quinta-feira, novembro 21, 2024
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Crítica do filme Para Roma, com Amor

Woody Allen está de volta como escritor, diretor e ator, em Para Roma, Com Amor (To Rome With Love), comédia romântica, que reúne, na Cidade Eterna, americanos e italianos, alguns residentes, outros visitantes, em episódios mais ou menos distintos, narrados num ritmo vivaz e pontuados pela música popular e lírica da Itália.

A despeito de ser anunciado como sendo esses episódios inspirados ou extraídos do Decamerão, de Giovanni Boccaccio, o que se vai perceber, na verdade, é que não existe nenhuma relação deles com a famosa obra literária. No geral, refletem, sim, apesar da comicidade provocada pelo diálogo, sempre inteligente e ferino, a preocupação de Allen ante a eventualidade de uma breve aposentadoria, tendo em vista o avanço de sua idade (76 anos).

É com esse sentimento que Allen, o ator, desenha a personalidade de Jerry, produtor e diretor teatral, morador de Nova York, marido de Phyllis (Judie Davis) e pai de Hayley (Alison Pill), em visita à cidade para conhecer o namorado da filha Michelangelo (Flavio Parenti), socialista, que se diz “advogado dos oprimidos”, e seus pais, Giancarlo (Fabio Armiliato), dono de uma funerária, e Sofia (Monica Nappo).

Ao visitar o casal, Jerry, embevecido, ouve Giancarlo, cantando, no banheiro, uma ária da Tosca, de Puccini. Como já dirigiu a montagem de óperas, nos EUA, ele decide, a fim de afastar a possibilidade de vir a ter uma vida ociosa na aposentadoria, agenciar a carreira de Giancarlo, nos grandes teatros do mundo, por considerá-lo um novo Caruso. Mas, com essa ideia, ele contraria o futuro genro, que não vê essas maravilhas na voz do pai. Ou melhor, segundo Michelangelo, o pai só canta para uso doméstico.

A única ligação, que se dá entre os episódios, é quando Jerry e Giancarlo, com as respectivas famílias, encontram, num restaurante, um ator famoso, Luca Salta (Antonio Albanese), acompanhado de Milly (Alessandra Mastronardi), esposa do casto e puro Antonio (Alessandro Tiberi), que perdeu o rumo do hotel, ao procurar uma loja de modas para comprar o vestido, a ser por ela usado logo mais, à noite. No caminho – enquanto o marido dela é vitima, no apartamento, de inesperado assédio de uma prostituta, Anna (Penélope Cruz) -, Milly se depara com o ator de sua admiração, Salta, e aceita convite dele para almoçar. O casal, Antonio e Milly, veio do interior para atender o convite de parentes, que tencionam fazer a ele proposta de magnífico emprego em Roma.

Paralelamente a isso, um estudante de arquitetura, Jack (Jesse Eisenberg) conhece perto da rua, em que mora, um arquiteto famoso, John (Alec Baldwin), que está em Roma de bobeira, sem nada a fazer, nem turismo. Ao saber que John, quando estudante, morou na mesma casa em que reside, Jack o convida a subir para conhecer sua namorada Sally (Greta Gerwig) e tomar, com eles, um café. A John, ele confidencia estar temeroso do que lhe possa acontecer, pois Sally espera a chegada de uma amiga, a atriz Monica (Ellen Page), que, só pelo nome, já lhe antecipa ser muito sensual. John aceita acompanhá-los na visita aos pontos turísticos da cidade para aconselhar Jack (ou ser seu santo protetor) de como deve proceder em suas aventuras amorosas.
O mais crítico dos episódios é o de Leopoldo (Roberto Benigni), um cidadão comum que, por ser entrevistado pela apresentadora de televisão, Marisa Raguso (Marta Zoffoli), sobre como é o seu café da manhã, se torna famoso, da noite para o dia, sendo perseguido por uma chusma de azafamados repórteres, fotógrafos e cinegrafistas a lhe formularem as mais estapafúrdias indagações sobre sua vida privada, até mesmo sobre o modelo da cueca que veste.

Como já o fizera em Celebridades (1998),Woody Allen bate forte nos meios de comunicação de massa, que, segundo ele, transformam pessoas imbecis em ídolos das multidões. De sua crítica não escapam atores e atrizes, principalmente elas que, ao desfilarem, como Pia Fusari (Ornella Muti), pelos tapetões vermelhos de Cannes e de Los Angeles, ostentando roupas de figurinistas famosos, não demonstram para o grande público o quanto são burras, ocas e vazias. Os atores, integrantes do elenco, sem nenhum destaque, estão todos razoavelmente bem.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
www.theresacatharinacompos.com
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FICHA TÉCNICA
PARA ROMA, COM AMOR
TO ROME WITH LOVE
EUA, Itália, Espanha (2012)
Duração – 112 minutos
Direção – Woody Allen
Roteiro – Woody Allen
Produção – Letti Alonso, Stephen Tenenbaum,Giampaolo Letta, Faruk Alatan
Fotografia – Darius Kondji
Trilha Sonora – Goffredo Gibellini
Edição – Alisa Lepseller
Elenco – Woody Allen (Jerry), Alec Baldwin (John), Roberto Benigni (Leopoldo), Fabio Armiliato (Giancarlo), Penélope Cruz (Anna), Antonio Albanesi (Luca Salta), Judy Davis ( Phyllis), Jesse Aisenberg (Jack), Ellen Page (Monica), Alessandra Mastronardi (Milly), Ornella Muti (Pia Fusari), Flavio Parenti (Michelangelo), Greta Gerwig (Sally), Marta Zoffoli (Marisa Raguso)

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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