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FURACÃO SOBRE O BRASIL – Os Riscos do Neoliberalismo

Geniberto Paiva Campos (*) – Brasília, DF, 04 de setembro, 2016
(Foto: Antônio Augusto/CD)

“Um país que admite um golpe desta natureza carece de saúde mental”-
(Mino Carta, setembro,2016)

UM PAÍS VULNERÁVEL – PÁTRIA DISTRAIDA
Um furacão se abateu sobre o Brasil. E nem todos perceberam.
O dia 31 de agosto de 2016 ficará marcado no calendário político brasileiro como a data na qual foi consumado o tosco Golpe jurídico – parlamentar que afastou o país do caminho da Democracia. E o aproximou das trevas do Totalitarismo. Exagero?
Uma semana antes de completar 194 anos da sua independência de Portugal (7 de setembro de 1822, nos lembramos todos, com o simbólico Grito do Ipiranga, de D. Pedro I), o Brasil resolveu abdicar da sua condição de país livre e soberano. Quando o Congresso Nacional decidiu embarcar na aventura do Neoliberalismo. Sistema que não sobrevive nos regimes democráticos. E somente floresce nos jardins do autoritarismo. E provoca desemprego. E reduz salários. Enfim, é contra os pobres. A favor da desigualdade.
Em pouco mais de duas gerações três golpes de estado – 1954, 1964,2016 – são registrados na nossa história contemporânea. Em todos pagamos o alto preço da perda da liberdade e do inexorável afastamento dos padrões civilizatórios.
Talvez, o golpe de 2016 seja, entre todos, o que induz os maiores perigos.
Atingindo, mais uma vez, e lamentavelmente, o ponto de ruptura da Democracia.
E mais uma vez, o desatento povo brasileiro – sob a permanente manipulação da Mídia – pagará o preço elevado da ausência de liberdade, do direito à livre manifestação e privado da decisão soberana e independente da população em eleições, plebiscitos e outras formas do escrutínio democrático.
Novamente cabe a pergunta: exagero?
Em seu clássico “Origens do Totalitarismo” (1), Hanna Arendt argumenta que a humanidade parece estar dividida “entre os que acreditam na onipotência humana (e que julgam ser tudo possível a partir da adequada organização das massas num determinado sentido), e os que conhecem a falta de qualquer poder como a principal experiência de vida. ”
Seríamos nós brasileiros apenas um suave rebanho de dóceis carneirinhos? A fazer tudo que seu Mestre mandar? Submetidos à permanente manipulação da Mídia, na direção que mais interessar aos seus proprietários. Incapazes de um mínimo de avaliação crítica de uma pauta política tosca, grotesca em seus conteúdos. Como animais de laboratório assimilando antigos conceitos comportamentais pavlovianos: ao ver a cor vermelha começa a salivar; bandeiras vermelhas rosna; diante da logomarca do Partido dos Trabalhadores fecha o punho e avança. E acredita, ingenuamente, que “corrupção é coisa do PT”. Uma aula de cidadania e alta política. Pelo avesso. A Mídia formando a sua “cidadania”.

A QUEM INTERESSA O ESTADO NEOLIBERAL?

Denominar o projeto neoliberal a ser aplicado no Brasil de “Ponte para o Futuro” é de uma ironia cruel. Sem piedade. E de uma falsidade que não se sustenta na vida real. Se não no “wishfull thinking” dos novos donos do poder. Ou na leviana intenção de iludir a população brasileira. Presumivelmente otária. Fácil de enganar. Capaz de acreditar em mentiras incansavelmente repetidas.
Em sua curta existência histórica o Neoliberalismo não se sustenta em suas próprias pernas. Seus resultados na área econômica são pífios. Negativos. Desanimadores. Cai o PIB. E a renda per capita. Aumenta a pobreza.
Sem exagero, pode-se afirmar que está em curso um complô sinistro para implantar o Neoliberalismo no Brasil. Sem a necessária, obrigatória convocação do eleitorado para dar o aval da cidadania a tão ameaçador projeto.
Após o golpe que afastou a presidente eleita legitimamente pela maioria dos brasileiros, impõe-se o implante, a toque de caixa, de um sistema equivocado, que simplesmente não deu certo em nenhum lugar do mundo.
Pouco importa o julgamento moral da equipe que assumiu o poder, juntamente com o novo presidente. Se eles são fichas limpas ou sujas. Importa sim, avaliar os seus nefastos objetivos, qual seja o de conduzir o país para um abismo sem fim. Negando às novas gerações o futuro a que têm direito. Com educação, saúde, emprego e renda.
Priorizando a restauração do poder dos muitos ricos, em detrimento dos direitos dos trabalhadores e da soberania do país.

