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Crítica do filme Bel-Ami, o Sedutor

Três atrizes dominam completamente a cena em Bel-Ami – O Sedutor, de Declan Donellan e Nick Ormerod, nova versão cinematográfica- a décima quinta -, de origem britânica, do romance de Guy de Maupassant (1850-1893 ), que nele traça, à maneira de Balzac, perfil mordaz da sociedade parisiense e da imprensa do final do século XIX.

Uma Thurma, Christina Ricci e Kristin-Scott Thomas representam os respectivos papeis de Madame Forestier (Madeleine), Madame de Marelle (Clotilde) e Madame Walter (Virginie), que se deixam dominar pelo poder de sedução de Georges Duroy (Robert Pattinson), um pobretão, ex-combatente na Argélia e modesto empregado do escritório de uma empresa ferroviária.

A personalidade da primeira, Madeleine, é bom lembrar, teria sido moldada por Maupassant na figura de Madame de Récamier, grande paixão (platônica) do escritor e diplomata François René de Chateaubriand (1768-1848), com quem trocou correspondência durante anos, publicada recentemente na França. Ela recebia, em seus saraus literários, as figuras mais eminentes da intelectualidade francesa do início do século XIX. O retrato dela, pintado por David, mestre da Escola Clássica, é destaque de um dos principais salões do Museu do Louvre.

Madeleine, no filme, como no romance, é casada com o jornalista Charles Forestier (Philip Glenister), que se estabeleceu, com sucesso, na profissão, depois de lutar na Argélia. Ao acaso, ele reencontra Duroy, seu antigo companheiro de farda, que lhe passa, de imediato, a noção do estado miserável em que se encontra. Compadecido, o convida a ir jantar em sua casa, dando-lhe dinheiro para comprar uma roupa adequada à ocasião.

Sabedor de que, em Paris, as mulheres são mais importantes do que os homens e cercado de três belíssimas delas – Madeleine, Clotilde e Virginie -, Duroy prontamente imagina à qual deverá lançar, em primeiro lugar, os seus tentáculos de sedutor. De Madeleine ele recebe logo um sonoro “não” à causa da fidelidade ao marido. Mas, a pedido do próprio Forestier, ela concorda em ajudá-lo a escrever um artigo para conseguir emprego no jornal. Admitido pelo órgão de imprensa em que trabalha Forestier, ele começa assim a sua ascensão social.

Duroy torna-se amante de Clotilde, que aluga um apartamento para os seus fortuitos encontros com ele. Depois, conquista Virginie, que lhe dá informações sobre o que trama a cúpula do jornal – do qual o marido Monsieur Rousset (Colm Meaney) é o chefe – e o governo. Mas ele quer mais!… Ao se sentir ameaçado de perder o emprego por sua comprovada incompetência redacional, Duroy não vê alternativa senão a de armar o seu casamento com Suzanne Rousset (Hollyday Grainger), apesar da ira da mãe dela, Virginie Rousset.

É evidente que esse argumento estaria a exigir um roteirista criativo, não Rachel Bennette, que o assina, para expô-lo dentro de uma linguagem mais moderna do que as catorze versões anteriores do livro para o cinema e de inúmeras outras para a televisão. Nada disso, porém, é o que acontece. O método expositivo de Bennette é pobre e sem recursos técnicos. Por falta de objetividade, ela desiste da tentativa inicial de tecer um paralelismo entre a fase de prestígio do protagonista como frequentador dos grandes salões parisienses com a da pobreza, em que ele vivia numa espelunca ao chegar do interior.

Declan Donellan e Nick Ormerod, os diretores, egressos do teatro, se saem bem no trabalho que realiza apenas com as atrizes, as três talentosas e bonitas, servidas por figurino de Odile Dicks-Mireaux e ambientação de Szuzsanna Bordérg, de muito bom gosto e adequados para a época. Note-se, por exemplo, a sequência em que Duroy seduz Virginie, que tem lugar no interior da Igreja de la Madeleine. Na pele de Virginie, Kristin-Scott Thomas, além de estar muito bem vestida, expressa , com extrema naturalidade, o estado emocional da personagem, que, apesar de já esperar ser cortejada por Duroy, como o foram suas duas mais íntimas amigas, se mostra surpresa que isso lhe aconteça, enquanto está rezando, contrita, na igreja. É certo que a sequência seria perfeita, se o intérprete de Duroy fosse outro, jamais Robert Pattinson, que sofre de um mal incurável: canastronice aguda!…Ele é, sem dúvida, um dos piores atores da atualidade.

REYNALDO DOMINGOS FERREIRA

Roteiro, Brasília, Revista

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FICHA TECNICA

Bel-Ami – O Sedutor

Bel-Ami

Reino Unido/ 2012

Duração -102 minutos

Direção -Declan Donellan e Nick Ormerod

Roteiro – Rachel Bennette, com base no romance”Bel-Ami” de Guy de Maupassant

Produção – Uberto Pasolini

Fotografia – Stefano Falivene

Trilha Sonora – Lakshman Joseph De Saram

Edição – Gavin Buckley e Masahiro Hirakubo

Elenco – Robert Pattinson (Georges Duroy), Uma Thurma (Madeleine Forestier), Christina Ricci (Clotilde de Marelle), Kristin-Scott Thomas (Virginie Rousset), Philip Glenister (Charles Forestier),

Colm Meaney (Monsieur Rousset), Hollyday Grainger (Suzanne Rousset).

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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