domingo, novembro 24, 2024
InícioAmérica LatinaÀ Plaza de Mayo por Cristina neste 17 de Outubro

À Plaza de Mayo por Cristina neste 17 de Outubro

Hoje, 17 de Outubro, comemora-se na Argentina o Dia da Lealdade Peronista, data que lembra a ascensão popular do general Juan Domingo Perón, que, como secretário do Trabalho, em 1945, havia reconhecido uma série de conquistas (*) dos trabalhadores e que por isso mesmo tinha sido demitido e preso, por ordem das forças conservadoras e da embaixada dos Estados Unidos. Uma greve geral e uma mobilização gigantesca, organizada por Eva, noiva de Perón, resultaram na libertação do general e em sua consagração como candidato a presidente da República. Foi este dia que os peronistas, que ainda empolgam as grandes massas e influentes setores da classe média, escolheram para homenagear a presidenta Cristina Kirchner, ainda presa a ” estrito repouso” recomendado pelos médicos, em vista da operação que sofreu há poucos dias para retirar-lhe um coágulo no cérebro.

O ato, planejado para a histórica Plaza de Mayo, de Buenos Aires, onde se deu o resgate de Perón, ocorre 10 dias antes das eleições intermediárias, em que as mesmas forças reacionárias tentavam impedir a arrancada popular e democrática, lançam mão da mesma mídia hegemônica e outros instrumentos conservadores. O objetivo é evitar que a presidenta consiga uma maioria de dois terços no Congresso e com ela proporcione sua segunda reeleição para o cargo e propicie a reforma da justiça, responsável por sérios entraves às políticas públicas, inclusive a vigência integral da lei de medios (mídia). A perseguição contra Cristina é a mesma contra Perón e Néstor Kirchner, Hugo Chávez,  na Venezuela, e que no Brasil sabotou Getúlio, Jango e Brizola e agora se volta contra Lula e Dilma, no Brasil.
———–
Atualização 18/10/2014 – 11:30 hs.
O ato espontâneo, convocado pelas redes sociais, não teve oradores, mas muita participação de grupos teatrais e sindicais, que reviveram o Dia da Lealdade de 17 de Outubro de 1945, representando os trabalhadores e cantando o hino nacional e a marcha peronista. A Plaza de Mayo, com mais de 60 mil pessoas, voltou a ser o cenário favorito neste momento histórico em que a presidenta Cristina Kirchner se recupera de uma operação, que a afastou fisicamente da campanha para as eleições de 27 de outubro próximo. Veja logo abaixo o vídeo da TV Pública Canal 7.


————-

Os peronistas como outros líderes populares, acreditam que só a mobilização popular será capaz de revidar a conjura, como mostram os exemplos clássicos dos mesmos Perón, Chávez, Brizola etc. Por isso, eles investem pesado na mobilização de hoje e dos 10 dias restantes para a eleição do dia 27. E eles não estão sozinhos. Caravanas de vários países, como do Brasil, Bolívia, Venezuela, México, Equador, Uruguai e outros países vizinhos dirigem-se à capital argentina para ajudar Cristina neste momento crucial. Na terça-feira lá estavam Lula e Evo Morales, levando sua palavra e seu conforto à presidenta, ainda que esta, em recuperação, tenha sido impedida de recebê-los. Lula aproveitou para ir a universidades de Buenos Aires, onde recebeu títulos de doutor honoris causa e Evo foi à La Plata, terra natal de Cristina, capital da província de Buenos Aires, e sede uma grande universidade.

Na ocasião, os dois estadistas latino-americanos deram depoimentos comoventes da força de que são capazes os povos, quando mobilizados para a defesa de seus direitos. Evo Morales, na sua simplicidade de líder indígena, concentrou-se na análise do papel da mídia na política para alertar seus concidadãos. Começou lembrando seus dias como líder da zona cocalera, “onde só havia uma rádio, A Voz dos Trópicos, financiada pelos Estados Unidos” e onde estava proibido” falar de sindicalismo do trópico, da folha de coca e tocar música sobre nossa identidade”. Era uma forma, de os norte-americanos “tentar dividir todas as organizações sociais da zona, que acabou sendo o objetivo de toda a mídia privada”: “Os povos”, disse ele, “são vítimas dos meios de comunicação, (sempre em mãos dos empresários, que nos submetem com suas mentiras”.

