Os grandes jornais, à exceção de Wainer, então ligado aos Diários Associados, resolveram boicotar o acontecimento e não mandaram sequer repórteres para cobri-lo, como conta Sameul em seu livro “MInha Razão de Viver”. Isolado no Palácio do Catete (o Rio ainda era capital), Getúlio chamou de lado Samuel e ali os dois decidiram criar aquele jornal que constituiu o grande marco da imprensa popular no Brasil.
O desfecho dessa história paralela todo mundo sabe: A Última Hora sofreu a maior perseguição midiática jamais desatada contra um jornal popular. Getúlio Vargas foi levado ao suicídio, em 24 de agosto de 1954. Agora, 55 anos depois, e com a mídia cada vez mais esfomeada, eu vislumbro no petrobrásfatosedados. wordpress.com algo mais ou menos parecido com aquele petardo getuliano.
55 anos depois e com a mídia cada vez mais avassaladora a tutelar e conduzir os corações e mentes, surge aquilo que eu vislumbro como uma pequena janela nesse colosso e que pode fazer história como o fez a Última Hora. Queira Deus que sem a tragédia presidencial que esta, involuntariamente, provocou.
Devo dizer que não estou delirando. É que muita gente ainda não se ateve para a fantástica ferramenta de comunicação de massa em que se transformou essa quase brincadeira que se chama blog. Passando por cima de grandes cadeias de TV e mesmo de sites super sofisticados, o blog, pode-se dizer, influiu decisivamente na eleição de Barak Obama como presidente norte-americano. Outro dia eu vi a BBC de Londres retransmitir um vídeo do blog do líder do Partido Conservador, David Cameron, como forma de repercutir a última crise do governo Gordon Brown. Aquimesmo no Brasil, os políticos vêem o blog do Noblat, antes da TV,do rádio e dos jornais. O blog do Luiz Nassif contando os podres das empresas que formam a grande imprensa é outra preciosidade que começa a empolgar largos setores da opinião.
Finalmente, o blog é uma ferramenta barata, em alguns casos gratuita ou de custo quase zero. Nesse sentido, ela não terá de se prestar a maquinações de escândalos de financaiamentos, como ocorreu à injustiçada Última Hora. Bem utilizada e ainda por cima com a competência daquele pessoal da Petrobrás, ela poderá dar nó em pingo dágua em termos de avanço comunicacional.
Não fora assim,os jornalões não estariam tão preocupados com os blogueiros da estatal. Os jornais de hoje demonstram bem o que assinalamos: O Globo arrumou um filósofo para dizer que o “blog Petrobrás faz terrorismo de Estado”. O Estadão abre seu principal editorial para espinafrar: “Como blog que publica perguntas e de jornalistas e suas respostas, a Petrobrás visa a ‘matar’ as reportagens. E tenta intimidar, ameaçando processar jornais que não reproduzam suas respostas”.
Nada disso, jornalões! A Petrobrás nada mais faz do que exercer seu direito de resposta ás carradas de matérias tendenciosas que vem sofrendo ultimamente. É claro o intuito delas de sucateá-la, para depois privatizá-la. Foi assim que eles fizeram com a Telebrás, a Embratel, a Vale do Rio Doce e centenas de outras estatais engolidas na voragem do neoliberalismo. É a verdade que chega ao grande público, de maneira simples mas cortante na pena daqueles ágeis blogueiros.