quinta-feira, novembro 21, 2024
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Crítica do filme: "Um Sonho Possível"

Por Reynaldo Domingos Ferreira

Veja aqui o trailer do filme

A consagração de Sandra Bullock com o Globo de Ouro e com o Oscar, de Melhor Atriz, além de imerecida, não contribui em nada para promover Um Sonho Possível, de John Lee Hancock. Trata-se de uma história adocicada, repleta de chavões, de um jovem negro pobre, que recebe acolhimento de uma família rica, em Memphis, no Arizona e, para nenhuma surpresa, acaba por se tornar uma grande estrela do futebol americano. Escrito e dirigido por Lee Hancock, com base no livro The Blind Side – Evolution of a Game, de Michael Lewis, o filme, do tipo edificante, narra de forma mais sensaborona possível a maneira pela qual Michael Oher (Quinton Aron), um morador de rua, é acolhido pelo generoso casal Tuohy – Sean (Tim McGraw) e Leigh Anne (Sandra Bullock) – numa noite de chuva e frio, abandonado pela mãe Denise Oher (Adriane Lenox), viciada em crack. O casal se compadece de Michael ao saber ser ele da mesma sala de aula de sua filha Collins (Lily Collins) num colégio de orientação religiosa. A esse colégio ele fora levado por alguém que já lhe identificara talento para as práticas esportivas, melhor dizendo, para o violento futebol americano. Leigh Anne prepara então o sofá da sala, de dez mil dólares, para o seu hóspede dormir. Mas se inquieta depois, no quarto, conversando com o marido, temerosa de que Michael pudesse fugir, de madrugada, levando com ele objetos valiosos de seu luxuoso lar. No dia seguinte, Leigh Anne se espanta ao ver o sofá vazio e, sobre ele, lençóis e cobertores cuidadosamente dobrados. Ela percebe que Michael se foi, mas, ao abrir a porta de entrada da casa, vê que ele não ia longe. Chama-o de volta para tomar o café da manhã com a família. Por coincidência, era aquele o dia de Ação de Graças!… A partir daí, Leigh Anne, que é promotora, procura se inteirar da situação de Michael no colégio, e de sua potencialidade como jogador de futebol. Por sua vez, o marido dela, Sean, ex-jogador de basquete, começa a acompanhar os treinos de Michael para incentivá-lo. Mas é Leigh Anne, numa cena pouco convincente, quem bota o técnico da equipe de escanteio para “ensinar” a Michael como ele deve se relacionar, em campo, com os demais jogadores. Em outra sequência mais ou menos do mesmo nível, ela, importunada por ouvir palavrões na platéia de um jogo, esbraveja contra um espectador que, impassível, por incrível que pareça, não lhe dá qualquer resposta. Mas não fica só nisso. No setor mais pobre da cidade, onde morava Michael com a mãe, ela também se mete a enfrentar desocupados que a provocam na rua, sem que haja também reação da parte deles. Ressalvado o caráter altruísta do argumento, o roteiro de Lee Hancock é simplista, por exemplo, na formulação de situações que evidenciam a pressão social que se exerce sobre o casal Tuohy por adotar um jovem negro, e também repleto de lugares comuns nas soluções dadas para mostrar a ascensão de Michael como futebolista. Além disso, é pouco esclarecedor no que tange à orientação das universidades quanto a recrutamento de talentos para integrar seus quadros esportivos. Como diretor, Lee Hancock esquematiza o seu trabalho, sem nada fazer de criativo, pelo menos, para evitar que o espectador saiba, desde o início, tudo o que vai acontecer ao final. A atuação de Bullock se destaca pelo seu esforço em mostrar uma personagem, Leigh Anne, voluntariosa, que age por impulso, mas sempre de forma generosa. Isso enternece o coração do público americano. E como as premiações são quase sempre resultantes da aceitação na bilheteria, é evidente que outras composições interpretativas de mais apuro técnico teriam de ser, como o foram, preteridas. O que não se compreende é o fato de Bullock, detentora dos dois prêmios, em sua categoria, mais famosos do cinema dos EUA, haver sido galardoada também, de forma simultânea, com o indesejável título alternativo de Pior Atriz do Ano. Alguma coisa, pelo que se deduz, deve estar errada em tudo isso!… Mas o elenco conta com uma revelação importante. É a do garoto Jae Head (S.J.), o caçula da família Tuohy, que ajuda a “negociar” a difícil decisão de Michael sobre a qual time universitário deverá se integrar. Trata-se de um talento nato a ser preparado para se tornar um grande ator. Tim McGraw, que, ao que consta é também cantor de música country, no papel de Sean, e Quinton Aron, como Michael, convencem pouco. E a premiada atriz Kathy Bates, lamentavelmente, quase nada tem a fazer em cena. REYNALDO DOMINGOS FERREIRA ROTEIRO, Brasília, Revista www.theresacatharinacampos.com www.arteculturanews.com www.noticiasculturais.com www.politicaparapoliticos.com.br www.cafenapolitica.com.br FICHA TÉCNICA UM SONHO POSSÍVEL THE BLIND SIDE EUA/2009 Duração – 128 minutos Direção – John Lee Hancock Roteiro – John Lee Hancock com base no livro The Blind Side: Evolution of a Game, de Michael Lewis. Produção – Broderick Johnson, Andrew A. Kasov, Gil Netter Fotografia – Alar Kivilo Música – Carter Burwell Edição – Mark Livolsi Elenco – Sandra Bullock (Leigh Anne Tuohy), Tim McGraw (Sean Tuohy), Quinton Aaron (Michael Oher), Joe Head (J.S. Tuohy), Lily Collins (Collins Tuohy), Adriane Lenox (Denise Oher), Kathy Bates (Mis Sue).

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Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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