VAMOS FALAR DA UNIDADE DAS FORÇAS PROGRESSISTAS

Ainda impactados pelo golpe que afastou a ex-presidente Dilma Roussef do poder, perplexos e questionando como foi possível tal retrocesso, cabe, aqui e agora, um olhar sereno (e pleno de esperança) em direção ao futuro da Democracia no Brasil.
Futuro que será construído a partir das premissas básicas que irão compor o elenco de ações coordenadas do que poderemos designar como a união /frente da SOCIAL DEMOCRACIA (leia-se classes médias), com as ORGANIZAÇÕES TRABALHISTAS E SINDICAIS, com as CLASSES PRODUTORAS (empresariado), ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E PARTIDOS POLÍTICOS.
Em primeiro lugar é essencial olhar por cima da paliçada. Definir bem quem são os atuais adversários. Quais as suas forças e fraquezas. Qual o seu poderio efetivo. Com quem estão aliados. E a capacidade de se manterem unidos. Afinal, o que vem preservando a união estratégica e tática das forças neoliberais?
Registre-se, antes de tudo, que nunca foi tão fácil tomar de assalto um imenso país, uma das dez maiores economias do planeta. E, com auxílio da tropa servil da quinta coluna, abocanhar suas riquezas e a sua soberania. Algo impensável há pouco tempo atrás.
E de cambulhada, extinguir direitos trabalhistas, programas sociais, proibir manifestações populares e outros itens essenciais do estado democrático de direito. Fácil. Tremendamente fácil.
Tudo isso com a cega – e surda – cumplicidade da Justiça e com os aplausos incontidos da “grande” Mídia e os sorrisos marotos da classe política. Os novos piratas, treinados para a rapina em grande escala. Sempre sorridentes. Aparentemente austeros. Alguns disfarçadamente triunfalistas. E impunes.
Lideranças políticas ingênuas e servis. Que imaginam verdadeiros, slogans de um tempo antigo: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. E que esqueceram, convenientemente, a dura frase atribuída a J. Foster Dulles: “Os Estados Unidos não têm amigos. Têm interesses! ”
Identificado o adversário. Avaliado o seu poderio. Conhecendo a sua total ausência de escrúpulos, é possível elaborar um projeto mobilização política e de resistência democrática, e fazer o Brasil caminhar para o seu verdadeiro lugar no contexto geopolítico. Esta a tarefa. Este o desafio.
Um país dono das suas riquezas, soberano e livre. Respeitando todos os seus cidadãos.
Um lugar onde “todo poder emana do Povo e em seu nome será exercido; todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ” conforme determina a Constituição da República Federativa do Brasil.
Nessa frente que está sendo construída não haverá hegemonia de nenhum segmento. Não há caminhos predeterminados.
Os caminhos se fazem ao caminhar…
Finalmente, a pergunta que se espalha pelos muros das cidades brasileiras:
“DEMOCRACIA: QUE HORAS ELA VOLTA? ”

FORA NEOLIBERALISMO! AQUI NÃO É O SEU LUGAR!
ESTAMOS CONSTRUINDO UM PAÍS LIVRE, FELIZ E SOBERANO.

(*) Do Instituto Lampião – Reflexões e Debates sobre a Conjuntura
(1) Hanna Arendt – “Origens do Totalitarismo” – Antissemitismo, Imperialismo, Totalitarismo – Companhia de Bolso – S. Paulo – 2015

leitefo
leitefo
Francisco das Chagas Leite Filho, repórter e analista político, nasceu em Sobral – Ceará, em 1947. Lá fez seus primeiros estudos e começou no jornalismo, através do rádio, aos 14 anos.
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