O embaixador do Equador no Brasil, Horácio Sevilla Borja, enviou carta ao diretor do jornal O Globo, Marcello Moraes, solicitando “erradicação das acusações temerárias sem provas”, contidas no editorial do jornal do último dia 9 de fevereiro. Considera o embaixador “os fatos contradizem a versão do comentário sobre democracia e ditadura no Equador, e sobre direito à liberdade de imprensa que o Governo equatoriano respeita e defende”.
O Globo, juntamente com outros jornais brasileiros e latino-americanos, vem se desatando uma série de reportagens denegrindo a imagem do atual presidente do Equador, assim como ocorre com os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Argentina, Cristina Kirchner, da Bolívia, Evo Morales, e da Nicarágua, Daniel Ortega, eleitos democraticamente com larga margem de votos sobre seus adversários.
“Brasília 13 de fevereiro de 2012
Ao Senhor Marcello Moraes
Diretor Geral do “O Globo”
Rio de Janeiro – RJ
Senhor Diretor:
A eleição do economista Rafael correa como Presidente da República há cinco anos transformou radicalmente o Equador. Em primeiro lugar trouxe a tão desejável estabilidade política após dez governos na década passada. Por outro lado, vivemos um aprofundamento do sistema democrático: nos cinco anos de Governo do Presidente Rafael Correa a população participou por sete vezes através das urnas para eleições de Presidente, da Assembleia Constituinte, Parlamento, Governos Locais, assim como plebiscitos constitucionais e consultas populares, processos nos quais a coligação do Governo tem triunfado por amplas maiorias em eleições impecáveis com observação internacional. Em terceiro lugar, o Equador conta com uma nova Constituição e um Plano de Desenvolvimento que tem possibilitado um sustentável crescimento econômico – dos mais altos da região – e conquistas sociais transcendentais como a redução da pobreza, da iniquidade e do analfabetismo.
Durante este processo de profundas mudanças o Presidente da República tem enfrentado poderosos interesses vinculados à injusta ordem anterior, que tem chegado inclusive a uma tentativa de golpe de estado e a graves calúnias públicas contra sua honra pessoal. Em um diário de circulação nacional, o Presidente foi acusado de haver ordenado ao exército que atirassem contra civis inocentes no interior de um hospital, que é um crime de lesa humanidade. Em um livro ele foi acusado de ter conhecimento e autorizado atos de corrupção em contratos governamentais. O Presidente exigiu dos autores provas das calúnias além da retificação e desculpas públicas, solicitação esta que não foi atendida, pelo qual apresentou querela ante os Tribunais de Justiça que no Equador são autônomos e independentes, do mesmo modo que qualquer cidadão comum que tenha sido difamado maliciosamente apresentaria.
Considero portanto que os fatos contradizem a versão do comentário editorial do “O Globo” do dia 9 de fevereiro do mês em curso sobre democracia e ditadura no Equador, e sobre direito à liberdade de imprensa que o Governo equatoriano respeita e defende ao mesmo tempo em que solicita a erradicação das acusações temerárias sem provas, visto que os cidadãos possuem também o direito de receber as informações verazes.
Portanto, lhe serei grato ao publicar este esclarecimento para que o amigável povo brasileiro que lê este importante diário conte com todas as informações pertinentes. Horácio Sevilla Borja, Embaixador do Euqador”