Os ataques especulativos dos últimos dias contra a Argentina, Turquia, Índia e, de certa forma, o Brasil, sugerem uma nova crise financeira à semelhança da mexicana (efeito tequila), em 1995, da asiática, em 1997, e da própria argentina, em 2001/2, mas as situações são diferentes.
Antes, nossas economias, sobretudo as sul-americanas, estavam atreladas aos mercados dos Estados Unidos e Europa. Mas hoje, desenvolvemos um mercado interno consistente e um intercâmbio regional, que nos amparou consideravelmente na esteira da grande crise mundial de 2008.
Para lá das previsões catastróficas da mídia mercadológica, que está sempre contra o preço baixo da gasolina e da eletricidade, na busca de mais lucros para suas multinacionais associadas, tanto o Brasil como a Argentina e a Venezuela têm banha para gastar.
O Brasil, não só com as reservas de 360 bilhões de dólares, pois podem evaporar de uma hora para outra, como aconteceu no passado, mas, principalmente, com sua pujante economia diversificada, já sofreu trepidações mais fortes do que as do presente.
A Argentina, com sua política de restrição aos gastos com o exterior, inclusive em viagens, despejou 10 milhões de argentinos em suas praias e resorts, num movimento turístico que quase duplica o brasileiro, e com as importações limitadas a 20% do PIB (veja o último discurso da presidenta Cristina Kirchner, no vídeo acima), já demonstrou algum grau de controle na disparada do dólar desse final de janeiro.
Na Venezuela, as medidas do governo Nicolas Maduro contra a especulação, que chegou a aumentar os preços de produtos essenciais em mais de mil por cento, e a levar o dólar para as alturas, já dão mostras de uma certa estabilidade, muito distante das previsões apocalípticas da mídia.
De qualquer maneira, os riscos ainda persistem, em especial no Brasil, que realiza eleições presidenciais neste ano de 2014. A propósito, alinhamos alguns trechos do artigo de Sérgio Leblon, editorialista do site Carta Maior, que situam bem os desafios que temos pela frente:
“A desordem financeira global não cederá tão cedo, nem tão facilmente, avisam os solavancos recorrentes das bolsas mundiais e a volatilidade dos mercados de câmbio.
Dia sim, dia não, sirenes alertam para as intempéries de uma transição em curso: é só o começo.
Quando os EUA elevarem a taxa de juro (hoje negativa) o sacolejo pode piorar com congestionada migração de capitais ao bunker de origem. É o vaticínio do jogral que nunca desafina.
A precificação desse futuro inspira cautela mas não pode significar imobilismo.
O cerco pela adoção da vacina ortodoxa é cada vez mais asfixiante.
Entende-se por isso prevenir a fuga de capitais, e a retração dos investidores, entregando por antecipação o que eles cobram: novas altas nos juros e cortes robustos no gasto fiscal”. (Clique aqui para ver o artigo completo)