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Crítica do filme Violeta Foi Para o Céu

Ganhador do Grande Prêmio do Júri do Festival Internacional Sundance, Violeta Foi Para o Céu (Violeta Se Fue A Los Cielos), de Andrés Wood, retrata a vida, o trabalho artístico, um dos amores, bem como as desilusões e a morte trágica (1967) da cantora folclorista chilena Violeta Parra, também pintora e compositora de, entre outras canções, Gracias A La Vida.

O roteiro de Andrés Wood (Machuca), Eliseo Altunaga, Guillermo Calderón e Rodrigo Bazaes, baseado no livro biográfico de Ángel Parra, filho de Violeta (Francisca Gavilán), igualmente compositor e integrante da chamada Nueva Canción Chilena, não obedece à cronologia dos acontecimentos, estruturando a narrativa em seguidos e, às vezes, mal formulados e pouco elucidativos flashbacks.

Toma como fio condutor uma entrevista televisiva concedida pela cantora, na Argentina (1962), em que ela, de personalidade forte, autoritária, expõe alguns dos fatos mais marcantes de sua existência, desde o período da infância, vivenciado num lugar muito pobre do Chile, no sopé da Cordilheira dos Andes. O pai, Nicanor Parra (Christian Quevedo) era um músico que vivia quase constantemente bêbado e tocava num botequim.

Foi sob a influência dele, porém, que Violeta se interessou também pela música – mais especificamente pelo canto -, o que a levou a se identificar com as tradições populares, conhecendo a riqueza da música folclórica de seu país, depois de ouvir cantar, a seu insistente pedido, um velho violeiro, Don Guillermo (Juan Quezada), que perdera o gosto pela arte depois da morte de um neto, ainda criança.

O roteiro, meio que semelhante a um conto de fadas, não esclarece como, vivendo num meio tão remoto e primitivo, Violeta é, de repente, convidada a cantar na Polônia, então sob o domínio da extinta União Soviética, para onde viaja. E tampouco aborda o que se passou com ela, de convicção comunista, os dois anos em que viveu na Europa, nem muito menos cita todos os amores que, à moda da cantora francesa Edith Piaf, ela teve. Muitos.

Só destaca um homem em sua vida: Gilbert Favre (Thomas Durand), suíço, também músico e igualmente comunista, que a vai procurar em seu casebre miserável, depois da volta do exterior, já com os filhos – Hilda Parra (Gabriela Aguilera) e Ángel Parra (Patrício Ossa) – na fase da adolescência. Os dois se enamoram, mas têm um relacionamento tempestuoso – repleto de ciúmes, temores, querelas e queixas -, em que, histérica, ela, por várias vezes, o esbofeteia e o humilha como acontece durante a exposição de seus quadros no Museu do Louvre.

O entrevistador (Luis Machin) argentino, a propósito, lhe pergunta se essa oportunidade de levar seus quadros ao Louvre, ela a teria conseguido graças à influência e ao prestígio de Pablo Neruda, da mesma forma comunista e embaixador do Chile em Paris. Na resposta, Violeta tangencia, com evasivas, sem dar explicação razoável à questão proposta.

Se o roteiro dissimula muito na exposição dos fatos históricos da biografada, cantora e compositora de talento, na direção Andrés Wood peca por não saber impor na película, desde o início, uma linha dramática de mais firmeza. Só depois de algum tempo de iniciada a ação, sua linguagem corre mais solta, mas, ainda assim, cheia de altos e baixos. Deve-se salientar, porém, a sua qualidade de orientador de atores que, nesse caso, constituem um elenco bastante homogêneo, em que predominam as atuações de Francisca Gavilán, como Violeta, Thomas Durand, no papel de Gilbert Favre, e Christian Quevedo, representando Nicanor Parra, pai da cantora.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO Brasília, Revista
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FICHA TECNICA
VIOLETA FOI PARA O CÉU
VIOLETA SE FUE A LOS CIELOS
Chile, Argentina, Brasil (2011)
Duração – 110 minutos
Direção – Andrés Wood
Roteiro – Andrés Wood, Eliseo Altunaga, Guillermo Calderón, Rodrigo Bazaes, com base no livro Violeta Se Fue A Los Cielos, de Ángel Parra
Produção – Paula Consenza, Denise Gomes, Andrés Wood e Patricio Pereira
Fotografia – Miguel Loann Littin Menz
Trilha Sonora – Violeta Parra
Edição – Andrea Chignola
Elenco –Francisca Gavilán (Violeta), Thomas Durand (Gilbert Favre) Christian Quevedo (Nicanor Parra), Gabriela Aguilera (Hilda Parra), Juan Quezada (Don Guillermo), Entrevistador (Luis Machin)

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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