Diante do clamor provocado com a decisão da justiça de Tucumán em absolver 13 envolvidos com o sequestro, prostituição e desaparecimento da menina Marita Verón, a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou o envio ao Congresso, onde seu governo tem folgada maioria, de um projeto de democratização e de controle do poder judiciário. Em duro discurso contra a corrupção no meio judicial, já indicou um dos objetivos da proposição, ao observar: “Que outro poder tem cargo assegurado por toda vida”?
O discurso da presidenta
Era uma clara referência aos cargos vitalícios dos juízes em todas instâncias, os quais, por desfrutarem desse privilégio e se considerando acima da lei e dos comuns mortais, se entregariam a toda sorte de abusos e práticas ilegais: “Não me refiro somente à lei da mídia. Falo porque há juízes que deixam em liberdade pessoas que voltam a delinquir, a matar, a estuprar. A gente está cansada disso”, acentuou a Presidenta.
Sobre o episódio do desaparecimento da jovem Marita Verón, desaparecida aos 23 anos (correção de dado anterior equivocado), Cristina disse: “Ontem aconteceu algo muito feio. Há um divórcio entre a sociedade e a justiça. Eu não pude acreditar quando me deram a notícia. Liguei para Susana Trimarco para consolá-la, mas o fato é que a senti mais inteira que nunca, mais decidida a continuar lutando, não só por sua filha, como também para buscar e salvar todas as filhas de todas as mães que possam ter sido vítimas do tráfico de escravas brancas”.
Para a presidenta, o que ocorreu em Tucumán, não é muito diferente: “Hoje é um dia especial”, sublinhou, “espero que este caso sirva para repensar numa democratização de um dos poderes do Estado, (que são) independentes, mas do Estado. Devemos sempre preservar o bem comum e a integridade do Estado, porque representamos o bem comum”.
