Nesta entrevista ao Contracorrente, da TV Comunitária de Brasília, o embaixador da Síria no Brasil, Ghassan Nseir, falou sobre a vitória de Alepo, que praticamente assegurou o controle pelo estado nacional deste país atacado pelas grandes potências ocidentais, o governo Donald Trump e o que considera ainda ser o perigo da Turquia.
Ele falou, no dia 31/01/2017, a Beto Almeida, Carlos Augusto Setti, Chico Sant’ Anna e FC Leite Filho, com imagens de Edevaldo Pereira da Silva, Ghassan. No Brasil há três anos e meio, foi objetivo e direto. Ao ser perguntado sobre Trump, ressaltou que seu país nunca espera nada das administrações norte-americanas e que não será diferente com o novo presidente: “Se ele quiser combater o Estado Islâmico, que seja bem-vindo.”
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Na prática, a preocupação síria é maior com a vizinha Turquia. Por lá, segundo destacou, é que tem entrado armas e guerrilheiros. Além disso, o governo de do atual presidente Recep Erdogan estaria saqueando as fábricas existentes nas regiões que foram dominadas pelos terroristas.
“A paz na região depende do bom comportamento da Turquia, não deixando passar pelas fronteiras armas e guerrilheiros. Mas a Turquia quer recriar o Império Otomano”.
Para o embaixador, o desafio sírio agora é a reconstrução do país. Ainda há focos importantes de guerra e áreas ocupadas pelas forças terroristas. O país foi alvo de destruição sem proporções. Ainda não há estimativas de custos, mas para Ghassan Nseir, “a pior parte não é a reconstrução com pedras e cimento, a parte mais difícil é a reconstrução do ser humano abalado.”
Brasil – Ele ainda abordou a posição do Brasil diante do conflito: “Qual é a posição da Política Externa Brasileira em relação à Síria?, inadou algo irônico. “Não consigo entender.”
Ghassan Nseir, que é católico, diz que tem contatado as autoridades brasileiras, inclusive para apresentar oportunidade às empresas nacionais para atuarem na reconstrução de seu país, mas que não teve retorno do governo. Politicamente, esperava ele por um papel mais ativo e que o Brasil adotasse as mesmas posições políticas dos países membros do BRICS, formado pela Rússia, Índica, China e África do Sul, além do Brasil.
Esperando nesse momento que as relações bilaterais fossem “mais calorosas”, Ghassan Nseir conta que há hoje no país cerca de três milhões de sírios e, se contabilizados os que migraram desde o final do século XIX e seus descendentes, essa comunidade montaria a 17 milhões (Chico Sant’Anna).