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Crítica do filme W.E. O Romance do Século

Para escapar da complexidade da história da abdicação ao trono britânico do Rei Eduardo VIII por causa da mulher que amava, a diretora Madonna preferiu, em W.E. O Romance do Século – pretenso seguidor do êxito de O Discurso do Rei – traçar um paralelo entre a americana duas vezes divorciada Wallis Simpson, que seduziu o monarca ao início dos anos de 1930, e Wallis Winthrop, sua admiradora, que viveu seis décadas mais tarde.

O roteiro, escrito por Madonna, em colaboração com Alek Keskishian, ao formato do de Julia e Julie (2009), é, por isso, de um vaivém incontrolável, confuso e absolutamente equivocado no que diz respeito à fixação do controverso perfil de Wallis Simpson (Andrea Riseborough), mais conhecida como Duquesa de Windsor. Ela é retratada – é verdade que sob a ótica de outra Wallis – como frágil criatura, o que parece nunca ter sido. Foi, sim, segundo os cronistas atuais, uma mulher dominadora, ambiciosa, que disputava com as estrelas do cinema a luz dos holofotes e as manchetes dos jornais.

No decorrer de 1998, Wallis Winthrop (Abbie Cornish), frustrada esposa de um médico (Richard Coyle), que vive solitária, em seu apartamento, em Nova York, sem nunca saber do paradeiro do abrutalhado e ineficiente marido, sente-se cada vez mais atraída pelo romance do Duque e da Duquesa de Windsor, que procura conhecer em detalhes. Em flashback, são mostrados os principais fatos ocorridos na vida do casal, mas de maneira a destacar não o lado do Duque, mas o da Duquesa. O objetivo, portanto, perseguido por Madonna, é claramente feminista.

Ao visitar uma exposição, em Manhattan, dos bens deixados pelo casal, Wallis muito elegante e bonita, desperta o interesse de um segurança, Evgeni (Oscar Isaac), que, aos poucos, acaba levando-a para casa, depois de encontrá-la, no apartamento, ferida pelos espancamentos sofridos do marido. Evgeni é russo de origem, viúvo e bom pianista. Ele a incentiva a frequentar os leilões da Sotheby, onde trabalha, para arrematar bens do casal Windsor. E, mais tarde, a ir a Paris a fim de obter permissão de um colecionador (Mofarrej) para ler a correspondência de Wallis Simpson, que não estava à venda.

Como diretora, Madonna descuida da narrativa, que, entretanto, não é de todo desastrosa, para cuidar do visual, no que diz respeito à fotografia de Hagen Bogdanski, à ambientação, e ao figurino, indicado ao Oscar, que perdeu para O Artista (as duas Wallis usam modelos desenhados por Balenciaga, Christian Dior, Madeleine Vionnet e Elsa Schiaparelli). Ela compõe também algumas cenas de belo efeito estético, como a do passeio de Wallis Winthrop numa rua de Nova York tomada por uma infinidade de guarda-chuvas e outra em que a mesma personagem, ao ouvir Evgeni ao piano, imagina os dois dançando em volta. A trilha sonora de Abel Korzeniowski não é ruim, mas passa um tanto despercebida.

É evidente que as atrizes, intérpretes das duas Wallis – a australiana Abbie Cornish (Candy, 2006) e a inglesa Andrea Riseborough, mais conhecida no teatro britânico -, dominem a cena. Ambas são muito bonitas e, percebe-se, procuram encarnar suas respectivas personagens com elegância e, ao mesmo tempo, dotá-las de uma razoável dose de fragilidade, de acordo com o que lhes exige o roteiro de Madonna.
O ator britânico James D´Arcy (Wilde, 1997), que interpreta o papel do Duque de Windsor, apesar da semelhança física que tem com a personagem, convence pouco. Dos homens, o melhor desempenho é, sem dúvida, o do guatemalteco Oscar Isaac, como Evgeni, de marcante presença. Ele já demonstrara talento antes em Che e, em Drive, como Standard, marido de Irene, interpretada por Carey Mulligan.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
W.E. O ROMANCE DO SÉCULO
W.E. THE ROMANCE OF THE CENTURY
Reino Unido (2011)
Duração – 119 minutos
Direção – Madonna
Roteiro – Madonna e Alek Keskishian
Produção – Madonna, Kris Thykier, Colin Vaines e Sara Zambreno
Fotografia – Hagen Bogdanski
Trilha Sonora – Abel Korzeniowki
Edição – Danny B. Tull
Elenco – Abbie Cornish (Wallis Winthrop), James D´Arcy (Duque de Windsor), Andrea Riseborough (Wallis Simpson), Oscar Isaac (Evgeni), Richard Coyle (Dr. Whinthrop),

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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