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Crítica do filme Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge

Christopher Nolan conclui, em alto estilo, com Batman – O Cavaleiro das
Trevas Ressurge (The Dark Night Rises), a trilogia da qual se encarregou sobre o
super-herói das HQs, um thriller de suspense e de forte impacto dramático. Mas o filme
não explora a fundo, como no primeiro, as características psicológicas da personagem,
nem tem o charme de ironia da narrativa do segundo, identificado mais com o policial
clássico americano.

Com base num criativo roteiro, assinado por Christopher Nolan e seu irmão
Jonathan, a película assume, com exacerbada violência e pontuada por excitante
comentário musical de Hans Zimmer, um posicionamento político, na medida em que, por
uma linguagem nada otimista, vergasta o regime capitalista e critica acerbamente as
corruptas classes dirigentes do chamado mundo democrático.

Vale destacar, nesse sentido, a perturbadora sequência em que os bandidos,
comandados por Bane (Tom Hardy) – o vilão, substituto do Coringa – invadem, armados
com fuzis de assalto, a bolsa de valores de Gotham City (identificada com a beleza
pictórica de Nova York) e atiram, sem distinção, contra os que lá se encontram. Uma
outra, Bane faz um discurso, nas escadarias da bolsa, para justificar, como um político
moderno, demagogo, as atrocidades que perpetra, sempre em nome do povo.

A ideia de que violência gera violência não deve certamente, por vários motivos,
prevalecer no caso, mas é lastimável que a trilogia de Nolan – Batman Begins (2005),
Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008) e Batman – O Cavaleiro das Trevas
Ressurge (2012) -, de inegáveis qualidades técnicas e artísticas, fique marcada por duas
tragédias, ( a morte de Heath Ledger e o morticínio num cinema de Aurora, no Colorado )
que, tendo ligações com ela, ocorreram no transcurso de sua produção, pós-produção e
exibição:

Ao início da película, a memória do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart) está
sendo reverenciada pelo comissário James Gordon (Gary Oldman), na inauguração de
seu busto em praça pública, enquanto Bruce Wayne / Batman (Christian Bale), que
assumiu responsabilidade pelos crimes dele, é procurado pela polícia e amarga tristeza
pela morte de sua noiva Rachel Dawes (Maggie Ghillenhaal), tendo como única
assistência a do mordomo Alfred Pennyworth (Michael Caine).

Muito sintomaticamente, Robin John Blake (Joseph Gordon-Lewitt) é mantido à
distância de Wayne, como um policial. Os dois se encontram uma única vez. E por
poucos minutos. Em hipótese alguma, eles entram juntos no carro de Batman. É nessas
circunstâncias que aparece nova personagem, Selina Kyle – Mulher-Gato (Anne
Hathaway), que tenta deter os planos do terrorista Bane de destruir Gotham City. Ela,
sim, dirige o monociclo de Batman, que agora possui também um possante helicóptero

Como nos filmes anteriores – e também em A Origem (2010) -, Nolan valoriza seu
trabalho pelo bom uso dos efeitos especiais e da decoração, além naturalmente de
cuidar, com esmero, da composição de imagens de cunho teatral. De acordo com essa
concepção, ele explora, com magnífico resultado, o jogo dos panorâmicos nas
sequências de intervenção de muitas personagens. Note-se, como exemplo, a cena do
baile, em que, dançando ao som de Canção da India, de Rimsky Korsakov, Bruce
Wayne seduz Selina Kyle, com o intento de obter sua colaboração na luta, que também
pretende empreender, contra o terrorista Bane.

Mas o que coroa a direção de Nolan é a sua maneira de trabalhar com os atores,
que integram, no caso, um elenco de excepcional qualidade. Dentro de sua linha, Gary
Oldman, como o comissário Jim Gordon, está soberbo. Mas nada lhe fica a dever Tom
Hardy que, na personificação do terrorista Bane, agindo com maior desenvoltura,
magnetiza a plateia durante todo o tempo. Christian Bale, no papel de Bruce Wayne /
Batman, Michael Caine, na pele de Alfred Pennyworth, e Morgan Freeman, como Lucius
Fox, repetem suas composições anteriores. Anne Hathaway, intérprete de Selina Kyle /
Mulher-Gato, e Marion Cotillard, de Miranda Tate / Thalia Al Ghul, estão esplêndidas. E,
apesar de sua personagem, Robin John Blake, ficar um pouco de lado, Joseph Gordon-
Lewitt, revelação de 500 Dias Com Ela ( 2009), consegue ter também muito bom
desempenho.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasilia, Revista
www.roteirobrasilia.com.br
www.theresacatharinacampos.com
www.arteculturanews.com
www.noticiasculturais.com
www.politicaparapoliticos.com.br
www.cafenapolitica.com.br
FICHA TÉCNICA
BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE
THE DARK NIGHT RISES
EUA / 2012
Duração – 165 minutos
Direção -Christopher Nolan
Roteiro – Christopher e Jonathan Nolan
Produção – Charles Roven, Emma Thomas e Chrisopher Nolan
Fotografia -Wally Pfister
Trilha Sonora – Hans Zimmer
Edição – Lee Smith
Elenco – Christian Bale (Bruce Wayne / Batman), Tom Hardy (Bane), Gary Oldman
(James Gordon), Anne Hathaway (Selina Kyle / Mulher-Gato), Michael Caine ( Alfred
Pennyworth), Morgan Freeman (Lucius Fox), Marion Cotillard (Miranda Tate / Thalia AlGhur), Joseph Gordon-Lewitt (Robin John Blake)

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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