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Crítica do filme Argo

Por Reynaldo Domingos Ferreira

A estratégia da farsa é usada por um agente da CIA, em Argo, de Ben Affleck, para resgatar seis americanos refugiados na casa do embaixador canadense, reféns da turba de estudantes enfurecida, que atacou a embaixada dos EUA  em 1979, na Capital do Irã, em retaliação ao abrigo dado pelo governo Carter ao xá Rheza Pahlavi, deposto, ao início daquele ano, pelo regime instaurado por Ruhollah Khomeini.

Baseado em fatos reais – narrados pelo próprio autor da façanha, Antonio Mendez (The Master of Disguise) -, o argumento, explorado antes numa série televisiva, se utiliza de recursos de metalinguagem  para dar mais autenticidade dramática ao filme, coproduzido por George Clooney e Grant Heslov, responsáveis pelo êxito de Boa Noite, Boa Sorte (2005).

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Embora o roteiro de Chris Terrio, de algumas contradições, não  mencione, convenientemente, as razões do conflito, tudo leva a crer que sua origem se relaciona com um conjunto de equívocos do lado americano, cujo governo não soube avaliar a importância, que assumira, naquele momento, o povo iraniano em relação ao xá, destituído do poder.

Conforme esclarece Mendez, em seu livro, o presidente Carter se preocupara com represálias ao ser persuadido por seus assessores a receber o xá por questão humanitária, já que se descobrira que ele sofria de câncer e necessitava de cuidados médicos. Tanto assim que, num café da manhã, Carter, sem obter resposta, indagou à sua equipe: – Que curso de ação vocês me recomendam, caso os americanos, no Irã, sejam capturados ou mortos?

Para agravar a situação – isso o roteiro mostra -, acreditou-se muito, entre os integrantes ( em número de setenta) do staff da embaixada, que começaram a eliminar documentos , na proteção da polícia iraniana, a qual não apareceu. E essa crença não deveria ter havido. A embaixada já fora atacada antes,  naquele ano, um mês depois que o xá fugira do país, por guerrilheiros marxistas, que mantiveram, sem ninguém importuná-los, os funcionários como reféns durante quatro horas.

Ao saber, em Washington, dos fatos que estavam ocorrendo em Teerã, Mendez (Ben Affleck), especialista da CIA em resgaste de reféns, também aficionado, como o filho, de filmes  science fiction, imaginou logo  esboçar a produção de um, nos moldes de A Batalha no Planeta dos Macacos, exibido pela televisão.  As locações deveriam ser feitas no Irã para que assim ele pudesse ter acesso aos reféns. Eles se encontravam  alojados na residência do embaixador Ken Taylor (Victor Garber), do Canadá, vizinha da embaixada americana.

Como Hollywood é, com orgulho, a capital da mentira, Mendez ruma para lá a fim de montar o seu esquema de “produção”, contando, para isso, com a ajuda de seu supervisor  Jack O´Donnell (Bryan Cranston). Esse, por sua vez, já antecipara o plano para John Chambers (John Goodman),  maquiador de prestigio, o qual se mostrara pronto a colaborar e indicara Lester Siegel (Alan Arkin) para ser o “produtor” da película, que se denominaria Argo, com base num roteiro esquecido na gaveta.  É curioso observar que o maquiador, que poderia ser útil na preparação do disfarce dos reféns – entre eles, três agentes da CIA -, não viaja para Teerã. Apenas Mendez vai para lá com passaportes “canadenses” para os americanos acantoados, que, de posse deles, passariam pelas autoridades como técnicos responsáveis pelas “locações” do filme a serem iniciadas no movimentado mercado de Teerã.

As falhas do roteiro de Chris Terrio se tornam mais evidentes nessas sequências, em que muitos servidores do sistema de segurança iranianos são retratados como  figuras caricatas. A direção de Ben Affleck não supera as deficiências do roteiro, nem tem momentos relevantes.  Mas, de qualquer forma, mantém o clima de suspense até o final, sem que, em nenhuma circunstância, alcance o brilhantismo do trabalho por ele desenvolvido em Atração Perigosa (2010). Como intérprete de Mendez, Affleck se mostra apático, com as expressões faciais imperceptíveis pelo uso de uma barba negra, densa, que lhe oculta praticamente todo o rosto. E, no elenco, não conta com nenhuma atuação brilhante, como a de Jeremy  Renner , no filme citado, que lhe propiciou indicação ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante.

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA

ROTEIRO, Brasília, Revista

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FICHA TÉCNICA

ARGO

EUA – 2012

Duração -120 minutos

Direção – Ben Affleck

Roteiro – Chris Terrio, com base no livro The Master of Disguise, de Antonio Mendez

Produção – Grant Heslov, Ben Affleck e George Clooney

Fotografia – Rodrigo Prieto

Trilha Sonora – Alexandre Desplat

Edição – William Goldenberg

Elenco – Ben Affleck (Antonio Mendez),  Bryan Cranston (Jack O´Donnell), Alan Arkin (Lester Siegel), John Goodman (John Chambers), Chris Messina (Malinov), Michael Parks (Jack Kirby),

Victor Garber (Ken Taylor)

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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1 COMENTÁRIO

  1. Argo é um filme narrado de forma inteligente e sem dúvida é a fita que se consolidou como Ben Affleck, é a sua melhor produção até à data, de um ponto de vista cinematográfico foi muito influenciado por filmes americanos dos anos 70, que foi um momento glorioso para Hollywood. no entanto, parece ser uma proposta superestimada carece épico, suspense e personagens de interesse para expandir sua empatia. Como para o próprio trilha sonora que eu gostei porque podemos deliciar com músicas de Rolling Stones, Van Halen e Led Zeppelin. Só vi ela em http://www.hbomax.tv/movies foi a minha segunda vez e eu devo admitir que eu gostava e entendido de forma diferente, porque, sinceramente, eu perdi o interesse que eu tinha quando eu primeira ocasião. Eu convido você a dar uma olhada (para quem ainda não viu) e julgar por si mesmos o que eles chamam a isto uma obra-prima.

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