn, Arthur Jacobs (Toby Jones), Colin caiu logo nas graças ou na simpatia da atriz.

Assim, ela, após o retorno do marido a Nova York, carente, tratou logo de viver com ele, tórrido romance, de duração de poucos dias, mas que houve tempo para ambos tomarem banho de rio e, depois, visitarem pontos turísticos londrinos. Esse idílio, porém, deixaria marca profunda nas lembranças de Colin, enfeixadas por ele, posteriormente, num livro, as quais oferecem argumento ao filme.

Egresso do teatro, Simon Curtis, o diretor, realizou poucos filmes, mas já consolidou estilo próprio, cuja característica mais importante – como o demonstra nesse seu mais destacado trabalho – é a preocupação constante com o ritmo, em que se desenvolve a narrativa. Dessa forma, ele começa com sequências curtas, documentais, que se vão tornando, gradativamente, mais espaçosas, envolvendo, com isso, o espectador numa atmosfera de discreto romantismo. A ambientação, de Judy Farr, é também, para ele, elemento forte de expressão, assim como o comentário musical da trilha sonora de Conrad Pope (música original) e Alexandre Desplat.

A despeito de tudo isso, é certamente o soberbo desempenho de Michelle Williams (Namorados Para Sempre) que dá brilhantismo à película. Williams ressuscita Marilyn em corpo e alma, especialmente, quando dança e canta. É impressionante a capacidade de transferência de personalidade de uma para a outra. Há momentos em que se tem absoluta certeza de que é a sedutora Marilyn que está em cena.

Kenneth Branagh (Henrique V ) está bem como Sir Laurence Olivier, ressaltando o seu desespero, como um novo Fausto, pela perda da juventude, que ele deseja recuperar ao amparo do frescor juvenil de Marilyn. A grande surpresa, no elenco estupendo – constituído, entre outros, de Judi Dench (Sybil Thorndike ), Julia Ormond (Vivien Leigh), Toby Jones (Arthur Jacobs), Emma Watson (Lucy) e Dominic Cooper (Milton Greene) – é Eddie Redmayne, no papel de Colin Clark. Ator premiado no teatro por suas atuações em textos de Shakespeare, Redmayne chega ao cinema com uma interpretação sóbria e bem construída.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
SETE DIAS COM MARILYN
MY WEEK WITH MARILYN
Reino Unido – 2011
Duração – 101 minutos
Direção – Simon Curtis
Roteiro – Adrian Hodges, com base no livro The Prince, The Showgirl and Me and My Week With Marilyn
Produção – David Parfitt, Harvey Weinstein
Fotografia – Ben Smithard
Trilha Sonora – Conrad Pope e Alexandre Desplat
Edição – Adam Recht
Elenco – Michelle Williams (Marilyn Monroe), Kenneth Branagh (Sir Laurence Olivier), Eddie Redmayne (Colin Clark), Judi Dench (Sybil Thorndike), Julia Ormond (Vivien Leigh), Toby Jones (Arthur Jacobs), Emma Watson (Lucy), Dominique Cooper (Milton Greene), Zoë Wanamaker (Paula Strasberg).

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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