(Publicado originalmente em Sáb, 27 de Dezembro de 2008 08:19)
(Inicialmente postado em 16/09/2008 – 10:25 PM) O novo livro do historiador e cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira “Fórmula para o Caos – a derrubada de Salvador Allende”, lançado pela Civilização Brasileira (Record), surge num momento em que mais se identificam os recentes distúrbios na Bolívia e na Venezuela com o golpe patrocinado pela CIA no Chile, no primeiro 11 de setembro, aquele de 1973.
Não foi à toa que partiu de Moniz Bandeira, em artigo, em 2007, na Folha de S. Paulo, a denúncia de que o embaixador dos Estados Unidos, Phillip Goldberg, expulso pelo presidente Evo Morales, também na data emblemática de 11 de setembro, só que deste ano de 2008, foi escolhido para o que chamou de “balcanização da Bolívia”.
Dizia então Moniz Bandeira: “Esse diplomata tem experiência em conflitos étnicos e tendências separatistas, que irromperam no Leste europeu após a desintegração da Iugoslávia. Ele trabalhara na questão da Bósnia, no Departamento de Estado, de 1994 a 1996; fora assistente especial do embaixador Richard Holbrooke, o artífice da desintegração da Iugoslávia; e servira como chefe da Missão dos EUA em Prístina, Kosovo (2004-06), onde orientou a separação dos Estados da Sérvia e Montenegro, após haver sido ministro conselheiro na Embaixada dos Estados Unidos em Santiago do Chile (2001-04).
Por essas razões, “a suspeita em La Paz é de que ele foi designado a fim de conduzir o processo de separação de Santa Cruz de la Sierra, caso ela ocorra, após a aprovação da nova Constituição e em meio à exacerbação das tensões étnicas, sociais e políticas, aguçadas pelo choque de interesses econômicos das distintas regiões da Bolívia”, conclui Luiz Alberto Moniz Bandeira.
O novo livro – A partir de inédita documentação, incluindo dados obtidos nos arquivos do Centro de Informações do Exército (Ciex), do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) e do próprio Itamaraty, Moniz Bandeira mostra que o Brasil, mesmo secundariamente, teve participação no golpe, cujo apoio preponderante foi dos Estados Unidos.
A participação do Brasil, de acordo com Moniz, só é mais efetiva após a consumação do golpe. Além de ter sido o primeiro país a reconhecer a junta militar chilena, mandou para lá militares e policiais e abriu o caixa do Banco do Brasil, com uma linha de crédito de 200 milhões de dólares.
Em “Fórmula para o Caos”, o cientista político estuda as causas internas e externas da deposição do presidente Salvador Allende. Segundo Moniz Bandeira, o golpe foi marcado para 11 de setembro para coincidir com a localização de esquadra norte- americana nas proximidades das águas chilenas, a pretexto das manobras de treinamento da Operação Unitas XIV. Diante da expectativa de guerra civil, os marines desembarcariam com o propósito de “salvar vidas americanas”.
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