(Programa transmitido pela TV Cidade Livre de Brasília, Canal 12 da NET, só Brasília, às segundas, às sete da manhã, às quartas, às 19:30, e às quintas, às 13 horas)
Muito já se escreveu sobre o suicídio de Getúlio Vargas, no 24 de agosto de 1954. Quando se completam 60 anos daquele tiro no coração que sobressaltou o país, um livro traz uma abordagem peculiar do episódio. Seu autor, o escritor e sociólogo Ronaldo Conde de Aguiar, tinha 12 anos e estudava perto do palácio, ali mesmo no tradicional bairro do Catete, no Rio de Janeiro, onde tudo aconteceu. A parada do bonde onde Ronaldo descia todo dia para ir à escola, ficava em frente. Quase como um testemunha ocular da história, o autor conta não só a experiência do que viu e do que viveu, como escarafuncha os arquivos das delegacias de polícia da antiga capital da República e da chamada República do Galeão, o inquérito da amotinada Aeronáutica que levou ao segundo e fatídico golpe contra Getúlio.
Depois de perpassar cenas daquele Rio antigo sem violência, em que as moças ainda usavam saias compridas, e da inexistência dos túneis que ligam a zona sul à longínqua e desprezada zona norte da cidade, o autor vai a fundo na análise do crime que matou o major da FAB, Rubens Vaz, na madrugada de quatro para cinco de agosto, na Rua Toneleros, o estopim da crise. Nesta entrevista a FC Leite Filho, do Café na Política, Conde Aguiar conta alguns episódios que contrastam com a história oficial. Um deles é de que Carlos Lacerda, opositor iracundo de Vargas e contra quem o crime da Toneleros teria sido praticado, não saiu ferido, e que, o Major Vaz, morto no atentado, recebeu um tiro pelas costas antes de ser atingido no peito pelos dois tiros de Alcino do Nascimento, da guarda presidencial. Em “Vitória na Derrota – A Morte de Getúlio Vargas”, a ser relançado pela Editora Francis, no próximo dia 10 no Museu Nacional, por sinal a antiga sede do governo, onde morava e despachava Vargas, traz um prefácio atualizado da historiadora Isabel Lustosa e um CD da dramatização da Carta Testamento, lida por Silvino Neto, humorista e ator brilhante, que imitava como ninguém a voz de Getúlio, cujos direitos foram cedidos pelo seu filho, o também humorista Paulo Silvino.