sábado, novembro 23, 2024
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Crítica do filme A Conspiração Americana



Diante do total silêncio da lei, que impera atualmente neste país, talvez não seja experiência animadora, pelo contraste, assistir ao novo filme de Robert Redford, A Conspiração Americana, malgrado suas qualidades técnicas e artísticas. Pois, a película exalta a justiça e trata da luta de um puro, virtuoso e idealista advogado – que viria a ser, mais tarde, o primeiro editor do Washington Post – para defender, em estado de exceção, instaurado após a Guerra Civil, a única mulher envolvida, em abril de 1865, com os oito acusados pelo assassínio do presidente Abraham Lincoln.

O roteiro de James D. Salomon , baseado em seu livro, escrito em colaboração com Gregory Bernstein, narra a história de Mary Surrat (Robin Wright), que seria também a primeira mulher condenada à pena de morte nos EUA. A sua colaboração com o movimento conspiratório para matar o Presidente da República, o Vice-Presidente e o Secretário de Estado, liderado pelo ator John Wilkes Booth (Toby Kebbell ), foi a de abrigar em sua casa, em Washington, as reuniões dos conspiradores, promovidas por seu filho John Surrat Jr. (Johnny Simmons), com esse objetivo.

Lançada no último Festival Internacional de Cinema de Toronto, Canadá, a película se inicia por uma cena, durante a Guerra Civil, em que o jovem Federick Aiden (James McAvoy) é retirado, ferido, do campo de batalha, após ceder prioridade de atendimento a um companheiro, que se encontrava em estado mais grave que ele. Algum tempo depois, herói de guerra, Aiden, aos vinte e sete anos, se inicia na advocacia, recebendo de seu mentor, ex-advogado, eleito senador Reverdy Johnson (Tom Wilkinson), contra sua vontade, a incumbência de defender Mary Surrat, perante o tribunal militar.

A princípio, Aiden acredita que sua cliente é culpada. Aos poucos, porém, após tomar depoimentos de várias pessoas e da própria Surrat, ele acaba por se convencer de que, na verdade, ela admite a culpa, na justiça, para ocultar a participação do filho, então foragido. Por mais que Aiden insista, Surrat nada faz para colaborar com ele em sua defesa. Da mesma forma, é o que acontece com a filha Anna Surrat (Ewan Rachel Wood), que, entretanto, aceita, depois de ser muito solicitada, comparecer ao julgamento como testemunha. Por meio do sacerdote Walter (David Andrews) – a família Surrat era católica praticante -, Aiden manda recado para John se apresentar, pois, do contrário, sua mãe seria executada, mas não obtém dele nenhuma resposta.

Com extensa filmografia como ator e ganhador do Oscar destinado ao Melhor Diretor em 1980 – além do Globo de Ouro e do Bafta, nos dois anos seguintes) – com Gente Como a Gente, seu primeiro trabalho na direção, Robert Redford é também o criador do Festival Sundance, lançador de filmes de grandes sucessos, feitos com baixos orçamentos e rotulados de Independentes. O seu estilo de narrativa é do tipo clássico ou tradicional – à semelhança, portanto, aos de dois atores que, da mesma forma, se tornaram diretores, Clint Eastwood (Invictus) e Kevin Costner (Dança Com Lobos) -, em que a composição dos planos, a ambientação e a trilha sonora ganham destaque especial.

A diferença, entre os três, é a propensão de Redford para explorar o efeito plástico da natureza e o lado poético e nostálgico dos temas por ele trabalhados, como o fez, de forma exemplar, em Nada É Para Sempre (1992), no qual praticamente lançou Brad Pitt. Nesse filme de agora, porém, talvez por tratar de argumento histórico, é excessivo o rigor formal de Redford. Ele não cede espaço para a emoção, a não ser quando a trilha sonora de Mark Isham impulsiona o espectador nas situações mais dramáticas. Os atores, ele os mantém sob rédeas curtas. E consegue extrair de Robin Wright, como Mary Surrat e de James McAvoy, no papel de Frederick Aiden, brilhantes interpretações. Por sinal, todo o elenco está muito bem, destacando-se as belas Evan Rachel Wood, como Anne Surrat, e Alexis Bledel, como Sarah Weston, noiva de Aiden, além de Tom Wilkinson, como o senador Reverdy Johnson e Kevin Kline – irreconhecível – encarnando Edwin Stanton, Secretário da Guerra.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
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FICHA TÉCNICA
A CONSPIRAÇÃO AMERICANA
THE CONSPIRATORS
EUA/ 2011
Duração -123 minutos
Direção – Robert Redford
Roteiro – James D. Salomon, com base em seu livro, escrito em colaboração com Gregory Bernstein
Produção – Robert Redford, Brian Falk, Bill Holderman, Greg Shapiro e Robert Stone
Fotografia – Newton Thomas Sigel
Trilha Sonora – Mark Isham
Edição – Craig McKay
Elenco – Robin Wrght (Mary Surrat), James McAvoy (Frederick Aiden), Evan Rachel Wood (Anna Surrat), Alexis Bledel (Sarah Weston), Johnny Simmons (John Surrat Jr.), David Andrews (padre Walter), Toby Kebbell (John Wilkes Booth), Tom Wilkinson (senador Reverdy Johnson, Kevin Kleine (Secretário da Guerra), James Badge Dale (William Hamilton).

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Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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