Falando na tradicional Faculdade de Jornalismo da Universidade de La Plata, a primeira da Argentina, Evo ainda contou como fez para enfrentar e vencer o poderoso tentáculo midiático: ““Decidimos que tínhamos que comprar uma rádio, conseguimos dinheiro, mas não nos deram a licença. Foi quando apelamos para uma frequência clandestina, a Rádio Soberania,  e aí a rádio dos Estados Unidos não teve mais nenhuma audiência. Hoje esta rádio é uma das tantas que integram a rde de rádios comunitárias em toda a Bolívia, cumprindo, as funções próprias de um meio de comunicação, que são educar e informar, mas também dizer a verade e contribuir para a libertação dos povos”. Morales, ainda lembrou o papel de Cristina Kirchner, na implementação da política de unidade regional:  “Quando os Estados Unidos cortou o financiamento de 80% de nossa farinha, em represália contra nossas políticas soberanas, a Cristina nos socorreu com importantes carregamentos de trigo”.

Por usa vez, o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, que estava na Argentina no mesmo dia que Evo Morales, recebendo o nono título de doutor honoris causa de universidades argentinas, pediu “aos jovens latino-americanos” que, “em vez de dizer que ‘Lula não presta” ou que Cristina não presta para nada”, que “entrem na política e a fortaleçam”, porque, como friou, “o eua há fora dela (da política) é o fascismo, o aurotitarismo, o nazismo. Ali tem de tudo, menos democracia”. Paralelamente, Lula se reuniu com oito reitores que lhe entregaram os certificados dos títulos a Lula e o vice-presidente da República, Amado Boudou, que homenageou Lula com a Menção Honrosa Domingo Faustino Sarmiento. Boudou destacou a importância do desenvolvimento de um corpo de pensamento próprio da América Latina e lembrou a histórica decisão de Lula e Néstor Kirchner de dizer não à Alca e optar por uma integração regional.

(*) O Secretário Perón havia criado os tribunais do trabalho, medida antes adotada no Brasil por Getúlio Vargas, a indenização aos trabalhadores demitidos, o direito à aposentadoria, o Estatuto do Peão do Campo e o Estatuto do Jornalista, o Hospital Policlínico para trabalhadores ferroviários e escolas técnicas para operários.

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Most Popular

Recent Comments

PAULO ROBERTO DOS ANJOS OLIVEIRA on Próximo factoide: a prisão do Lula
cleonice pompilio ferreira on Golpe de 64: quando Kennedy chamou os militares
José rainha stedile lula da Silva Chávez on Projeto ditatorial de Macri já é emparedado nas ruas
maria teresa gonzalez perez on Crise e impasse institucional
maria teresa gonzalez perez on La Plata: formando um novo tipo de jornalista
maria teresa gonzalez perez on Maduro prepara Venezuela para a guerra civil
maria teresa gonzalez perez on Momentos emocionantes da apuração do 2o. turno
Pia Torres on Crítica do filme Argo
n_a_oliveira@hotmail.com on O que disse Lula a Mino Carta, meus destaques
José Gilbert Arruda Martins on Privatizações, novo filme de Sílvio Tendler
Maria Amélia dos Santos on Governador denuncia golpe em eleição
Prada outlet uk online on Kennedy e seu assassinato há 50 anos
http://www.barakaventures.com/buy-cheap-nba-indiana-pacers-iphone-5s-5-case-online/ on Oliver Stone em dois documentários sobre Chávez
marcos andré seraphini barcellos on Videoentrevista: Calos Lupi fala do “Volta Lula”
carlos gonçalves trez on Crítica do filme O Artista
miriam bigio on E o Brasil descobre o Oman
Rosana Gualda Sanches on Dez anos sem Darcy Ribeiro
leitefo on O Blogueiro
Suzana Munhoz on O Blogueiro
hamid amini on As razões do Irã
leitefo on O Blogueiro
JOSÉ CARLOS WERNECK on O Blogueiro
emidio cavalcanti on Entrevista com Hermano Alves
Sergio Rubem Coutinho Corrêa on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola
Stephanie - Editora Saraiva on Lançamento: Existe vida sem poesia?
Mércia Fabiana Regis Dias on Entrevista: Deputada Luciana Genro
Nielsen Nunes de Carvalho on Entrevista: Deputada Luciana Genro
Rosivaldo Alves Pereira on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola
filadelfo borges de lima on El Caudillo – Biografia de Leonel Brizola