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Crítica do filme Meia Noite em Paris, de Woody Allen


Na atual mudança que promove em suas paisagens – em que já trocou Nova York por Londres e por Barcelona -, Woody Allen cria, em Meia-Noite em Paris, uma comédia romântica, baseada no ideal literário de um escritor americano em relação à capital francesa, o qual faz uma incursão no tempo, em que nela viveram figuras, como Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald , T. S. Eliot e Cole Porter.

O roteiro, como sempre, do próprio Woody Allen, narra a história de Gil Pender (Owen Wilson), um bem-sucedido roteirista que, pretendendo escrever seu primeiro romance, está em Paris, em férias, com a noiva, Inez (Rachel McAdams) e seus pais – John (Kurt Fuller) e Wendy (Mimi Kennedy). Ela não está nada satisfeita com a ideia do noivo de deixar sua lucrativa profissão em Hollywood para se aventurar na literatura.

Para dar início à narrativa, Woody Allen, quebrando um tabu, inunda a tela de cartões postais, que mostram, por novo processo de coloração digital, os mais diversos e famosos pontos turísticos da capital da França ora sob o sol, ora sob a chuva, em horas matinais, vespertinas ou noturnas. Fascinado por tudo o que vê, Gil diz à noiva que sua preferência é por caminhar sob a chuva pelas ruas da cidade, o que causa estranheza nela e nos pais, que, em vista disso, regressam, sem ele, de táxi, ao hotel.

Ao acaso, Inez é abordada por seu antigo namorado, Paul Bates (Michael Sheen), que também está na cidade com a mulher, Carol Bates (Nina Arianda). Os dois casais combinam de sair juntos em visita aos museus. No primeiro deles, o Rodin, Paul tenta mostrar sua erudição, ao dizer que o escultor se inspirou em sua esposa, Camille Claudel, para realizar a sua obra. Ele é prontamente contestado pela guia do museu (Carla Bruni Sarkozy), a qual esclarece que Camille não era esposa, mas amante do artista.

Indisposto com a companhia dos Bates, Gil, em discordância igualmente com Inez, rejeita o convite deles para ir dançar. Prefere caminhar solitário pelas ruas de Paris, quando lhe aparece, num carro, cercado de amigos, Ernest Hemingway (Corey Stoll), que o convida a participar de uma noitada, como as da década de vinte, das quais participava. Gil então conhece Gertrude Stein (Kathy Bates), F. Scott Fitzgerald (Tom Hiddleston) e sua mulher, Zelda (Alison Pil), Cole Porter (Yves Heck), Josephine Baker (Sonia Rolland), Pablo Picasso (Marcial Di Fonzo Bo) e Adriana (Marion Cotillard).

É por Adriana, que havia sido amante de Picasso, de Modligliani e de Hemingway, que Gil mais se entusiasma até o momento em que ela sente necessidade de se deslocar mais ainda da sequência temporal para viver na Paris da Belle Époque, aceitando, portanto, os convites que lhe fizeram Paul Gauguin (Olivier Rabourdin) e Edgar Degas (François Rostand). Essa técnica de rebeldia contra a perspectiva tradicional – patente tanto na pintura como na literatura – não é novidade na obra de Woody Allen, bastante repetitivo, que já a usara em A Rosa Púrpura do Cairo (1985).

Empregada agora, com graça e habilidade, essa técnica parece ter por motivação contestar os que afirmam ser Paris É Uma Festa o livro – no qual foi calcado o roteiro – mais anacrônico de Hemingway. Tanto assim que Gil, em dado momento, num solilóquio, pontuado pela música de Cole Porter, cita Faulkner para expressar que o passado nunca morre. Sob esse aspecto, a interpretação de Owen Wilson é notável, já que pelo físico, pelo gestual e pela entonação de voz, ele é o próprio Woody Allen em cena. Marion Cotillard, como Adriana, está esplêndida. Todos os demais, em rápidas aparições, captam bem a natureza de suas respectivas personagens, com destaque para Rachel McAdams, como Inez, Kathy Bates, como Gertrude Stein, e Corey Stoll, como Hemingway.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
MEIA-NOITE EM PARIS
MIDNIGHT IN PARIS
EUA/2011
Duração – 100 minutos
Direção – Woody Allen
Roteiro – Woody Allen
Produção – Letty Aronson, Jaume Roures e Stephen Tenenbaum
Fotografia – Johanne Debas e Dariyus Khondji
Trilha Sonora – Woody Allen
Edição – Alisa Lepselter
Elenco – Owen Wilson (Gil Pender), Rachel McAdams (Inez), Marion Cotillard (Adriana), Kurt Fuller (John), Mimi Kennedy (Wendy), Michael Sheen (Paul Bates) Kathy Bates (Gertrude Stein), Corey Stoll (Ernest Hemingway), Carla Bruni Sarkozy (Guia de Museu), Nina Arianda (Carol Bates),Tom Hiddleston (F. Scott Fitzgerald), Alison Pil (Zelda), Yves Heck (Cole Porter), Sonia Rolland (Josephine Baker), Marcial Di Fonzo Bo ( Pablo Picasso), Oliver Rabourdin (Paul Gauguin), François Rostand (Edgar Degas).

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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