quinta-feira, novembro 21, 2024
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Crítica do filme A Rede Social – Facebook

O cineasta David Fincher retoma a linguagem dinâmica de seus principais filmes para narrar, em A Rede Social, a pouco edificante história da criação do Facebook, repleta de golpes e de traições entre seus formuladores, ainda no meio universitário, que resultaram em diversas ações judiciais para partilhar o êxito do empreendimento avaliado hoje em 33,7 bilhões de dólares.

O roteiro, de Aaron Sorkin, baseado no livro Bilionários Por Acaso – A Criação do Facebook, de Ben Mezrich, tem a grande qualidade de, sem ser biográfico – não detalhando por isso aspectos psicológicos das personagens -, criar uma competente dramatização dos fatos, de cunho jornalístico, levantados por meio de entrevistas, de informações colhidas de diversas fontes não reveladas e por documentos inseridos nos processos judiciais.

O ambiente em que transcorre a ação é o da tradicional Universidade de Harvard, onde Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), um garoto de jeito desengonçado, aluno do segundo ano, já tem fama de gênio da computação. Corre até o boato pelo campus de que recusara oferta de trabalho da Microsoft de dois milhões de dólares. Apesar disso, no prólogo, ele está, numa festa, recebendo o fora da namorada Erica Albright (Rooney Mara), que, cansada de suas conversas de garoto nerd, voltadas sempre para os assuntos da computação, o chama de babaca.

Magoado com a namorada e reconhecendo sua incapacidade de se relacionar com as pessoas, Mark – único dos envolvidos nos conflitos judiciais que não aceitou ser entrevistado pelos escritores do livro e do roteiro – começou a desenvolver a ideia da criação de um site a fim de superar sua inabilidade social. Mergulhou no paraíso hacker para roubar fotos do banco de dados dos alojamentos. Para ele, entrar no sistema de computadores de Harvard era simples brincadeira. Mostrava-se mais esperto do que os próprios administradores e, como tudo o que fazia registrava no blog, achava que lhes estava dando ajuda por lhes mostrar as falhas do sistema. Ao contrário do que pensava, entretanto, acabou sendo advertido pelo Conselho.

Isso prejudicou sua reputação no meio universitário, o que deu ensejo aos gêmeos Winklevoss (Amie Hammer) de se aproximarem dele a fim de convidá-lo a criar um site para eles como forma de se reabilitar do vexame que sofrera. Mas Mark não aceitou o convite. Queria desenvolver o seu próprio projeto, sendo que, para isso, precisava de dinheiro, que ele conseguiu com Eduardo Saverin (Andrew Garfield), brasileiro, que imigrara, com a família de origem judaica, quando ele tinha 13 anos, para Miami. Estudante de economia, Eduardo já ganhara bom dinheiro especulando no mercado futuro de petróleo. Logo ele se interessou pela ideia de Mark , a qual achava superior às demais que conhecia.

Quando o site começou a se propagar pelo campus e as garotas, movidas pelo sucesso, se puseram a se oferecer a Eduardo e a Mark, eis que aparece em cena Sean Parker (Justin Timberlake), um dos fundadores do Napster (site de compartilhamento de arquivos musicais), interessado em levar o portal de Mark/Eduardo para o Vale do Silício, na Califórnia. O conflito então se estabelece, pois Eduardo tinha outros planos, com mudança já prevista para Nova York. Para expor essas tensas desavenças entre jovens, sustentadas por excessivos diálogos, David Fincher, diferentemente do que fizera no malogrado O Curioso Caso de Benjamin Button, usa linguagem alegre e irônica – o que torna a película divertida, na linha de Frank Capra – e pontuada por uma exasperada trilha sonora de Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Atticus Ross.
Esmera-se Fincher principalmente em recriar o ambiente universitário de Harvard com suas festas e disputas esportivas, além de comandar um elenco de brilhantes atores jovens. Jesse Eisenberg (Lula e a Baleia e O Solteirão ) e Justin Timberlake (Alpha Dog) não surpreendem com suas magníficas atuações como Mark Zuckerberg e Sean Parker, que são apenas confirmadoras de seu talento, já demonstrado nos filmes citados. Os que surpreendem são Andrew Garfield como o destemperado Eduardo Saverin e Amie Hammer nos papéis dos gêmeos Winklevoss. São também dois intérpretes notáveis. O primeiro aparecerá, em breve, na pele do Homem-Aranha.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
A REDE SOCIAL
THE SOCIAL NETWORK
EUA/2010
Duração – 120 minutos
Direção – David Fincher
Roteiro – Aaron Sorkin, com base no livro Bilionários Por Acaso – A Criação do Facebook, de Ben Mezrich
Produção – Dana Brunetti, Cean Chaffin, Michael De Luca
Fotografia – Jeffe Cronenweth
Trilha Sonora – Trent Reznor e Atticus Ross
Edição – Kirk Baxter e Angus Wall
Elenco – Jesse Eisenberg (Mark Zuckerberg), Andrew Garfield (Eduardo Saverin), Justin Timberlake (Sean Parker), Amie Hammer (Gêmeos Winklevoss), Rooney Mara (Erica Albright), James Shanklin (Príncipe Alberto), Dakota Johnson (Amelia Ritter)

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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