As presenças do escritor peruano-espanhol Mario Vargas Llosa e do ex-premier da Espanha José María Aznard, numa reunião da direita mundial, que se realiza na cidade de Rosário, reduto dos ruralistas na Argentina, foram ofuscadas pelo comparecimento maciço dos donos da mídia venezuelana que perpetraram o golpe de Estado contra Hugo Chávez, em 2002. Lá estavam, entre outros, Marcel Granier, proprietário da ex-RCTV e o diretor do jornal El Nacional, Miguel Henrique Otero. Outros donos de jornais e televisão, inclusive do Brasil, também participam dos debates.
A reunião tinha como estrela principal a blogueira cubana Yoani Sánchez, que não compareceu, levantando mistério em torno de seu paradeiro, já que sumiu do noticiário depois de sua estrepitosa visita ao Brasil, em março último. Yoani também cancelou um encontro que teria no último dia 9, terça-feira, em Porto Alegre. Organizado pelas principais fundações dos Estados Unidos e Espanha, a reunião, que ocorre às vésperas da eleição do sucessor de Chávez (domingo, dia 16), o encontro tem como foco se contrapor aos governos progressistas da região, sobretudo ao da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, transformada no alvo principal das investidas midiáticas, depois da morte do líder bolivariano.
O jornal La Jornada do México anotou “não ser casual a presença de Marcel Granier, presidente da RCTV, a cadeia venezuelana que desencadeou o golpe contra Chávez, entre outros atos. Agora, (os participantes) juntam sua condenação ao projeto de democratização da justiça argentina, que tem “horrorizado”Vargas Llosa, este se referindo sempre a uma reviravolta em direção ao “totalitarismo de esquerda” da presidenta Fernanda de Kirchner.
A reunião ainda trataria do lançamento de um Partido Popular latino-americano com fundamentos doutrinários no “direitista e franquista Partido Popular da Espanha”, como assinala o jornal mexicano, em matéria asssinada pela correspondente Stella Calloni, que ainda informa: “Os discursos giram em torno de insultantes considerações sobre o falecido presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e dos governantes Evo Morales, da Bolívia, Rafael Correa, do Equador, e da presidenta argentina Cristina Fernandes de Kirchner, que foi atacada por Vargas Llosa e outros que preconizam que o governo dela propõe uma “ditadura de esquerda”. Evidentemente que Aznar não faz referência à dramática situação de seu país e seu partido baixo severas investigações por corrupção e outros delitos”. Por fim,
La Jornada fala do promotor da reunião, a Fundación Libertad, financiada pelos ruralistas argentinos, instituição que também comemora seus 25 anos de existência: “A Fudnación Libertad (FL), que tem sua sede principal em Rosário, cidade estratégica como polo de recursos alimentares, está ligada estreitamente à Fundación Heritage, à Agência Internacional para o Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID), a National Endowment Foundation (NED), que se traduz para a região como Fundação para o Desenvolvimento da Democracia, mesmo tendo participado de todos os golpes de Estado (fracassados ou não), como vem sendo demonstrado em vários países da América Latina, especialmente na Venezuela e na Bolívia”.
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