sexta-feira, novembro 22, 2024
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Crítica do filme A Riviera não é aqui

Um dos maiores sucessos de bilheteria da França em todos os tempos, A Riviera Não É Aqui, de Dany Boon, faz, com verve e algum lirismo, uma crônica satírica, engraçadíssima, sobre os costumes regionais franceses ao narrar a história de um funcionário dos correios, residente no Sul que, por punição, é transferido para o Norte
do País.
O roteiro, escrito por Boon – comediante famoso, agora na realização de seu segundo filme -, em colaboração com Alexandre Charlot e Franck Magnier, narra as peripécias vividas por Philippe Abrams (Kad Merad), diretor de uma agência dos correios de Salon-de-Provence que, por medida disciplinar, é transferido para Bergues,
que fica na friorenta região Nord-Pas de Calais, junto ao Mar do Norte, fronteira com a
Bélgica.
Abrams é casado com Julie (Zoé Félix), que sofre de depressão e, por isso, sonhava em ir morar nas ensolaradas costas do Mediterrâneo, cuja prioridade para transferência é dada pelos correios a funcionários deficientes físicos, o que não é o seucaso. Mas, para agradar à mulher, ele tenta enganar a administração de recursos humanos, acabando por receber a punição de passar dois anos em Bergues.
Sem ter ideia de como é o lugar para aonde vai, que conhece apenas por fotos de jornais e revistas, Abrams consulta um tio de sua mulher (Michel Calabru), que, em criança, viveu na região norte, o qual lhe desenha um quadro catastrófico de frio polar e de vida miserável. Ele decide então não levar a mulher e o filho Raphaël (Lorenzo Ausilia-Foret), e viaja de carro, abatido e amargurado ante as previsões mais pessimistas possíveis sobre o que vai encontrar.
A primeira impressão que Abrams tem de Nord-Pas de Calais, com a chuvarada que se abate sobre o seu carro à entrada do lugar, não é de fato nada favorável. Apesar do espanto inicial, tão logo ele conhece Antoine Bailleul (Dany Boon), um de seus subordinados nos correios, sua opinião começa a mudar, embora tenha dificuldade de compreender a maneira como ele e a mãe (Line Renaud) se expressam no dialeto ch´tis( mistura do francês, do latim e do flamengo).
A questão idiomática talvez constitua uma dificuldade para que o espectador estrangeiro possa entender o alcance das críticas que Boon faz a certos costumes regionais franceses. E algumas são diretas como a que fustiga a tradição de oferecer bebida aos carteiros, que, no mais das vezes, se tornam alcoólatras ao longo do tempo.
Em termos de direção, porém, sua linguagem é solta e alegre. E, quando sublinhada pelo comentário musical de Philippe Rombi, ganha tom de nostalgia, pois a trilha sonora tem também canções de Jacques Brel e de Steve Wonder. Suas citações, porém – como a que pretendeu fazer de Apocalipse Now no encontro de Abrams com o tio de Julie –, além de descabidas, parecem mais clichês e não surtem o efeito por ele desejado.
Como intérprete, entretanto, Boon (Meu Melhor Amigo) se mostra à vontade na composição da personagem Antoine Bailleul, um carteiro, filho único e dominado pela mãe autoritária. Ele é incapaz, por isso, de assumir o seu amor por Annabelle (Anne Marivin), sua colega no serviço. Os momentos de sua realização como pessoa são os que ele dedica a tocar, na maior vibração, o carrilhão municipal, quando fica só, totalmente isolado no alto da torre. A afinidade que se estabelece entre Boon e Kad Merad – que, como Abrams, pela primeira vez, faz um protagonista – também contribui bastante para o bom desempenho de ambos em algumas das sequências mais cômicas da película. Merad tem atuação discreta, mas correta, pois sabe como evitar a todo o tempo a caricatura, que se fosse usada, arruinaria em definitivo a comédia. As atrizes Zoé Félix, Anne Marivin e a veterana Line Renaud têm também atuações muito boas, como, de resto, todo o elenco.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
www.theresacatharinacampos.com
www.arteculturanews.com
www.noticiasculturais.com
www.politicaparapoliticos.com.br
www.cafenapoltica.com.br
FICHA TÉCNICA
A RIVIERA NÃO É AQUI
BIENVENUE CHEZ LES CH´TIS
França / 2008
Duração – 106 minutos
Direção – Dany Boon
Roteiro – Dany Boon, Alexandre Charlot, Franck Magnier
Produção – Claude Berri, Jérôme Seydoux
Fotografia – Pierre Aïm
Trilha Sonora – Philippe Rombi
Edição – Luc Barnier
Elenco – Kad Merad (Philippe Abrams), Dany Boon (Antoine Bailleul), Zoé Félix
(Julie), Anne Marivin (Annabelle), Line Renaud (Mãe de Bailleul), Lorenzo Ausília-
Foret (Raphaël Abrams), Michel Galabru (Tio de Julie).
leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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