Aldo Arantes, um dos maiores especialistas em representatividade, inclusive por uma longa vivência nas lutas sociais e partidárias, considera que o Brasil só vai avançar quando fizer uma reforma política de fundo.
No seu livro,”Reforma Política e Novo Projeto para o Brasil” (a ser lançado na terça-feira, 22/11/2016, às 10 horas da manhã, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília), ele procura mostrar como uma reestruturação das instituições vai assegurar as conquistas nacionais, agora ameaçadas.
Nesta entrevista, o Café na Política quis saber, em primeiro lugar, de sua experiência como presidente da UNE, no distante ano de 1961. Por que? Porque foi ali que os estudantes compreenderam que sua participação era fundamental, naquele país ainda sem formas orgânicas de luta. A presidência da UNE deslocou-se então para Porto Alegre, onde Leonel Brizola pôs abaixo o golpe contra o vice-presidente João Goulart, congregou intelectuais e artistas num dos maiores movimentos culturais, organizando 200 debates por todo o território e desencadeou os movimentos de base e de alfabetização, que marcaram o governo Jango.
Deputado federal por diversos mandatos, ele integrou as várias comissões parlamentares de reforma política, que acabaram naufragando por conta da deposição do governo Dilma Rousseff. Por isso ele adverte que a reforma agora pretendida pelo governo Temer “é a contra reforma, é a anti-reforma”, pois, no fundo, “o que quer é restabelecer o Caixa 2 e o financiamento privado de campanha”, que ele considera as principais fontes da corrupção.
Aldo Arantes ainda aponta como realidade nefasta “o crescimento do nazifascismo no Brasil e no mundo”, mas, ao mesmo tempo, constata o ressurgimento do movimento estudantil através das ocupações de escolas.
Por fim, o eterno líder estudantil , alerta para a necessidade de as forças progressistas se empenharem na politização da sociedade. Este foi um dos erros capitais que atribui a Lula e Dilma, cujos avanços sociais compara com os de Vargas, Goulart e Brizola: “É preciso combinar a luta concreta e imediata com o processo de politização, para que as pessoas compreendam o que está se passando”.