A entrevista foi feita antes do refúgio de Julien Assange, o diretor do Wikileaks, e também para o site russo Russian Today, na embaixada do Equador, em Londres. Mas nem por isso perde a sua atualidade. Primeiro, porque é a primeira vez que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, abandona seu hermetismo para falar às claras com um jornalista ocidental, e segundo, porque joga muitas luzes sobre a política do Oriente Médio, no eterno embate entre opressores e oprimidos. Finalmente, a entrevista, feita a partir da casa em que Assange estava hospedado em na capital da Inglaterra, e de um lugar não sabido de Nasrallah (no Líbano?), como a tecnologia comunicação por vídeo pode democratizar a comunicação e o diálogo entre representantes de povos e culturas tão diferentes.
O Relato que se segue é do site do estadao.com.br:
“Você lutou contra a hegemonia dos Estados Unidos. Alá ou a noção de Deus não é o máximo superpoder?”, pergunta Julian Assange ao secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, no primeiro episódio da série “O mundo amanhã”, que o Radar Global passa a publicar semanalmente a partir desta quarta-feira, 3. A pergunta, que soa ainda mais provocativa em tempos de protestos no Oriente Médio contra o vídeo que satirizava o profeta Maomé, resume a postura do criador do WikiLeaks. No programa, Assange entrevista pensadores, ativistas e líderes políticos em busca de ideias que podem mudar o mundo.
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Veja o vídeo em inglês, com legendas em português
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O partido Hezbollah integra o governo libanês, mas seu braço militar foi descrito como “a guerrilha mais proficiente do mundo”. Nasrallah foi nomeado uma das pessoas mais influentes do mundo pelas revistas americanas Time e Newsweek. Sua reputação alcança diferentes divisões sectárias e países, e ele é reverenciado ou vilipendiado por milhões de pessoas no Oriente Médio e no mundo todo. Esta é a primeira entrevista de Nasrallah feita em inglês em uma década.
Enquanto os conflitos se acirram no Oriente Médio, Assange aborda temas espinhosos como a posição de Hezbollah – visto como grande aliado do regime do presidente Bashar Assad – no conflito da Síria. “Somos amigos da Síria, mas não agentes da Síria”, responde o libanês, antes de revelar que o Hezbollah procurou setores da oposição síria para pedir que dialogassem com Assad, sem sucesso.
Impossibilitado de deixar a Inglaterra, onde estava em prisão domiciliar quando a entrevista foi feita, Assange conversa com Nasrallah por meio de um videolink na casa onde esteve por mais de 500 dias, antes de se asilar na Embaixada do Equador em Londres. Por sua vez, Nasrallah participa da entrevista na sede do Hezbollah no Líbano, cuja localização exata é mantida em segredo por segurança. É lá que ele trabalha sob constante medo de ser assassinado por diferentes grupos e Estados.
O Radar Global publica as entrevistas semanalmente, sempre às quartas-feiras. A Agência Pública é responsável pela adaptação para o Brasil da série, realizada pelo WikiLeaks em parceria com o canal russo RT. Os episódios serão exibidos semanalmente com legendas em português. Assista a seguir.