O embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov, previu que pode haver uma nova catástrofe humana na Ucrânia, se o governo daquele país não se dispuser a um diálogo sério com as regiões rebeladas no leste. Ele lembrou que o exército regular está muito debilitado, com sérias deserções, e, para agravar a situação, uma divisão de 10 mil homens encontra-se presentemente cercada pelas forças de Donetsk e Luhansk.
Segundo Akopov, a situação estratégica da Ucrânia se tornou muito difícil, com o que considera uma intromissão indébita do Ocidente, através da OTAN,tendo ultimamente o governo adotado uma política de ocultar as perdas, ao mesmo tempo que acelera suas agressões às regiões autônomas de populações de origem russa. O embaixador alertou ainda que a Rússia não se deixará isolar, porque o presidente Putin, agora contando com mais de 70% de apoio popular, está conseguindo neutralizar as sanções impostas pelos Estados Unidos e a União Europeia, enquanto intensifica seus acordos com a China e América Latina, para através dos BRICs, montar um bloco político e econômico capaz de independizar essas regiões.
Sergey Akopov, que expôs seu pensamento em mais uma entrevista, desta vez 50 minutos, aos jornalista FC Leite Filho e Beto Almeida, do blog Café na Política e da TV Cidade Livre de Brasília e Telesur, entende que a crise com aquele antigo país integrante da ex-União Soviética, decorre da inconformidade do Ocidente com o novo papel da Rússia, muito diferente, segundo ele, do país debilitado que logo surgiu da implosão da União Soviética: “Agora, nos culpam de tudo”, assinala, para depois ressaltar que os russos se articulam com os chineses, indianos, africanos e latino-americanos, para conformar uma nova ordem mundial capaz de dar fim às guerras de conflitos e inaugurar uma nova convivência mais harmônica e próspera entre os povos.
Para isso, ele pediu a atenção para a próxima reunião dos BRICS (Brasil, Índia, China e África do Sul), em maio próximo, na Rússia, durante a qual já vai definir os projetos de investimentos prioritários nos países membros, sob a batuta do Banco dos BRICs, constituído na última reunião de Fortaleza, em 2014, seguida de um encontro com os países da América do Sul, um dia depois, em Brasília. O capital inicial do banco e de seu fundo de investimentos é da ordem de 200 bilhões de dólares.